Fazenda onde nasceu o blogueiro. Foto Luis Fernando Gomes

Fazenda onde nasceu o blogueiro. Foto Luis Fernando Gomes
Fazenda onde nasceu o blogueiro. Foto Luis Fernando Gomes

sábado, 29 de novembro de 2014

Você já adquiriu o mais novo best seller?

Aos leitores, amigos, colegas, parentes e seguidores do meu blog, o  agradecimento pelo sucesso de meu livro "Contos, Encontros & Reencontros".
 Por que best seller?
Em comparação com meu primeiro livro (Ceci e Chico Sete Boias - teve gente que adorou este título - já esgotado), este segundo  alcançou um sucesso realmente bem elevado:
Ele comemora um ano de lançamento neste mês de dezembro. E neste período vendi o mesmo tanto do que o  outro em quatro anos!!. Muito bem vendido. A que se deveu isto?
- a beleza da capa e os contos bem urdidos.
- um marketing mais agressivo.
- 4 noites de autógrafos.
- um maior número de amigos, colegas, vizinhos e até parentes que compraram desta  vez.
- forte presença de andrelandenses.

Isto tudo é muito bom.

Agora, em Dezembro é hora de você dar livros de presente tanto para o "amigo oculto" quanto no Natal.
Locais onde encontrar o livro:

Belo Horizonte
Cooperativa Médica – Av. Alfredo Balena,190. Tel. 31-3273.1955
Livraria do Psicólogo e Educador. Av. do Contorno, 1390. - Floresta. Tel. 31-3303.1000
Livraria do Ponteio – tel.  31-3286.4039
Café e Livraria da Praça – Rua Dom Joaquim Silvério, 656 Coração Eucarístico tel.:  31- 2537.5805
Livraria do Cine Belas Artes -  Rua Gonçalves Dias c/ Rua da Bahia. tel. 31- 25117151.
Brasília
Agência de Revista - Terraço Shopping   tel  61-3234.8146
Cabo Frio – RJ
Livraria do Boulevard.  Praia do Forte tel  22-26466913
Andrelândia
Banca de Revistas Djair – Perto da Prefeitura – tel 35 9902.1858
Hotel  Pousada dos Querubins tel – 35 3325.1162
Casa de Queijo - Antiga Avenida Getúlio Vargas



Hoje, passo para vocês - que ainda não leram - uma parte de um conto para espicaçar a curiosidade.

INTER MULIERIBUS


- Quebrei o maior pau. Fiz o maior barraco – no momento em que a mulher acabara de falar, não se sabe se por coincidência ou por algum truque de um anjo torto, a orquestra parara de tocar, o silêncio reinando no grande salão, pois os dançarinos também ficaram estáticos, de modo que as palavras alçaram vôo e atingiram os ouvidos silenciosos dos presentes que viraram o rosto para a direção de onde vinha a voz, firme e agressiva. Mas tudo passou em questão de segundos, porque a orquestra retomou seu ritmo, atacando num bolero vivace enquanto os casais, todos depois da faixa de 50 anos rodopiavam pelo salão, na forma como podiam suas, quase sempre, trôpegas pernas, ou pela idade ou pelas inúmeras danças já realizadas, naquele fim de tarde num Baile da Terceira Idade, próximo a uma conhecida e movimentada Avenida da Zona Sul, em Belo Horizonte. Havia um quê de sensualidade no ar, um erotismo difuso perpassando os corpos, uns, colados, outros, a média distância, com se preparando para chegar mais perto, mas não é da sensualidade e do erotismo que se vai falar, mas é preciso voltar à mesa onde estavam três mulheres, de faixas de idade diversas, que, entre uma cerveja, um refrigerante e um uisque, falavam de suas vidas. E era a mais nova, uma morena de cabelos luzidios, ainda não chegada aos 50, com olhos pretos e grandes que repetia a frase para as amigas:
- Quebrei maior pau. Fiz o maior barraco. Peguei toda a louça e atirei pela janela do apartamento. Pratos, garfos, facas, colheres e mais o que tinha à mão, jogava no pátio interno do...


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E o que vai acontecer? Que histórias virão? Não deixem de ler o restante no livro. 

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Pobreza e desempenho cognitivo.

O título poderá levar a  pensar  erroneamente que se está reforçando preconceito. Muito pelo contrário. Apresenta-se aqui um conjunto de pesquisas científicas bem sérias.

Pobreza e desempenho cognitivo.

A sabedoria popular diz que os ricos ficam mais ricos e os pobres mais pobres. E, nesses últimos anos, neurocientistas e economistas que pesquisam a relação entre a pobreza e o desempenho cognitivo têm encontrado algum fundamento para essa afirmação, bem como alguns fatores tratáveis que podem ajudar a romper com esse círculo vicioso.
O desenvolvimento do cérebro humano é determinado basicamente por dois fatores: a genética herdada dos pais e o ambiente no qual a pessoa é criada, desde a gestação até a vida adulta. O nível socioeconômico de uma família influencia diretamente o ambiente onde a pessoa é criada e, consequentemente, afeta a cognição, o desempenho escolar e a saúde mental.
Pesquisas sobre o nível socioeconômico identificaram alguns pontos que ajudam a explicar o seu efeito sobre o desenvolvimento do cérebro, os quais estão listados abaixo:
·         Cuidados dos pais: a qualidade dos cuidados prestados pelos pais tem demonstrado um efeito principalmente sobre o desenvolvimento emocional da criança.
·         Estímulo cognitivo: devido à plasticidade do cérebro, uma criança que cresce num ambiente onde recebe mais estímulos cognitivos, como jogos, livros, entre outros, consequentemente acaba tendo um melhor desenvolvimento cognitivo.
·         Nutrição: a ingestão de nutrientes e calorias influenciam os mecanismos relacionados à cognição e emoção. Famílias de baixa renda tem menos acesso a comidas saudáveis e possuem um risco maior de falta de comida e deficiência nutricional.
·         Exposição a toxinas: devido às condições mais precárias de moradia das famílias de baixa renda, é maior o risco de exposição a toxinas que afetam o desempenho cerebral, como acontece com o chumbo.
·         Estresse: famílias de baixa renda estão geralmente expostas a ambientes com níveis de estresse mais elevados, provenientes do estilo de vida, vizinhança mais perigosa, barulhos, entre outros fatores. Isto pode levar ao estresse crônico e afetar o desenvolvimento cognitivo de toda a família.
O efeito do estresse sobre o desenvolvimento cerebral tem sido muito pesquisado ultimamente e os seus efeitos sobre regiões específicas do cérebro estão cada vez mais claros. O córtex pré-frontal, mais relacionado a funções executivas, e a amídala, relacionada ao controle emocional, são bastante afetados pelo estresse. As regiões pré-frontais que normalmente regulam a amídala são enfraquecidas pelo estresse, permitindo que o cérebro fique mais sensível ao estímulo emocional. O cérebro essencialmente sai do modo lento, mais pensativo, para o modo rápido, mais impulsivo e instintivo. Felizmente, se o estresse encerra, a habilidade cognitiva poderá retornar ao normal.
Porém, um estresse de longo prazo durante a infância, quando as regiões pré-frontais ainda estão se desenvolvendo, podem deixar importantes funções cognitivas, como o controle do impulso, a capacidade de atenção, e a memória de trabalho,  permanentemente debilitadas. Um estudo recente, com um grupo de pessoas com 24 anos de idade que viveram a infância na pobreza e sob estresse de longo prazo, identificou que elas possuíam na média uma menor habilidade de regular a amídala. Ao comparar essa deficiência com a renda atual dessas pessoas, os pesquisadores não encontraram relação, sugerindo que ela foi causada na infância.
Outra linha de pesquisa tem explicado os efeitos do estresse sobre a habilidade cognitiva através da teoria de que a capacidade cognitiva de uma pessoa é limitada e que pode ser consumida com o uso, pelo menos temporariamente. Em experimentos, pessoas que são forçadas a exercer o auto-controle, um aspecto chave para a tomada de decisão no dia-a-dia, mostram evidências de redução do mesmo em tarefas posteriores. Alguns pesquisadores argumentam que a pobreza, devido à preocupação causada pelo estresse, é um estado que consome tanta capacidade cognitiva que pode exaurir o auto-controle rapidamente.
Essas descobertas oferecem uma oportunidade única para entender como os fatores ambientais podem levar a diferenças no desenvolvimento cerebral dos indivíduos. Também podem servir para melhorar programas sociais e diretrizes governamentais, no sentido de aliviar as disparidades causadas pelo nível socioeconômico na saúde mental e desempenho escolar ou profissional.

Fonte:
Hackman, Farah e Meaney, Socioeconomic status and the brain: mechanistic insights from human and animal researchNature Reviews Neuroscience, 11 (Set 2010), 651-659
Kim e outros, Effects of childhood poverty and chronic stress on emotion regulatory brain function in adulthoodProceedings of the National Academy of Sciences of the USA, Nov 2013, 110(46):18442-7






domingo, 23 de novembro de 2014

O Taxista e a Bandeira Dois.- Conto.

Fico tempos sem escrever nada e, de repente, surgem borbotões de ideias e textos. Numa tarde desta, aqui em BH, enquanto pegava o ônibus, mais ou menos quente, entabulei uma conversa com o passageiro do meu lado. Saiu esta crônica/conto/caso.

O Taxista e a Bandeira Dois.
Mário Cleber da Silva.
Gosto de andar de ônibus. Primeiro, porque não pago. Segundo, porque ajudo a evitar o caos da cidade grande, não usando meu carro. E, por fim, por causa da fauna humana que se pode encontrar dentro do ônibus.
O calor do dia, logo após o almoço, era de arrasar. E, quando subi os degraus da lotação, vi que o motorista não estava em seus melhores dias. Reclamava e usando o celular. Fui direto para as cadeiras amarelas, próprias para os idosos, onde se aboletara um sujeito de uns supostos 77 anos. Mal sentei, ele puxou conversa.
- Está reclamando de trabalhar oito horas por dia (supus que falava do condutor). Como se a gente não tivesse trabalhando muito mais.
- É (! e?). – Meu mau humor seguia na mesma via do motorista.
- Trabalhei demais. Hoje estou aposentado há mais de vinte e cinco anos.
- Vinte e cinco anos? Uai, daqui a pouco você faz uma aposentadoria da aposentadoria. – Olhei incrédulo para ele – Quantos anos você tem?
- 89.
- O que? 89? Nossa, você está bem, hein? – Com esta idade, andando de ônibus sozinho e ainda conversando sem reclamar de dores.
- Trabalhei até de lanterninha de cinema.
- Lanterninha? – Nossa, conviver com quem trabalhou no que mais gosto: cinema. Era todo ouvidos e curiosidade. – Em que cinema?
- Todos os do Luciano...
- Eram uns vinte e sete – falei com a certeza de quem ouviu falar muito no famoso Luciano e suas aventuras cinematográficas.
- Vinte e três – me corrigiu - Ele pagava mal, mas pagava.
- Qual cinema que você mais gostou?
- O Cine Brasil. Não era esta coisa horrorosa de hoje, não. Mas o que eu gostava mesmo era das bilheteiras...
- Bilheteiras? Não é bilheterias?
- Não. Bilheteiras. Pegava todas elas.
- Ahn – pouco entusiasmado no assunto.
- Passava a mão em tudo quanto é lugar.
- Dava bobeira e você passando a mão.
- Lógico – penso que deu um sorriso. – Teve uma, acho que era casada, que a coisa foi mais longe. O marido era taxista. E trabalhava de noite.
- Enquanto ele trabalhava você pegava a bandeira dois...
Ele me olhou por uns segundos. Quanto a ficha caiu, ele riu e completou:
- É. Eu era muito bonzinho...
- Vou descer – disse apertando o botão da campainha. Caí na besteira de perguntar seu nome.
- Mário....
Ele não entendeu porque desci cuspindo marimbondo. Esta é boa: um xará...







quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Por que crianças francesas têm menos Déficit de Atenção?



Este texto, que meu filho postou (será que tem alguma indireta? kk) veio a calhar. Primeiro revela alguns erros cometidos no passado (eu, incluído) por causa da influência americana no diagnóstico de doenças - vistas quase essencialmente de maneira  biológica/cerebral, ao contrário de França - e o tratamento exclusivamente medicamentoso. Segundo, a importância da disciplina na cultura francesa. E, para terminar, mais esta: "Pais franceses deixam seus bebês chorando se não dormirem durante a noite, com a idade de quatro meses".
Descobri que eu era francês... E não sabia.
Favor não querer mudar para França.
Marilyn Wedge, Ph.D


 "Nos Estados Unidos, pelo menos 9% das crianças em idade escolar foram diagnosticadas com TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade), e estão sendo tratadas com medicamentos. Na França, a percentagem de crianças diagnosticadas e medicadas para o TDAH é inferior a 0,5%. Como é que a epidemia de TDAH, que tornou-se firmemente estabelecida nos Estados Unidos, foi quase completamente desconsiderada com relação a crianças na França?
TDAH é um transtorno biológico-neurológico? Surpreendentemente, a resposta a esta pergunta depende do fato de você morar na França ou nos Estados Unidos. Nos Estados Unidos, os psiquiatras pediátricos consideram o TDAH como um distúrbio biológico, com causas biológicas. O tratamento de escolha também é biológico – medicamentos estimulantes psíquicos, tais como Ritalina e Adderall.
Os psiquiatras infantis franceses, por outro lado, vêem o TDAH como uma condição médica que tem causas psico-sociais e situacionais. Em vez de tratar os problemas de concentração e de comportamento com drogas, os médicos franceses preferem avaliar o problema subjacente que está causando o sofrimento da criança; não o cérebro da criança, mas o contexto social da criança. Eles, então, optam por tratar o problema do contexto social subjacente com psicoterapia ou aconselhamento familiar. Esta é uma maneira muito diferente de ver as coisas, comparada à tendência americana de atribuir todos os sintomas de uma disfunção biológica a um desequilíbrio químico no cérebro da criança.
Os psiquiatras infantis franceses não usam o mesmo sistema de classificação de problemas emocionais infantis utilizado pelos psiquiatras americanos. Eles não usam oDiagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders ou DSM. De acordo com o sociólogo Manuel Vallee, a Federação Francesa de Psiquiatria desenvolveu um sistema de classificação alternativa, como uma resistência à influência do DSM-3. Esta alternativa foi a CFTMEA (Classification Française des Troubles Mentaux de L’Enfant et de L’Adolescent), lançado pela primeira vez em 1983, e atualizado em 1988 e 2000. O foco do CFTMEA está em identificar e tratar as causas psicossociais subjacentes aos sintomas das crianças, e não em encontrar os melhores bandaids farmacológicos para mascarar os sintomas.
Na medida em que os médicos franceses são bem sucedidos em encontrar e reparar o que estava errado no contexto social da criança, menos crianças se enquadram no diagnóstico de TDAH. Além disso, a definição de TDAH não é tão ampla quanto no sistema americano, que na minha opinião, tende a “patologizar” muito do que seria um comportamento normal da infância. O DSM não considera causas subjacentes. Dessa forma, leva os médicos a diagnosticarem como TDAH um número muito maior de crianças sintomáticas, e também os incentiva a tratar as crianças com produtos farmacêuticos.
A abordagem psico-social holística francesa também permite considerar causas nutricionais para sintomas do TDAH, especificamente o fato de o comportamento de algumas crianças se agravar após a ingestão de alimentos com corantes, certos conservantes, e / ou alérgenos. Os médicos que trabalham com crianças com problemas, para não mencionar os pais de muitas crianças com TDAH, estão bem conscientes de que as intervenções dietéticas às vezes podem ajudar. Nos Estados Unidos, o foco estrito no tratamento farmacológico do TDAH, no entanto, incentiva os médicos a ignorarem a influência dos fatores dietéticos sobre o comportamento das crianças.
E depois, claro, há muitas diferentes filosofias de educação infantil nos Estados Unidos e na França. Estas filosofias divergentes poderiam explicar por que as crianças francesas são geralmente mais bem comportadas do que as americanas. Pamela Druckerman destaca os estilos parentais divergentes em seu recente livro, Bringing up Bébé. Acredito que suas idéias são relevantes para a discussão, por que o número de crianças francesas diagnosticadas com TDAH, em nada parecem com os números que estamos vendo nos Estados Unidos.
A partir do momento que seus filhos nascem, os pais franceses oferecem um firmecadre - que significa “matriz” ou “estrutura”. Não é permitido, por exemplo, que as crianças tomem um lanche quando quiserem. As refeições são em quatro momentos específicos do dia. Crianças francesas aprendem a esperar pacientemente pelas refeições, em vez de comer salgadinhos, sempre que lhes apetecer. Os bebês franceses também se adequam aos limites estabelecidos pelos pais. Pais franceses deixam seus bebês chorando se não dormirem durante a noite, com a idade de quatro meses.
Os pais franceses, destaca Druckerman, amam seus filhos tanto quanto os pais americanos. Eles os levam às aulas de piano, à prática esportiva, e os incentivam a tirar o máximo de seus talentos. Mas os pais franceses têm uma filosofia diferente de disciplina. Limites aplicados de forma coerente, na visão francesa, fazem as crianças se sentirem seguras e protegidas. Limites claros, eles acreditam, fazem a criança se sentir mais feliz e mais segura, algo que é congruente com a minha própria experiência, como terapeuta e como mãe. Finalmente, os pais franceses acreditam que ouvir a palavra “não” resgata as crianças da “tirania de seus próprios desejos”. E a palmada, quando usada criteriosamente, não é considerada abuso na França.
Como terapeuta que trabalha com as crianças, faz todo o sentido para mim que as crianças francesas não precisem de medicamentos para controlar o seu comportamento, porque aprendem o auto-controle no início de suas vidas. As crianças crescem em famílias em que as regras são bem compreendidas, e a hierarquia familiar é clara e firme. Em famílias francesas, como descreve Druckerman, os pais estão firmemente no comando de seus filhos, enquanto que no estilo de família americana, a situação é muitas vezes o inverso.

domingo, 16 de novembro de 2014

História Resumida da Vida de Cristo se ele Tivesse Nascido em Nosso Tempo



Mario Cleber da Silva.


Em 1978 foi publicado um livro, “Cristo do INPS à TV”, de Artur Miranda. Convertido ao catolicismo e redator premiado de textos para TV, o autor faz uma crítica contundente, com bom humor e ironia, aos meios de comunicação, já daquela época, e escreveu a história deste Cristo moderno. Pincei alguns textos, elaborei usando minha imaginação e coloco para os leitores. Para os mais novos: INPS é o famigerado INSS. Ele não usa capítulos, mas “Pregos”, numa alusão à crucifixão. 

Hoje Cristo teria muita dificuldade de nascer, por causa do Sus, convênios médicos caros e que deixam os usuários na mão e falta de pediatras (são mal remunerados. Devem ser médicos cubanos na escravidão do “Mais Médicos”).

José, o pai adotivo, era empregado, perdeu o emprego por causa das importações chinesas. Foi viver de bico e do seguro desemprego. Mesmo assim, ele e a mulher resolvem ir a uma das milhares de  igrejas protestantes levar aves , terminantemente  proibido pela Sociedade Protetora dos Animais, que os ameaça de cadeia, como crime inafiançável. Eles recuam e depois do menino Jesus ter nascido acabam mostrando-o no facebook, pedindo para que todos dêem suas curtidas e compartilhem  com os amigos.  O objetivo é ter um milhão de curtidas.
Queria usar um incenso, mas mesmo com parada para liberação da Maconha, temeram confundir os dois cheiros.
O menino cresce numa época de testes para o Pro Uni, tentando vaga em escola pública, visto que as particulares, protestantes ou católicas, estão caríssimas.

Neste meio tempo, João Batista resolve colocar a boca no trombone, criticando a mídia, todos os BBBs, Bial inclusive, (confundindo-o com Baal, um deus muito popular), os gastos para a Copa das Copas (ou Olimpíadas, que pode virar olim-piadas) , a seca no nordeste brasileiro (é por isto que ele é muito festejado naquela região), e detona  um caso que o presidente – digo Imperador – tinha, e assim  acaba perdendo a cabeça.

Aos 30 anos Jesus procura emprego, infrutiferamente. Além da dificuldade para quem não tem formação acadêmica (cursos de xamã no Oriente não valem no curriculum), o que mais o atrapalhava era a falta de documentação. Não conseguia tirar RG, por causa da certidão do nascimento. Com o empenho do Ministério da Justiça que queria o nome do "PAI -, visto constar “desconhecido”,  houve um grave problema para colher o material e fazer o teste de DNA, pois todos dizem ser filho de Deus, mas nunca apresentavam o resultado do teste.
Mas, ousado, começou a falar com o povo, com Deus (seu pai) e com o mundo.
Fez a seleção dos apóstolos, com somente 1 (8%) sendo reprovado, posteriormente. Não foi problema de seleção, mas de treinamento. Arrepender-se-ia amargamente mais tarde. E Judas ainda queria fazer descaradamente um selfie na hora do beijo.

A TV o descobre, por causa de seus milagres, do sermão da montanha sem usar microfone, estar sempre acompanhado de 12 homens barbudos, mas dizia não ser gay (tinha um séquito menor de mulheres), nem hétero (nenhuma caso de abuso sexual), nem pedófilo. Aquela frase: Vinde a mim as criancinhas, foi mal interpretada. Coisa da Imprensa Conservadora de Olhos Azuis.  Recusou-se participar do BBB (mal de família, o primo João não gostava): Nem Cristo aguenta. Sugeriu até bons slogans: “Chega de heresia, Bíblia todo dia” e “Deixa de ver BBB e deixa Cristo te ver”. Quando entrou em Jerusalém em cima de um burrinho (alguém da sociedade protetora dos animais, recém convertido, liberou o burrinho), deu em todos os canais, da TV aberta ou Paga (esta parecendo aberta por causa da abundância de comerciais).

A última Ceia teve inserções de Ana Maria Braga, que queria entrar no recinto com o Louro. Não sendo permitida, ela contratou uma nutricionista para falar do cardápio, confirmando o baixo teor calórico da alimentação. Quando subiu no Monte das Oliveiras, a Secretaria do Meio Ambiente subiu nas tamancas e queria quebrar o pau, antes dos americanos (romanos daquela época) chegarem e prenderem-no por ocultar armas químicas. A Secretaria conseguiu prendê-lo, condená-lo e crucificá- lo numa cruz de plástico (madeira nem pensar). Crucificaram dois ladrões juntos, isto porque a Secretaria dos Direitos Humanos e nem a Sociedade Protetora dos Sofredores de Falta de Liberdade chegaram em tempo para evitar esta injustiça. Quanto a Jesus, que se lixe. Afinal tinham que pegar alguém pra Cristo.


quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Cinco Dicas para você Melhorar o seu Inglês.

Foi aos 11 anos que comecei a me interessar pela língua inglesa. Naquela época não tinha Internet, nem CD, nem disco e nem "tapes" para aprender uma língua estrangeira. Era na base do "decoreba" e dedicação. No Seminário, eu rezava em inglês (conhecia a maioria  das orações em inglês, francês e latim, meu Deus era poliglota). Escrevi um artigo: "Meu método para aprender inglês", postado aqui no blog no dia 24/01/11. Ao entrei na Fiat- quando falar uma segunda língua não era essencial para você entrar no mercado de trabalho -, falava inglês e francês. Adir Ferreira, um auto didata em língua inglesa,  tem um site muito interessante para ensinar o idioma. Junto com um gringo de sobrenome Flórida me passou umas ideias bem curiosas e convincentes. Fiz alguns comentários.

Sempre acreditei que pronúncia e fluência estão super relacionadas e acho que foi por isso que foquei na área da pronúncia com o intuito de ser mais fluente em inglês.
Por isso hoje vou compartilhar algumas dicas para você melhorar sua pronúncia em inglês e, consequentemente, melhorar sua fluência. (A propósito, eu uso estas técnicas para melhorar a minha pronúncia também!).
01. Ouça analiticamente. Sempre que lemos um texto e entendemos a mensagem, muitas vezes não prestamos atenção nas “entrelinhas”, ou seja, entendemos o significado geral e não nos aprofundamos. Com o listening é a mesma coisa: entendemos o que está sendo dito, mas não focamos em como as palavras se juntam (chamado de connected speech) e por isso nossa fala pode parecer robótica e não muito natural. Por isso, foque nos detalhes: tenha paciência, estude uma frase (ou grupo de frases) por vez e tenha sempre o roteiro na mão.
Paciência é fundamental. Fazendo o curso de Psicologia Social pela internet, anotava palavras e formas de dizer que eram novas para mim. Sem isto, não se melhora. Antigo professor meu ia ao cinema com caderninho e tentava escreve palavras que ele não conhecia.
02. Não tenha vergonha de imitar. Tenho um amigo, estudioso da língua inglesa, que sabe muito, lê fluentemente e fala com certa fluência. O que o atrapalha é que ele fala inglês da mesma forma – com a mesma entonação e cadência – que ele fala português. Ele me perguntou o porquê disso e eu fiquei pensando e cheguei à seguinte conclusão: ele tem medo de repetir a entonação original do idioma e parecer “ridículo”, então ele fica na zona de conforto e fala seu “próprio” português. Isso acontece com muitos alunos e meu conselho é: imite o que já está pronto. Você não precisa reinventar um idioma, pegue o que já está pronto e imite, imite e imite. Uma hora todo esse conteúdo que você estiver imitando vai parecer second nature (natural) e você vai soar mais fluente e mais confiante.
Este conselho é muito importante, para mim, foi novidade: imite um americano falando, ou um inglês. Uma moça foi para Londres e queria pegar o sotaque londrino. Isto mesmo. 
Antes disto ; NÃO TENHA VERGONHA do seu inglês. Só falando é que você vai melhorar. Lembre-se: você não é nativo.
03. Aprenda a usar os símbolos do Alfabeto Fonético Internacional (IPA). Sabe aquelas letrinhas esquisitas que tem nos dicionários, que trazem a pronúncia? Bom, elas são de extrema importância se você quer melhorar sua pronúncia. Eu era adolescente e fiquei fascinado com aquilo então comecei a estudar e ver os padrões. Hoje em dia esse conhecimento é fundamental para quando preciso saber a pronúncia de uma palavra, onde é a sílaba mais forte e se há diferenças na pronúncia de inglês britânico ou americano. No meu Guia de Pronúncia eu apresento todos esses símbolos e as letras que os representam.
Esta é difícil, mas pegue o dicionário e em baixo tem estes símbolos. Tente ler e ver a diferença entre, por exemplo, os vários tipos de "a".
04. Fale devagar. Sim, você não vai tirar seu pai da forca! Conheci uma senhora brasileira que mora nos Estados Unidos há mais de 40 anos. Ela fala inglês super devagarzinho e me disse, “Gosto de falar devagar porque não gosto de repetir o que digo.” Fiquei com isso um tempão na cabeça e ela está certa. Se você está falando uma língua estrangeira, não há porque falar rápido e ter que repetir depois. Eu tenho a tendência de falar rápido e muitas vezes “como” algumas sílabas, tanto em português como em inglês, então um exercício constante para mim é tentar falar mais devagar e mais articuladamente para que me entendam melhor – e eu não tenha que repetir!
Tenho mania de falar "correndo" o inglês. Besteira. Maior vacilo. Speak slowly. Vou tentar esta dica.
05. Corrija-se! Enfrentar o erro de frente e corrigi-lo é importantíssimo. Quantas vezes seu professor já não te corrigiu e você voltar a cometer o mesmo erro? Mude de atitude: quando errar, analise bem o que errou e treine até não errar mais. Seja consciente e responsável pelo seu aprendizado e não encare o erro como “ah, errei agora e depois eu corrijo”. Isso não pode acontecer. Tenho certeza de que você quer chegar a um nível excelente de inglês (e por isso está lendo este artigo) então não fique só “torcendo pelo seu time”, entre em jogo e entre para ganhar! E outra coisa, sem ficar dando desculpas tipo “nossa, minha pronúncia é péssima” ou “nunca vou conseguir falar direito”. Isso é fala de gente preguiçosa que não quer se esforçar para melhorar. Então tome responsabilidade e fique excelente!
Uma vez, meu professor pronunciou erradamente uma palavra. Ou usou o plural de forma errada. Depois da aula, falei com ele. Com jeito. Todos erram.O importante é corrigir. Como disse alguém cartesianamente: não sou nativo, portanto, erro. 

Por hoje e só!

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Você tem preconceito? Não? E com os ateus?


Hoje, em nossa sociedade politicamente correta, levantam-se todos contra os preconceitos. Quando não são presos aqueles que apresentaram algum comportamento considerado preconceituoso. Homofobia, em breve, será crime. Racismo, nem pensar (além de ser algo burro.Burro? é melhor tirar este termo pois,há tendência a criar o animalfobia, isto é, utilização de nomes de animais para para falar de defeitos dos humanos). Até "psicofobia", um psiquiatra me sussurrou dia destes, entre um chope e outro. Portanto, o preconceito para muitos comportamentos  é  - felizmente - combatido. Menos para os ateus, que sofrem um preconceito muito maior do que para usuários de drogas. Quase ninguém votaria em um ateu para governador ou presidente, por exemplo. Soube de uma jovem senhora que quando soube que o candidato a namoro era ateu pensou que ele até "comia" criancinha no café da manhã, como os comunistas. É o tema da postagem de hoje.

Marina Oliveira e Thaís Macena


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A estudante Ingridi Tombini, de 20 anos, do Rio Grande do Sul, nunca gostou de rezar, as até os 15 anos frequentou a igreja católica e chegou a estudar a doutrina por exigência dos pais. Hoje, ela se declara ateia, alguém que não acredita em deuses. "Acho que, se alguém pode me ajudar, esse alguém não é Deus e, sim, a família e os amigos. Não me sinto desamparada por não ter fé. Quando tenho alguma dificuldade na vida, paro e penso o que devo fazer para superá-la", diz.
Hoje, em nossa sociedade politicamente correta, alvoraçam -se todos contra os preconceitos
O Censo 2010, divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), indicou que 8% da população brasileira, mais de 15 milhões de pessoas, assim como Ingridi, declaram não professar nenhuma religião. O número de pessoas que faz parte dessa estatística cresce com o passar dos anos: em 2000, cerca de 12,5 milhões de pessoas assumiam não ter religião, representando 7,3% da população.
Não é possível afirmar que, nessa categoria do Censo, todos sejam ateus. Afinal, ela também reúne pessoas que creem em uma divindade, mas não seguem uma religião específica. Mesmo assim, o número chama a atenção. "Ainda estamos tentando mensurar o número de ateus no Brasil", diz Daniel Sottomaior, presidente da Atea (Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos). A entidade tem, atualmente, 13 mil associados. Mas a página do Facebook já reúne quase 350 mil fãs.
Para o filósofo Anderson Clayton Santana, mestrando em Ciências da Religião pela PUC (Pontifícia Universidade Católica) de Goiás, a mentalidade pragmática em relação à vida pode ser uma das portas para o ateísmo. "Estamos em uma sociedade que valoriza o gozo e a felicidade. Nesse contexto, a religião que prega que a vida é sofrida e que temos que nos conformar com isso está fadada ao fracasso", diz.
Muitos ateus nasceram em famílias religiosas, mas passaram a questionar os dogmas em algum momento de suas trajetórias pessoais. Foi o que aconteceu com o projetista mecânico Ramom Mirovski, de 21 anos, de Curitiba. "Nas aulas de ciências e história do colégio, eu comecei a achar respostas plausíveis para as minhas dúvidas, que não tinha encontrado na religião. Aos 13 anos, eu nem sabia da existência da palavra ateu e muito menos conhecia a definição do termo. Mas já era um adolescente que não acreditava em Deus por não ver motivos lógicos para a existência dele", diz.
Os ateístas defendem que crer em uma divindade não é uma condição para encontrar um sentido para a vida. Nos momentos difíceis, quando muitos recorrem à fé para seguir em frente, ateus voltam seus pensamentos para si mesmos. "A vida não é fácil, entendo pessoas religiosas que precisam de algum tipo de alicerce para viver. Mas confio em mim mesmo para me ajudar e resolver os meus problemas. Não vou me sentir desamparado enquanto tiver confiança na minha pessoa", explica o projetista mecânico.

Preconceito existe

Assim como acontece com os religiosos, nem todos os ateístas são iguais. Há desde os militantes, que atuam na defesa da causa, aos que apenas não creem no divino sem ter necessariamente pensado muito a respeito. "Não se trata de uma qualidade do ateísmo e, sim, da maneira como as pessoas se relacionam consigo mesmas, com a sua vida e com as demais. Há quem seja mais reflexivo, racional e há quem seja mais fanático ou militante", explica o teólogo Erico Hammes, professor da PUC (Pontifícia Universidade Católica) do Rio Grande do Sul.
Independentemente das diferenças, ateus ainda são uma minoria no país. E, no Brasil, em que ser temente a Deus é quase um imperativo social, ir contra a maioria, geralmente, resulta em preconceito. Uma pesquisa feita pelo Instituto Rosa Luxemburgo e a Fundação Perseu Abramo, em 2008, revelou que 42% dos brasileiros sentem aversão aos ateus. Desses, 17% declararam sentir ódio ou repulsa e 25%, antipatia. O número é maior do que a aversão aos usuários de drogas, que chegou a 41%.
Mas, em um país tão religioso, não seria um contrassenso ter ódio de quem não tem fé? "O motivo do ódio não é nem religioso nem ateu. Ele se apoia na incapacidade de conviver com quem pensa e vive de modo diferente", explica Erico Hammes.
"Somos odiados como qualquer um que avise que não é o Papai Noel que traz os presentes", diz o tradutor Thiago Sprovieri, de 29 anos, de São Paulo. O biólogo Henrique Abrahão Charles, de 37 anos, do Rio de Janeiro, concorda. "Ser ateu no Brasil é extremamente difícil. Ao dizer que é ateu, você pode perder o emprego, a admiração, o prestígio, os amigos e causar ódio nas pessoas. Mais cedo ou mais tarde, vamos precisar de asilo político na Noruega", diz.
Diante desse cenário, vale a pena insistir na descrença? Os ateus garantem que sim. "Vivo uma vida plena, sem excessos, com uma família linda. Vivo uma vida de filosofia e ciência, em que a felicidade é importante, sem cabrestos dogmáticos. Ser ateu me possibilita sentir e degustar cada momento de minha existência como se fossem os últimos, porque eu entendo que realmente são", diz Charles

Agora, me digam leitores do blog, vocês têm preconceito com os ateus? Ainda?

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Poema de Drumond brigando com BH por causa da Igreja São José de BH.

Em São José do Rio Preto, havia uma bela e antiga catedral, cercada por uma praça cheia de Andorinhas. Transformaram-na em Centro Comercial, reformaram-na e à praça, hoje sem andorinhas. Não havia um Drumond na época por lá. Mas aconteceu em BH. Conto a história.

Rompimento de Drummond

A Igreja de São José foi uma das causas do rompimento de Carlos Drummond de Andrade, mineiro de Itabira, com a cidade de Belo Horizonte, cujas ruas e habitantes permearam boa parte de sua obra. Foi lá que o escritor, considerado um dos mais influentes poetas brasileiros do século 20, estudou e iniciou sua carreira literária.
Drummond deixou de lado as crônicas que publicava no "Jornal do Brasil" e, em 14 de agosto de 1976, publicou no espaço o poema "Triste Horizonte".
Foi o anúncio do rompimento com a cidade. O poeta jamais retornou a Belo Horizonte até sua morte, em agosto de 1987. Dias antes da publicação, a Igreja de São José havia aberto seus jardins para a instalação de um estacionamento e anunciava a venda dos terrenos de dois quarteirões laterais, na rua Tupis e na rua Rio de Janeiro, onde antes existiam jardins, para a construção de um complexo de lojas, que ocupam a área há 30 anos.
Os vendilhões do templo talvez pertencessem ao próprio templo.
Leia o poema:
"Anda! Volta lá, volta já. E eu respondo, carrancudo: Não.
Não voltarei para ver o que não merece ser visto, o que merece ser esquecido, se revogado não pode ser.
Esquecer, quero esquecer é a brutal Belo Horizonte que se empavona sobre o corpo crucificado da primeira. Quero não saber da traição de seus santos. Eles a protegiam, agora protegem-se a si mesmos.
São José, no centro mesmo da cidade, explora estacionamento de automóveis. São José dendroclasta não deixa de pé sequer um pé-de-pau onde amarrar o burrinho numa parada no caminho do Egito. São José vai entrar feio no comércio de imóveis, vendendo seus jardins reservados a Deus.
Sossega minha saudade. Não me cicies outra vez o impróprio convite. Não quero ver-te, meu Triste Horizonte e destroçado amor."

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Por que Acumular objetos sem utilidade???

Talvez a carapuça vá servir para muita gente. Mas, por que acumulamos tanta coisinha, tanta miudeza, tanta bobagenzinha?  Ismael dos Santos, psicólogo, vai explicar.


Muitos de nós gostamos de ter reservas, nunca se sabe quando precisaremos daquela sacola plástica, então providenciamos um “puxa saco” – recipiente próprio para armazenar sacolas de supermercado. Nunca se abe quando vamos ter vontade de reler aquela revista, então lotamos o revisteiro com números antigos. Nunca sabemos quando teremos tempo para ler o jornal, então vamos acumulando os montes num canto do quarto. Opa! Agora já é exagero!

Essa é a grande questão, quando perceber que o acumulo de objetos que não utilizamos chegou ao exagero?
Uma coisa é certa quase nunca o próprio acumulador percebe. Quem se dá conta são os familiares e amigos e sentem que a casa está mais abarrotada do que precisaria. Em casos extremos há pessoas que mal podem andar pelos corredores, que tem vergonha de receber pessoas e nunca mais recebem alguém em sua casa, como mal dá para tomar banho, pois algumas vezes até o box é tomado por objetos esta pessoa acaba também por não sair de casa, mas aí o quadro já está grave demais.
Isto é um quadro de ansiedade extrema chamado TOC – Transtorno obsessivo compulsivo. Aquela coleção que era bonitinha no inicio se torna um acumulo de objetos sem sentido. Ou aquela mania excêntrica de guardar “raridades” como as unhas que foram cortadas, os fios de cabelo que caíram também são sinais de grande sofrimento psicológico.
Este comportamento de acumulo de objetos pode ser a busca de uma saída para apaziguar dores emocionais incontroláveis. Esta pessoa sofre internamente, como não conseguiu uma saída acaba se lançando em comportamentos repetitivos de acumulo com a sensação de que será “provida” mas o que ela precisa não são deste objetos mas de acolhimento psicológico - o que ela ainda não sabe.
As dores emocionais que levaram esta pessoa a este estado podem ser de muitas origens. Separações, frustrações, perdas, falta de contato humano verdadeiro são os mais comuns.
Estes casos devem ser observados pela família, pois a própria pessoa está presa num emaranhado emocional que a faz pensar que “está dando certo”, mas não está. Este acumulo de objetos desnecessários a faz doente fisicamente, pois a sujeira se acumula e aumenta a cada vez mais o sofrimento emocional. Ela tenta ampliar os acúmulos – pois no inicio o acumulo ofereceu certo alivio, mas agora não dá mais a mesma sensação. Agora é só angustia e dor. Mas ela tenta repetir o que deu certo uma vez, sem resultado.
Amigos e familiares devem levar esta pessoa a um psicólogo imediatamente. A dor é tão intensa que dificulta que o próprio acumulador a expresse. Um psicólogo o ajudará no caminho para lidar com estas dores emocionais.

sábado, 1 de novembro de 2014

Ariano Suassuna e suas histórias.

Para mostrar que todos somos brasileiros, mineiros, paulistas, nordestinos, nortistas, baianos, gaúchos, etc., e que temos, em todas as regiões, grandes artistas, em todo  as áreas e como homenagem a Ariano Suassuna, seguem umas curiosas histórias deste genial autor. Curiosamente a  postagem sai dois dias após a escolha do substituto de Ariano na Academia Brasileira de Letras, o mineiro de Além Paraíba, Zuenir Ventura, autor de vários livros, entre eles "1968, o Ano Que Não Terminou". Tenho o livro. Maravilhoso.

Atribuídas a Ricardo Noblat.

Conversa de Ariano Suassuna com um amigo.
- Eu só viajo de carro porque tenho medo de avião.
- Que é isso, Ariano? Você viaja de carro por estradas ruins e de repente encontra um buraco. O carro cai no buraco, capota e lá se foi você – argumentou o amigo.
- E no avião, em que o buraco acompanha o voo?
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Ariano entrou agoniado no táxi. Ia para um evento na Academia Brasileira de Letras e estava vestido a caráter - uniforme de gala, ou fardão, como é conhecido, de veludo com detalhes dourados.
A mulher de Ariano falou para o taxista:
- Vamos logo que ele já está atrasado para o evento.
No que o taxista respondeu:
- Do jeito que ele está vestido, duvide-o-dó que essa festa comece sem ele!
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Candidato a uma vaga na Academia Brasileira de Letras, João Ubaldo pediu a Jorge Amado, seu amigo, que intercedesse por ele junto a Ariano. Jorge e Ariano já eram “imortais”.
- Não posso. Uma vez pedi o voto de Ariano para a eleição de Eduardo Portela. Ele disse que votaria e não votou – respondeu Jorge.
Mas diante da insistência de João Ubaldo, concordou em procurar Ariano. Que garantiu seu voto para João Ubaldo.
- É, mas você garantiu para Eduardo Portela e não votou – lembrou Jorge.
- Você tem toda razão. Prometer, eu prometo. Mas sou meio esquecido – encerrou Ariano.
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De Ariano:
- Bom mesmo é falar mal pelas costas, porque pela frente é constrangedor.
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Quando Ariano foi convidado para ser Secretário de Cultura do Recife, o assessor de imprensa da prefeitura pediu-lhe um currículo para distribuir com os jornalistas e ser publicado no Diário Oficial do município.
- Não tenho currículo - respondeu Ariano.
Impaciente, o assessor insistiu:
- Todo secretário tem que apresentar um currículo.
Aí foi Ariano que ficou impaciente. E disse:
- Então anota aí: Ariano Suassuna, escritor brasileiro, razoavelmente conhecido no Exterior.
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- As coisas estão mudando muito. Já não reconheço algumas – comentou Ariano com Leda Alves, sua amiga, quando exercia o cargo de pró-reitor comunitário da Universidade Federal de Pernambuco.
- O que foi que houve? Conte – pediu Leda.
- Me chamaram no Departamento de Pessoal. E a moça de lá foi logo me perguntando: “O senhor é do Qufupe, não é? Respondi: “O que é isso, moça... Não sou homem disso não.” Mas aí ela veio com uma conversa ainda pior. Me olhou e disse: “É porque o senhor tem duas dentro e não gozou”. E aí eu disse: “Moça, essa conversa está muito atrapalhada. Não é pra mim. Adeus”. E fui embora.
Ariano fingiu não saber que Qufupe era a abreviação de Quadro Único da Universidade Federal de Pernambuco. E que “duas dentro” significava duas licenças a que tinha direito, mas que não tirara ainda.
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Ariano costumava chamar a morte de "Caetana". E em suas aulas-espetáculo sempre dizia assim:
- Não vou morrer. Vou me esconder da "Caetana" e ela não vai me pegar.
No Festival de Inverno de Garanhuns, ele encerrou o que seria sua última aula dizendo:
- Vou dizer uma coisa a vocês: eu vou morrer. Vou, sim. Mas meus personagens ficarão todos com vocês.