Fazenda onde nasceu o blogueiro. Foto Luis Fernando Gomes

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segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Oração Celta


Não é pela oração em si, mas pela beleza de tessitura do texto e pelo tom de maturidade no conjunto das frases que lhes envio esta postagem no finalzinho do ano. Que tenham boas festas..


Oração Celta.

Que jamais, em tempo algum, o teu coração acalente ódio.
Que o canto da maturidade jamais asfixie a tua criança interior.
Que o teu sorriso seja sempre verdadeiro.
Que as perdas do teu caminho sejam sempre encaradas como lições de vida.
Que a música seja tua companheira de momentos secretos contigo mesmo.
Que os teus momentos de amor contenham a magia de tua alma eterna em cada beijo.
Que os teus olhos sejam dois sóis olhando a luz da vida em cada amanhecer.
Que cada dia seja um novo recomeço, onde tua alma dance na luz.
Que em cada passo teu fiquem marcas luminosas de tua passagem em cada coração.
Que em cada amigo o teu coração faça festa, que celebre o canto da amizade profunda que liga as almas afins.
Que em teus momentos de solidão e cansaço, esteja sempre presente em teu coração a lembrança de que tudo passa e se transforma, quando a alma é grande e generosa.
Que o teu coração voe contente nas asas da espiritualidade consciente, para que tu percebas a ternura invisível, tocando o centro do teu ser eterno.
Que um suave acalanto te acompanhe, na terra ou no espaço, e por onde quer que o imanente invisível leve o teu viver.
Que o teu coração sinta a presença secreta do inefável!
Que os teus pensamentos e os teus amores, o teu viver e a tua passagem pela vida, sejam sempre abençoados por aquele amor que ama sem nome. Aquele amor que não se explica, só se sente.
Que esse amor seja o teu acalento secreto, viajando eternamente no centro do teu ser.
Que a estrada se abra à sua frente.
Que o vento sopre levemente às suas costas.
Que o sol brilhe morno e suave em sua face.
Que respondas ao chamado do teu Dom e encontre a coragem para seguir-lhe o caminho.
Que a chama da raiva te liberte da falsidade.
Que o ardor do coração mantenha a tua presença flamejante e que a ansiedade jamais te ronde.
Que a tua dignidade exterior reflita uma dignidade interior da alma.
Que tenhas vagar para celebrar os milagres silenciosos que não buscam atenção.
Que sejas consolado na simetria secreta da tua alma.
Que sintas cada dia como uma dádiva sagrada tecida em torno do cerne do assombro.
Que a chuva caía de mansinho em seus campos…
E, até que nos encontremos de novo…
Que os Deuses lhe guardem na palma de Suas mãos.
Que despertes para o mistério de estar aqui e compreendas a silenciosa imensidão da tua presença.
Que tenhas alegria e paz no templo dos teus sentidos.
Que recebas grande encorajamento quando novas fronteiras acenarem.
Que este amor transforme os teus dramas em luz, a tua tristeza em celebração e os teus passos cansados em alegres passos de dança renovadora.
Que jamais, em tempo algum, tu esqueças da Presença que está em ti e em todos os seres.
Que o teu viver seja pleno de Paz e Luz!
Aloha
Tatev Monastery, Armenia

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

TAÇA INTEIRA - TEXTO DE RUBEM ALVES.




Aposentei e agora?
Não está fazendo nada? – eis a pergunta constante. Há um pressuposto de que devemos trocar de trabalho na aposentadoria.
Ou nos tornamos “jaque”: já que você não tem nada que fazer, por que não faz isto para mim? Já que está à toa, vai ao banco para mim.
Vivemos um momento único, privilegiado: desfrutar, lúcido e saudável, o que a vida nos oferece.
E querem jogar coisas em cima da gente...
Este texto do brilhante Rubem Alves – ex pastor protestante, diga-se de passagem, - vem nos ajudar a entender e curtir este momento tão especial.



 "TAÇA INTEIRA

 Por Rubem Alves


 Você que trabalhou, batalhou, criou os filhos, envelheceu... Os filhos
 cresceram, saíram de casa, você se aposentou... E agora o tempo se
 estende vazio à sua frente, pouco importa levantar-se cedo ou tarde,
 não faz diferença, os dias ficaram todos iguais, não há batalhas a
 travar, ninguém precisa de você...
 Cada dia é um peso, é preciso matar o tempo, descobrir um jeito de não
 pensar, pois o pensamento dói, e vem uma vontade de beber, uma vontade  de esquecer, uma vontade de morrer...
 Chegou o momento da inutilidade, e é isso que você não suporta, pois
 lhe ensinaram (e você acreditou) que os homens e as mulheres são como as ferramentas, que só valem enquanto forem úteis. Ensinaram-lhe que você é uma ferramenta que merece viver enquanto puder fazer. E agora que o seu fazer não faz mais diferença, você se coloca ao lado dos
 objetos sem uso. À espera de que a morte venha colocá-lo no devido
 lugar, pois nada mais há que esperar. Você está sem esperança.
 Mas lhe ensinaram mal, muito mal. Pois nós não somos ferramentas. 

Não vivemos para ser úteis.
Dizem os textos sagrados que Deus trabalhou seis dias para plantar um

 jardim. Terminado o trabalho, já não havia nada mais para ser feito. E
 foi justamente então que Deus sentiu a maior alegria. Terminado o
 tempo do trabalho, chegara o tempo do desfrute. E o Criador se
 transformou em amante: entregou-se ao gozo de tudo o que fizera. Com
 as mãos pendidas (pois tudo o que devia ser feito já havia sido
 feito), seus olhos se abriram mais. Olhou para tudo e viu que era
 lindo. Pôs-se a passear pelo jardim, gozando as delícias do vento
 fresco da tarde. E, embora os poemas nada digam a respeito, imagino
 que o Criador tenha também se deleitado com o gosto bom dos frutos e
>com o perfume das flores - pois que razões teria ele para criar coisas
tão boas se não sentisse nelas prazer?
Se há uma lição a ser aprendida desses textos, lição que é que não
somos como serrotes, enxadas, alicates, fósforos e lâmpadas que, uma
 vez sem o que fazer, são jogados fora. A nossa vida começa justamente
 com o advento da inutilidade. Pois o momento da inutilidade marca o
 início da vida de gozo. Nada mais preciso fazer. Travei as batalhas
 que tinha de travar. Nada devo a ninguém. Estou livre agora para me
 entregar ao deleite.
 Todas as escolas só nos ensinam a ser ferramentas. Será preciso que
 você procure mestres que ainda não foram enfeitiçados por elas. Você
 deve procurar as crianças. Somente elas têm o poder para quebrar o
 feitiço que o está matando ainda em vida.
 As almas dos velhos e das crianças brincam no mesmo tempo.
As crianças ainda sabem aquilo que os velhos esqueceram e têm de aprender de novo que a vida é brinquedo que para nada serve, a não ser para a alegria!
Desde os seis anos tenho mania de desenhar a forma das coisas. Aos
 cinquenta anos publiquei uma infinidade de desenhos. Mas tudo o que
 produzi antes dos setenta não é digno de ser levado em conta. Aos 73
 anos aprendi um pouco sobre a verdadeira estrutura da natureza dos
 animais, plantas, pássaros, peixes e insetos. Com certeza, quando
 tiver oitenta anos, terei realizado mais progressos, aos noventa
 penetrarei no mistério das coisas, aos cem, por certo, terei atingido
uma fase maravilhosa e, quando tiver 110 anos, qualquer coisa que
fizer, seja um ponto, seja uma linha, terá vida.
Vamos! A vida é bela. Pare de namorar a morte! Beba a taça até o fim!"

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Mudou o Natal ou Mudou Minas Gerais?

De vez em quando vou ao fundo do baú e resgato alguma coisa que escrevi no passado. A crônica de hoje, irônica, como de costume, e crítica, para não perder o hábito, vai misturar a época - Natal - com algumas bobagens - entre as milhares - que passam dentro das cabeças dos políticos (o que é um elogio à classe política, visto ser a cabeça dos mesmos naturalmente oca).


Mudou o Natal ou mudou Minas Gerais?
Mário Cleber da Silva


            Originariamente o título deste artigo seria “Triângulo Mineiro ou Farinha Podre”, pois pretendia comentar sobre algumas ideias separatistas que andam surgindo na cabeça do pessoal do Triângulo. Entretanto, como essas notícias são veiculadas invariavelmente no final do ano, época do Natal (já em dois ano consecutivos), aproveitei para parafrasear a célebre “Mudou o Natal ou mudei eu? - reforçando um sentimento que tomou conta de mim nestas últimas férias.
            Minas Gerais está se descaracterizando. É uma triste constatação de alguns jornalistas mineiros. E não é por causa das enchentes. Vejamos como isto está se procedendo.
            Há anos que a região da Mata, onde se situa Juiz de Fora e a minha cidade, Andrelândia, pretende se transferir de mala e cuia para o Estado do Rio de Janeiro. Se você quiser elogiar alguém de lá, é só perguntar se Juiz de Fora pertence ao Rio de Janeiro. Até o sotaque carioca, puxando o “s”, está amplamente imitado. Em Andrelândia, qualquer um que viajasse para Barra Mansa voltava falando, “Não me enche o xaco, eu “Extou felix”. De modo que aquela banda de lá está praticamente perdida para os cariocas.
            O norte de Minas, que até o século passado pertencia à Bahia, tem inequívocas influências do povo baiano não só no sotaque – fala-se muito abertamente por lá: “felicidade” (com o primeiro e fechado: ê) vira “félicidade” , com é aberto- , como também em usos e costumes. A alimentação é mais apimentada e, mais, as imagens televisívas de Antônio Carlos Magalhães Neto estão mais presentes do que as do governador mineir. Na região de Juiz de Fora e adjacências, os canais são todos cariocas.
            As cidades vizinhas ao Espírito Santo, tirando algumas querelas históricas, ficam mais próximas de Vitória do que de Belo Horizonte.
            Quem anda por Poços de Caldas, Pouso Alegre e Itajubá pensa estar entrando em território paulista, desde o sotaque “dê” de “boa tardê” com o “r” carregado, até os programas de TV e as compras na capital bandeirante. Tudo ali é São Paulo.
            E agora vem o Triângulo Mineiro – antigamente chamado de Farinha Podre – querer se desvencilhar de Minas Gerais! (Para quem está curioso com este apelido de “farinha podre”, eis a explicação: dizia-se que na época de desbravamento do Triângulo os exploradores enterravam a farinha no solo para recolhê-la quando voltassem e, ao retirá-la do solo, encontravam-na apodrecida). Ora, e por que este súbito interesse em virar um estado independente? A distância da capital mineira, afirma a nota publicada em anos passados em  jornais . Venhamos e convenhamos que esta é uma bela desculpa, e sem pé e nem cabeça. Se fosse por causa de distância, o Rio Grande do Sul poderia querer se tornar um Estado independente do Brasil, pois fica longe de Brasília (aliás a vocação separatista de gaúcho é sobejamente conhecida). E o Amazonas, o Acre e o Rio Grande do Norte?! E que imensa distância seria essa? Uns míseros 800 quilômetros. Ora, ora, quem sair cedo de carro vai chegar a Belo Horizonte à tardinha ou no começo da noite. Além do mais, a viagem é toda feita em asfalto, e não em lombo de burro ou em estradas empoeiradas ou lamacentas. Essa desculpa de distância não cola. O que é preciso é manter as tradições mineiras, retornar o elo perdido com o passado, voltar para as próprias origens e raízes. Ou, então, formar mesmo um Estado independente e que tenha, pelo menos, o nome que já recebeu no passado: “Farinha Podre”, cuja capital seria Barretos. Ah, Barretos, não. Barretos é uma das três grandes cidades do Triângulo Mineiro começada com B. As outras duas são “Beraba” e “Berlândia”.
           


domingo, 16 de dezembro de 2012

Alguns tipos de Personalidade e exemplos.

Li recentemente estas ideias e creio que poderão ajudar os meus leitores a conhecer melhor a lado psicológico. O bom é que traz exemplos de filmes, novelas e livros.



TIPOS DE PERSONALIDADE.



ANTISSOCIAL Alguém com um personalidade do tipo dissocial ou antissocial - o famoso psicopata ou sociopata - tem tendência à agressividade e repúdio às normas sociais. Em geral, a pessoa não muda seu modo de agir facilmente, mesmo após ser punida. Além disso, não tolera frustração e costuma botar a culpa nos outros pelas coisas que faz
- Dexter, da série de TV americana de mesmo nome, é um policial justiceiro que, além de solucionar crimes pelas vias legais, ocupa o tempo livre matando criminosos que escaparam da lei
ANSIOSO  Imagine uma pessoa bem tensa e insegura, que parece estar sempre com medo de tudo. Essa é a personalidade do ansioso, pautada por um sentimento de apreensão, insegurança e inferioridade. A pessoa é supersensível a críticas e faz tudo para ser aceita. Tem dificuldade em se relacionar intimamente e evita atividades fora de sua rotina
- Scooby-Doo, o famoso cão dos desenhos, tem medo da própria sombra e não pode nem ouvir falar em fantasmas, tremendo só de pensar nas assombrações. Para piorar, ele ainda se acha um grande covardão
PARANOIDE  Sabe aquela pessoa que não suporta ser contrariada, não perdoa insultos, desconfia de tudo e tende a distorcer os fatos, interpretando as ações dos outros, mesmo que sejam boas ou inocentes, como hostis ou de desprezo? Esse é o típico paranoide. Em geral, também suspeita da fidelidade de marido/namorado/ficante/esposa, namorada. Mas não confunda com a paranoia, que é uma doença grave e não um tipo de distúrbio de personalidade
- Na obra Dom Casmurro, de Machado de Assis, Bentinho é casado com a doce Capitu, mas, após a morte do melhor amigo, se atormenta com a ideia de que havia sido traído pela esposa e o falecido
DEPENDENTE O tipo dependente tende a deixar que outras pessoas tomem qualquer decisão por ele. Tem medo de ser abandonado e se vê como uma pessoa fraca e incompetente. Além disso, é submisso à vontade alheia e tem dificuldade em lidar com mudanças ou novos desafios
- No desenho animado Pinky e o Cérebro, Pinky é um ratinho infantil, que vive submisso a Cérebro, um rato cientista que inventa planos mirabolantes para dominar o mundo
HISTRIÔNICO Também chamado de histérico ou psicoinfantil, este tipo quer ser sempre o centro das atenções. Tende a ser extremamente dramático, exibicionista e exigente. Para piorar, é inconstante sentimentalmente, instável, manipulador, egoísta e bastante superficial
- A personagem central do filme E o Vento Levou, Scarlet O'hara - vivida pela atriz Vivien Leigh, em 1939 -, é egoísta, mimada, quer ser o centro das atenções, e faz de tudo para ter o que quer
ESQUIZOIDE Alguém com esse transtorno costuma ficar mais afastado dos outros, tendo poucos contatos sociais ou afetivos. Ele prefere atividades solitárias e a introspecção. Mas, assim como no caso da paranoia e da personalidade paranoide, o tipo esquizoide não tem nada a ver com a esquizofrenia
Rancoroso e vivendo isolado, Gollum, de O Senhor dos Anéis, se encaixa direitinho no diagnóstico de esquizoide. Sua análise psiquiátrica chegou até a ser feita pela Real Universidade Médica de Londres
BORDERLINE Agir de modo imprevisível, ter acessos de ira e ser incapaz de controlar o seu comportamento impulsivo são as características das pessoas com esse transtorno. O borderline também pode apresentar perturbações da autoimagem e tendência a adotar um comportamento autodestrutivo
- Heloísa, personagem da novela Mulheres Apaixonadas interpretada por Giulia Gam, tinha um ciúme doentio do marido, protagonizando várias cenas de descontrole explícito
OBSESSIVO-COMPULSIVO Você provavelmente conhece um indivíduo assim, que quer sempre tudo certinho, sendo perfeccionista ao extremo. Esse é o típico anancástico ou obsessivo-compulsivo. Em geral, é obstinado em fazer as coisas como acha que devem ser feitas, sem nenhuma flexibilidade. Essas características podem vir acompanhadas de impulsos repetitivos, mas não atinge a gravidade de um transtorno obsessivo-compulsivo (TOC)
- Vivido por Marco Nanini, Lineu, o paizão da série A Grande Família, é um fiscal sanitário politicamente correto, honesto e muito certinho. Gosta de tudo em seu devido lugar e ai de quem quebrar a rotina.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Niemeyer.


(A Coerência, as Obras e a pronúncia de ) Niemeyer,  e Eu.

Falecido recentemente quase aos 105 anos, mesmo com este tempo todo de vida ele não se encontrou comigo. E nem eu com ele. Uma lástima. Para mim, claro. Teria conhecido um gênio da arquitetura e um homem de idéias e posturas a serem imitadas. Até hoje nenhum ateu convicto e explícito recebeu tantas homenagens no Brasil como ele. (Novos tempos?) Só não gostei de um grupo de religiosos em torno do caixão entoando cantos e preces para ele. Por ser bem educado, até depois da morte, ele não se revirou no caixão.

Mudou Niemeyer ou mudou a Igreja Católica?
Na década de 40 do século passado, quando o arquiteto bolou a Igreja da Pampulha, o arcebispado de Belo Horizonte não quis abençoar o templo e, assim, não era de fato uma igreja. E ficou fechada. Falou-se até que tinha os dois símbolos do comunismo: a foice o martelo. Agora em 2012, o arcebispado de Belo Horizonte convida Oscar Niemeyer para fazer a Catedral da Fé (?). Quem mudou nestes 70 anos? Oscar ou a Igreja? O Oscar da Coerência vai para ...

As obras do arquiteto.
Conheci por dentro o Conjunto Edifício JK em Belo Horizonte - na verdade são dois prédios. Um amigo (desde a minha primeira infância) morava lá e eu o visitava constantemente. Os longos corredores, os múltiplos tipos de apartamentos, as vidraças por toda parte externa do edifício, neste conjunto viviam mais de 8 mil ... vá lá (como picardia para um ateu), almas. O que me impressionava – além do imenso calor interno (a grande crítica que se faz a ele entre os colegas arquitetos: não é nada funcional. Só tem vista bonita.) – eram  os elevadores. Por um sistema de quatro ou cinco degraus para cima ou para baixo, o elevador parava em um determinado piso e servia para dois andares simultaneamente. A gente parava no meio do quarto andar, por exemplo, e subindo três degraus ia para o quinto. Descendo três ia para o quarto. Prático e inovador. Parece que ele perdeu esta ideia e no centro administrativo de Belo Horizonte – onde fui, bem acompanhado, diga-se-, lá tem mais de 18 elevadores. Corredores enormes e longuíssimos, carpetados, um calor infame na época quente – quase o ano todo em Belo Horizonte. Vidros enormes por fora. Continuam lindos externamente os edifícios do Oscar.

A pronúncia: niemaier.
Era a primeira vez que eu visitava os Estados Unidos. Nova Iorque, para ser preciso. Além da Broadway, Estátua da Liberdade, o Empire State Building (quando comecei a estudar inglês era o maior edifício do mundo) e outros lugares típicos para turistas (não andei de charrete no Parque), resolvemos assistir um culto religioso no Harlem. Únicos brancos no meio deles, procuramos em vão não chamar a atenção. Quietinhos observávamos o desenrolar da cerimônia, tão diferente. O templo em forma circular, com um grande mezanino (onde nos encontrávamos), estava lotado. De vez em quando alguém gritava alguma coisa. Um haleluia. Outro som não identificável. E nada de entendermos o inglês. Quando o pastor começou a pregar, uma palavra nos era conhecida: niemaier. Niemaier pra lá, niemaier para cá. Os fieis também gritavam o nome “niemaier”.
Mas, que diabos, por que chamavam tanto o Niemeyer? Teria ele construído o templo? Ele estava tão famoso a ponto de uma igreja no Harlem falar o nome dele?
Foi só quando voltei pro Brasil e fui dar uma lida na Bíblia em inglês que os frades americanos tinham me dado em Andrelândia, como presente por ter entrado no seminário, que descobri. Tinha um profeta no antigo Testamento que era chamado de Nehemiah (para nós Neemias) e que se pronuncia NIEMAIER em inglês.


Bem, isto é homenagem? Que o seja. Se estivesse vivo ele iria me perdoar.




domingo, 9 de dezembro de 2012

OS TÍMIDOS E AS RELAÇÕES AMOROSAS.





Nossa sociedade incentiva muito o comportamento extrovertido. O tímido acaba “perdendo” espaço e sendo mal visto. E também pode perder possibilidades de conquistas amorosas. Eu já fui extremamente tímido. Depois, evolui para tímido e, agora, levemente tímido. O artigo a seguir pode clarear questões sobre timidez.
Por Mariana Hernandez
"Afinal, quando nos definimos apenas dessa maneira tão pobre: "Eu sou tímido e pronto", reiteramos o preconceito e a desvalorização do diferente. Ser diferente não implica em inferioridade. Todo mundo tem o seu charme, todo mundo pode amar"
Muitas vezes, na busca pelo amor ou na construção de uma relação amorosa, nos deparamos com dificuldades internas que nos fazem rever nossos comportamentos e superar nossas dificuldades.
São nessas circunstâncias que uma pessoa tímida pode se sentir frustrada ou incapaz de se aproximar de um 'futuro pretendente' ou de seu próprio companheiro (a). 

Para entendermos melhor essa dinâmica de relação com o mundo, apresentaremos alguns conceitos que podem colaborar na compreensão do comportamento de uma pessoa tímida e ajudar esse indivíduo a encarar sua timidez, não mais como uma impossibilidade de relacionar-se, mas como uma maneira criativa de construir uma nova dinâmica de relação amorosa.
 

Jung propôs que cada ser humano possui e desenvolve uma dinâmica predominante. É necessário salientar que o indivíduo possui inúmeras características, mas não raro, uma delas irá se sobrepor a outras, tornando alguns traços mais claros e acentuados do que outros. Jung elaborou uma teoria de tipos psicológicos baseado no predomínio dessas dinâmicas, que ele denominou de funções psiquicas. Essa tipologia tem como base duas atitudes e quatro funções da consciência (pensamento, intuição, sensação e sentimento) através das quais a pessoa se relacionará com o mundo e com o outro. Vamos apresentar as atitudes, que são a introversão e a extroversão.
O tipo introvertido é mais voltado para si mesmo do que para as coisas externas e o extrovertido é mais voltado para o mundo externo do que para si mesmo. Se a atitude consciente é a de extroversão, a inconsciente será a de introversão e vice-versa. O individuo introvertido pode ser percebido como tímido, o que nem sempre é verdade.

A pessoa tímida pode creditar sua timidez à dificuldade ou impossibilidade de se relacionar com um parceiro(a). Mas, realmente, de qual dificuldade estamos tratando? Obviamente o introvertido ficará mais "na dele", consigo mesmo, e precisará muito mais da ação do outro para que um contato se dê.
 

O fundamental é que o tímido compreenda que a sua timidez não inviabiliza a construção de uma relação amorosa. Timidez não é doença, mesmo que a sociedade valorize os extrovertidos, aqueles que falam, cantam e se colocam de maneira mais enfática. Cabe a nós o desejo de realizar o encontro amoroso, de irmos em busca daquilo que parece uma das dimensões mais importantes da nossa vida. Você pode ser tímido ou não e com certeza isso não deverá ser a única característica sua que tem valor.
 

Afinal, quando nos definimos apenas dessa maneira tão pobre: "Eu sou tímido e pronto", reiteramos o preconceito e a desvalorização do diferente. Ser diferente não implica em inferioridade. Todo mundo tem o seu charme, todo mundo pode amar.
 

Quando se trata de um grau muito extremo de timidez, quando sair de casa e enfrentar pessoas seja tão sofrido que prejudique o cotidiano, podemos suspeitar de um quadro de fobia social. Nesses casos, um tratamento psicológico deve ser procurado.

Muitas vezes, por trás da timidez, esconde-se um perfeccionista que teme expor-se para que suas eventuais falhas não apareçam. Os opostos se tocam: o tímido pode ser alguém esperando aplausos, que não suporta cometer deslizes para não ferir uma autoimagem idealizada. Rir de si mesmo ajuda a não se levar tão a sério e abre caminho para perceber que os outros não são tão críticos quanto sua plateia interna.
Autores e integrantes do Grupo Seja - Serviços e Estudos Junguianos Sobre Amor: Carla Regino, Fernanda Menin, Helena Girardo de Brito, João Paiva, Lilian Loureiro, Luiz André Martins, Mariana Leite, Marina Winkler, Priscila Parro e Thiago Pimenta - sob a coordenação da profa. Dra. Noely Montes Moraes





quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Um Deus que sorri - Crônica de Rubem Alves


Gosto de ler tudo. Até bula de remédio, sobretudo quando não quero tomar : bulas não são incentivadoras. De formação católica, abro-me ao conhecimento religioso de todos os matizes, desde que inteligentes. Já li tese de pós graduação de pastor luterano, textos budistas, livro muçulmano (fiz um trabalho sobre Maomé), frases de Confúcio e – em longa data – escritos espíritas. Atraem-me sobremaneira os livros de ateus, entre eles, Richard Dawkings e José Saramago e Umberto Eco.Mas existe um tipo de pensador que me agrada: aquele que repensa seu próprio caminho, reavalia e toma um atalho pessoal. Frei Cláudio em Belo Horizonte é um deles, cujas ideias batem com as minhas. Mas há outro: Rubem Alves. Escreve maravilhosamente bem. Espero que gostem.





Um Deus que sorri
Rubem Alves

Eu acredito em Deus!

Mas não sei se o Deus em que eu acredito, é o mesmo Deus em que acredita o balconista, a professora, o porteiro, o bispo ou pastor...

O Deus em que acredito não foi globalizado.

O Deus com quem converso não é uma pessoa, não é pai de ninguém.

É uma idéia, uma energia, uma eminência.

Não tem rosto, portanto não tem barba.

Não caminha, portanto não carrega um cajado.

Não está cansado, portanto não está sempre no trono.

O Deus que me acompanha vai muito além do que me mostra a Bíblia.

Jamais se deixaria resumir por dez mandamentos, algumas parábolas e um pensamento que não se renova.

O meu Deus é tão superior quanto o Deus dos outros, mas sua superioridade está na compreensão das diferenças, na aceitação das fraquezas e no estímulo à felicidade.

O Deus em que acredito me ensina a guerrear conforme as armas que tenho e detecta em mim a honestidade dos atos.

Não distribui culpas a granel: as minhas são umas, as do vizinho são outras. Nossa penitência é a reflexão.

Para o Deus em que acredito, só vale o que se está sentindo.

O Deus em que acredito não condena o prazer.

O Deus em que acredito não me abandona, mas me exige mais do que uma flexão de joelhos e uma doação aos pobres: cobra caro pelos meus erros e não aceita promessas performáticas, como carregar uma cruz gigante nos ombros.

A cruz pesa onde tem que pesar: dentro.

É onde tudo acontece e este é o Deus que me acompanha:

Um Deus simples. Deus que é Deus não precisa ser difícil e distante, sabe tudo e vê tudo. Meu Deus é discreto e otimista.

Não se esconde, ao contrário, aparece principalmente nas horas boas para incentivar, para me fazer sentir o quanto vale um pequeno momento grandioso: de um abraço numa amizade, uma música na hora certa, um silêncio.

O Deus que eu acredito também não inventou o pecado, ou a segregação de credo.

E como ele me deu o Livre-Arbítrio, sou eu apenas que respondo e responderei pelos meus atos.



sábado, 1 de dezembro de 2012

Hábitos Psicológicos e Reação diante da Raiva.



Você quer ter bons hábitos psicológicos? Uma alta Inteligência Emocional?
É simples. Ainda que dê trabalho.





Como você lida com a raiva? Já usei estas quatro formas em diferentes momentos de raiva.