Fazenda onde nasceu o blogueiro. Foto Luis Fernando Gomes

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segunda-feira, 18 de março de 2013

Visitantes inesperados na festa de aniversário.

Aniversário é bom. Mas de vez em quando aparecem uns convidados bem trapalhões. Olhem o que aconteceu comigo.


Visitantes inesperados na festa de aniversário.
Mário  Cleber da Silva

Era
Era  para ser uma comemoração privé. Ela e eu. Tomando o vinho italiano que meu filho mandou de presente, os queijos que a filha despachou da Suíça (sem esquecer o delicioso queijo andrelandense) e, para compensar, gostosíssimos brigadeiros, cuja origem não conto nem para meu analista. De repente, toca a campainha.
Nossa – sussurrou-me ela ao olhar pelo “olho mágico”. É a Bruna ...
- Quem? O Goleiro Bruno? Mas já está em Regime Semi Aberto? Esta justiça brasileira é bem rápida.
-  Não. É Bruna Marquezine.
- E quem é esta figura?
- Atriz da Globo, novinha , e namorada do Neymar.
- Uai, vê se o Neymar está atrás.
- Não. Ele joga é na frente.
- Engraçadinha. O vinho já está fazendo efeito? Mas isto aqui não é Projac. O que ela veio fazer aqui?
- Sei lá. Mando entrar? Sim ou não?
E ela entrou trazendo (e sendo)  um presente inesperado. Um amuleto. Um olho turco. Para dar sorte. Ela recebeu do grupo da Turquia da novela das Oito, Salve, Jorge. E, amavelmente, veio me trazer. Mas, rapidinho, ela saiu de cena. Antes, pedi que ela conseguisse uma viagem para a Turquia para mim no avião que a Gloria Perez usa para trazer tantos turcos para o Brasil e levá-los de volta. Ela me prometeu fazer o possível. Inshalá. Mal refeito do inesperado, não é que toca a campainha de novo.
- Essa, não – desta vez, ela gritou.-  Wood Allen!!
Pulei da cadeira e fui recebê-lo:
- You. I can´t believe – falei em inglês.
- Pode falar em português – corrigiu-me o cineasta -. Tenho um tradutor no ouvido. Ainda que  com medo de dar infecção. Sou hipocondríaco. Tenho manias de doença. Na verdade, venho te visitar para te dar uma bronca.
- Bronca? O que fiz?
- Você prometeu escrever um artigo sobre mim e até agora nada.
- Mas falei em meu blog sobre seu filme (favor, leitores, acessarem a  postagem do  dia 16 de julho de 2011 do meu blog para confirmar que eu estava falando a verdade).
- Você copiou – acusou.
- Mas falei a fonte.
- Não quero nem saber.
Saiu batendo a porta atrás dele.
- Soon Yi ! – gritei de raiva, falando o nome da esposa dele, para espicaçá-lo, lembrando-lhe deste fato meio obscuro.
Fiquei arrasado. Meu ídolo. Dizendo tudo isto para mim. Estava voltando para o sofá e para a taça de vinho, quando no meio do caminho (“no meio do caminho havia um vinho. Havia um vinho no meio do caminho”. Acho que vou aproveitar esta frase genial e fazer um poema)  batem à porta. Batem. Reparem bem. Não é “tocam a campainha”. Retrocedi e fui ver.
Quase, caí para trás. Ele, logo ele. Não conhece campainha, pensei. Será que naquele apartamento onde viveu e fui visitar, não tinha? De chofre, abri a porta. Estava de casaco escuro, óculos, um chapéu preto e o indefectível charuto.
- Convida-me a entrar?
- Claro, com prazer. (Nem ousei falar em alemão, já que conhecedor de várias línguas, ele entende o português e eu já tinha tido a experiência frustrada com Allen).
- Trouxe-lhe um presente.
Tirou do casaco um pequeno objeto e me entregou.
- É simples. Mas de coração. Sei que você lê meus livros, fala de mim em seus artigos, foi até minhas duas casas onde vivi e morri. Ah – ele reparou – Dois retratos meus na sua parede. Quem  pintou?
Enquanto desembrulhava, percebi que ele estava alegre de se ver nas pinturas. Uma mais jovem – em torno dos 45 anos, e outra próxima dos 80.
- Uma réplica da Esfinge? É grega?
- Ganhei de Carl  e te trouxe. Precisava reciclar alguns presentes.
- Obrigado.
Olhando minha estante de livros – entulhada, por sinal – reparou: “oh você tem o livro de minhas cartas e meu Diário. Bonita a edição. Uai, e essa raquete que tem o meu rosto?”
Antes de eu responder, achando curioso que um alemão, ou melhor, judeu alemão, falasse “uai”, tocam a campainha.
Volto ao “olho mágico”.
- Meu Deus!!!
- Por acaso é o Papa? – indagou-me ele, soltando baforadas do charuto.
- Uai, como o senhor sabe?
- Eu sou Freud.

No Pronto Socorro, o médico pergunta para ela: o que houve?
- Não sei – respondeu candidamente -. Estávamos bebendo vinho tranquilamente e depois de duas garrafas ele disse que começaram as visitas...


- N

Um comentário:

  1. Excelente artigo, interessante e muto original.Parabéns!
    Antônio Carlos Faria Paz - Itapecerica-|MG

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