Fazenda onde nasceu o blogueiro. Foto Luis Fernando Gomes

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domingo, 28 de abril de 2013

“TODOS SOMOS BISSEXUAIS. HETEROSSEXUALIDADE NÃO É NATURAL. É COMPULSÓRIA”


Leiam o texto antes de tirarem suas conclusões e mergulhem na ideia sem preconceitos. Talvez sirva para chocalhar os nossos neurônios.

Achei o texto na internet. Não tinha o nome do autor.

Apesar das mudanças sociais e maior abertura com relação à discussão da sexualidade, os bissexuais ainda são vistos com desconfiança e são alvo de preconceito. Um exemplo é Daniela Mercury, que desde que assumiu seu relacionamento amoroso com uma mulher tem sofrido críticas. A declaração da cantora atingiu também seu ex-marido, Marco Scabia. Ter dito que aceitava com naturalidade a sexualidade da ex-mulher causou estranhamento e lhe rendeu ser ironizado até na imprensa.

Para Richard Miskolci, professor do departamento de Sociologia da UFSCAR (Universidade Federal de São Carlos), a sociedade exerce forte influência para que os indivíduos se definam como heterossexuais. "Todos têm essa possibilidade de se relacionar com o mesmo sexo, mas, no processo de socialização, as pessoas podem perdê-la. Desde crianças somos adestrados. Heterossexualidade não é algo natural, hoje sabemos que ela e compulsória", declara Miskolci. 
"Nas ciências sociais, desde a década de 1960, começaram a surgir estudos que mostram que as pessoas são socialmente treinadas para gostar do sexo oposto", afirma o professor, que pesquisa o uso das mídias digitais voltadas para pessoas que buscam parceiros amorosos. "Muitos homens casados ou com noiva e namorada criam perfis buscando relacionamento com outro homem, a maioria em segredo" 

Preconceito

A educadora Juliana Inez Luiz de Souza, 25 anos, que também é assessora em uma central sindical de Curitiba, no Paraná, conta que é muito comum sofrer preconceito quando está de mãos dadas com sua mulher. "Ouço frases do tipo: "Posso entrar no meio?" ou "Sapatão dos infernos". Já jogaram ovo na gente, levei cuspida junto com uma namorada", declara Juliana. "Mas não é porque sou casada com uma mulher e pretendo ficar muito tempo com ela que eu sou lésbica. E também não significa que quando estou com um homem sou heterossexual. Sou bissexual. E as pessoas precisam saber que isso existe". 

Além dos problemas enfrentados por Juliana, muitos outros podem aparecer no caminho de quem decide mostrar à sociedade que essa é sua orientação sexual.  "O bissexual sofre muito preconceito. Já ouvi muitas vezes que não existe bissexual, mas homossexual que não quer se assumir. Isso não é verdade", afirma o psiquiatra, sexólogo e diretor do departamento de Sexualidade da Associação Paulista de Medicina Ronaldo Pamplona da Costa.

Segundo a psicanalista Regina Navarro Lins, é comum a acusação de que os bissexuais ficam em cima do muro. "São tidos como gays enrustidos. Numa cultura de mentalidade patriarcal, se você diz que é bissexual, também informa que faz sexo com seu oposto, o que pode amenizar um pouco o preconceito", afirma Regina, que é autora de onze livros entre os quais "A Cama na Varanda" e "O Livro do Amor" (editora Best Seller), além de manter um blog no UOL

Ideia equivocada


Além de tachados como indefinidos sexualmente, os bissexuais também podem ser considerados promíscuos por alguns, como conta Juliana. "É outro clichê: bissexual é pervertido e topa tudo. As pessoas têm a visão que bissexual não se completa só com um na hora da transa, que precisa ter o outro",  fala a assessora, que completa: "Eu me contento muito bem, seja com um ou com outro. Estou casada com uma mulher há três anos e minha relação é monogâmica, como a maioria dos casamentos, no estilo tradicional".

A psicóloga Claudia Lordello explica que essa é uma ideia errada a respeito das pessoas com essa orientação. "O bissexual pode ter relacionamentos estáveis e duradouros", afirma ela, que também é sexóloga do projeto Afrodite, o ambulatório de sexualidade feminina da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). 
"Há promíscuos e não promíscuos heterossexuais, bissexuais e homossexuais. O indivíduo que realiza sua bissexualidade não pode ser considerado promíscuo por esse comportamento exclusivamente", declara a psiquiatra Carmita Abdo, fundadora e coordenadora do ProSex (Programa de Estudos em Sexualidade da USP). "Promiscuidade é trocar ou acumular parcerias sem critério e sem limite. É fazer do sexo uma forma banal e irresponsável de relacionamento. E isso resulta de um perfil de personalidade independentemente da orientação sexual", diz a médica. 

Carmita explica que o bissexual tem como característica sentir-se atraído pelos dois sexos, mesmo que não exercite essa prática. "Essa pessoa pode decidir e se empenhar para restringir-se a um só tipo de relacionamento, porque fez um investimento emocional numa relação, constituiu família por exemplo. Mas, em essência, o bissexual continua atraído por homens e mulheres".

Ou seja: há os que se definem por uma relação no concreto e sublimam o outro lado ou o vivem apenas na fantasia, por meio de filmes, internet. E há os que fazem sexo de forma concreta com homens e mulheres.


Pesquisa


Em 2008, para o estudo Mosaico Brasil, coordenado pela psiquiatra Carmita Abdo, foram entrevistados mais de 8.200 brasileiros entre 18 e 80 anos, em dez capitais, sendo 49% homens e 51% mulheres. Entre várias outras perguntas, os participantes responderam se faziam sexo habitualmente só com homens, apenas com mulheres ou com os dois. O resultado: 2,6% dos homens responderam que faziam sexo com ambos e 1,4% das mulheres deram a mesma resposta. "Ou seja, 4% das pessoas se identificaram como bissexuais, no Brasil. É um número que coincide com as estatísticas internacionais de pessoas adultas que já têm sua orientação sexual definida", conta Carmita.

Fronteiras


Para a historiadora Mary Del Priore, a noção de bissexualidade ganhou força a partir dos anos 1970, com as transformações sociais como a entrada das mulheres no mercado de trabalho, a liberdade sexual trazida pela pílula anticoncepcional e o movimento hippie.

"Mulheres vestem calças compridas e se masculinizam para vencer profissionalmente. Rapazes deixam os cabelos compridos. Começam a se apagar as fronteiras entre o que é masculino e feminino, permitindo às pessoas transitarem de um papel para o outro. É o pano de fundo para o conceito da bissexualidade", fala Mary, que estuda a sexualidade no Brasil através dos séculos.

"Caminhamos para um mundo onde os papéis sexuais vão ficar cada vez mais diluídos e as pessoas vão se permitir escolher e não ser necessariamente a mesma coisa a vida toda", afirma a pesquisadora, que finaliza: "A bissexualidade se abre hoje como uma possibilidade para todo mundo. Acho que a intolerância em relação ao bissexual vai decrescer". 

O pensamento da psicanalista Regina Navarro Lins segue essa linha de raciocínio. "É possível que haja mais bissexuais daqui a algum tempo por conta da dissolução das fronteiras entre masculino e feminino. Não existe mais nada que só interesse a mulher
ou ao homem.

Ela também explica os motivos que a levam a concordar que os bissexuais terão mais liberdade para assumirem sua orientação. "Acredito que, no futuro, muito mais gente poderá ser bissexual porque a escolha de objeto de amor provavelmente se dará pelas afinidades e não pelo fato de ser homem ou mulher", afirma.
 

Tudo pode mudar


O indivíduo pode descobrir ter atração pelos dois sexos em qualquer momento da vida. "Esse interesse pode ser pelo mesmo sexo ou o contrário: a pessoa vive uma relação homossexual e, descobre que tem desejo pelo sexo oposto", segundo a psicóloga Claudia Lordello.
 
O psiquiatra Ronaldo Pamplona da Costa também acredita nesta possibilidade. "A orientação sexual pode ir mudando no decorrer da vida. Sei do caso de um homossexual assumido por 30 anos, casado com outro homem que, aos 60, casou com uma mulher por opção", fala o psiquiatra que também é autor do livro "Os Onze Sexos – As Múltiplas Faces da Sexualidade Humana" (Kondo Editora). 

Mas, segundo Fernando Seffner, professor da pós-graduação em Educação e coordenador da linha de pesquisa em Educação, Sexualidade e Relações de Gênero na UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), não existe uma estrutura social que permita ao bissexual viver sua orientação tranquilamente.

"O sujeito prefere manter compromisso estável com uma mulher, de quem gosta de verdade, e ter relações com homens em segredo", conta Seffner, cuja tese de doutorado abordou a bissexualidade masculina. Para ele, o movimento gay tem o grande mérito de ter construído a homossexualidade como vida viável, com possibilidade de adotar filho, ter um companheiro, estrutura social, mesmo com os preconceitos. 





quinta-feira, 25 de abril de 2013

Só Pessoas Boas Ficam Deprimidas.


A frase de efeito foi cunhada por Dorothy Rowe, psicóloga australiana, nascida em 1930 e que mudou para Inglaterra na década de 70, onde construiu idéias bem curiosas sobre depressão e se tornou palestrante de sucesso. Passou muitos anos atendendo pacientes deprimidos e acabou rejeitando o modelo médico de doença mental, trabalhando com a teoria de construção pessoal: todos nós temos um conjunto de construtos (crenças) a respeito do mundo e das pessoas que nele habitam. Ela acredita que a depressão é o resultado de crenças que não ajudam as pessoas a viverem bem consigo mesmas ou com o mundo. Sobretudo a crença no Mundo Justo, isto é, que os maus são punidos e os bons recompensados, o que leva a exacerbação dos sentimentos de medo e ansiedade se acontece algum “desastre”. Aceitar que o mundo externo é imprevisível é o primeiro passo para a recuperação da saúde mental.
E continuando a idéia da psicóloga australiana:  se as pessoas parassem de se culpar pelas coisas que acontecem em suas vidas, as taxas de depressão cairiam.
Cultura, pais, família e nossos pares costumam colocar em nossa cabeça que o mundo é um lugar justo e racional e que, se formos  bonzinhos, coisas boas nos acontecerão. Se as coisas vão bem quando agimos bem, o que acontece quando as coisas vão mal? Essa crença no mundo justo nos faz sentir culpados pelas coisas ruins que acontecem conosco.
Se somos injustiçados ou magoados nos perguntamos: por que isto foi acontecer comigo? Logo comigo? Ou só acontece comigo. E procuramos descobrir o que fizemos para provocar aquele transtorno. Até em casos de desastres naturais. Acusar a si mesmo, sentir culpa, impotência e vergonha são atitudes irracionais que surgem quando acontece coisas ruins na nossa vida. Lógico que isto vai  levar à depressão.
Dorothy Rowe é enfática: somos nós que criamos e escolhemos nossas crenças. Compreendendo isto, deixamos de acreditar num mundo justo e refletir RACIONALMENTE sobre as experiências negativas. Ela esclarece: podemos sofrer com pais violentos, perder emprego, ter a casa inundada, mas estas coisas aconteceram não porque nascemos condenados à desgraça, azarados, nem porque merecemos ser maltratados. É muito importante que paremos de pensar que tudo que acontece é pessoal.  Enxerguemos os fatores externos como externos mesmos, e que coisas ruins acontecem porque simplesmente tinham que acontecer. Ou como ela diz sabiamente: Basta se culpar pelo desastre que caiu sobre você para fazer a tristeza virar uma depressão.
Ah, pessoas más não se culpam. E o mundo é injusto.

domingo, 21 de abril de 2013

Mitos e Verdades Sobre o Cérebro.


Um assunto que sempre me agrada se relaciona às novas descobertas sobre este nosso amigo, o cérebro. Vi este texto e pincei alguns temas interessantes.

Alguns Mitos e Verdades sobre o Cérebro.



Quanto maior o cérebro, maior a inteligência. MITO: o tamanho não é indicador desta qualidade. A massa encefálica de pessoas mais inteligentes é bem parecida anatomicamente com a de qualquer um, pois o peso e o volume cerebral não mostram variação significativa. "O que ocorre é a presença de redes cognitivas mais eficientes, maior velocidade de processamento e melhor estratégia para levar a cabo determinada tarefa intelectual. Mesmo se compararmos o cérebro humano com o de outras espécies, veremos que o tamanho não é sinal de capacidade: elefantes e baleias têm este órgão bem desenvolvido e não são mais perspicazes que os homens", explica o neurologista Leandro 
Beber demais causa danos ao órgão porque destrói neurônios. VERDADE: inicialmente, o consumo exagerado de álcool leva a uma alteração funcional sem perda de neurônios, iniciando um quadro clínico de desatenção, desequilíbrio e confusão mental que, felizmente, é reversível. "Com o passar dos anos e uso frequente e excessivo mantido, ocorre diminuição da capacidade mental e atrofia cerebral, causada por perda de neurônios e simplificação de suas cognições. Pode haver, ainda, prejuízo indireto com carência vitamínica, traumas e outras complicações relacionadas indiretamente ao vício", destaca o neurologista Leandro Teles. A neurocientista Alessandra Gorgulho salienta que a bebida promove a progressiva atrofia cerebral devido à morte celular em áreas específicas, causando demência alcoólica, doença também conhecida como Síndrome ou Psicose de Korsakoff. "Ela também está associada a deficiências nutricionais. O sintoma mais proeminente é a confabulação, ou seja, criação de histórias para compensar ou minimizar a falta de memória" 

O cérebro do homem é diferente do cérebro da mulher. VERDADE: isso acontece por questões anatômicas, hormonais e culturais. O do homem é maior, mais pesado e mais capacitado, de modo geral, para soluções pragmáticas, raciocínio lógico e habilidades motoras. Já o feminino se destaca em criatividade, intuição e questões sociais. "Não existe superioridade global de um modelo sobre o outro, mas tendências e limitações que os tornam diferentes", assegura o neurologista Leandro Teles. Antonio de Salles, chefe do Centro de Neurociências do Hospital do Coração, este é um tema controverso. "Do ponto de vista leigo, podemos dizer que homens e mulheres processam algumas informações de maneira distinta: elas são notórias por terem maior percepção de detalhes e desenvoltura com a linguagem, enquanto eles são menos detalhistas, porém mais diretos e sistemáticos na tomada de decisões, com facilidade para o raciocínio geométrico e abstrato. E claro que, mesmo com tais prevalências, há exceções. É bom deixar claro que essas particularidades, além de não implicarem em superioridade de um sexo sobre o outro, são necessárias na natureza para assegurar a sobrevivência da espécie"

Só utilizamos 10% da nossa capacidade cerebral. MITO: tal número é frequentemente citado sem nenhum embasamento científico. "O potencial do órgão é incomensurável e ainda desconhecido em termos de quão longe a inteligência humana pode chegar. Onde está o limite do que podemos conquistar" Não há resposta para esta questão. Mas dizer que as pessoas não utilizam o cérebro humano em sua totalidade não é verídico, e isso está confirmado por todos os estudos científicos existentes", defende a neurocientista Alessandra Gorgulho. Já o neurologista Leandro Teles observa que o percentual ativado depende diretamente da atividade que estamos realizando. "Durante um dia ou uma dinâmica complexa, certamente acionamos praticamente todas as áreas cerebrais
O cérebro regula a razão, e o coração regula a emoção. MITO: razão e emoção são habilidades exclusivas do cérebro. "O coração é uma bomba muscular que leva o sangue oxigenado aos tecidos, inclusive ao cérebro, mas não detém nenhuma capacidade cognitiva ou de percepção do mundo", explica o neurologista Leandro Teles. Tal afirmação tem origem no fato de que o coração reage à resposta do cérebro à emoção com o aumento do batimento cardíaco, levando ao mito de que o coração é o órgão que "sente as emoções". "Mas, na verdade, o cérebro assimila e interpreta as emoções, transmitindo suas consequências para o resto do organismo por meio do sistema nervoso. Afeta, assim, o coração e outros órgãos, levando não apenas ao incremento cardíaco mas também à sudorese nas mãos, face vermelha, sorriso ou lágrima", completa a neurocientista Alessandra Gorgulho 
A prática de exercícios físicos favorecerá o cérebro na velhice. VERDADE: trabalhos internacionais e nacionais mostraram relação entre atividade física regular durante a vida e melhores índices cognitivos na terceira idade. De acordo com o neurologista Leandro Teles, tal ligação se dá mesmo entre pessoas que começam a mexer o corpo em idade avançada e em pacientes com esquecimentos e formas iniciais de doença de Alzheimer. "Portanto, ginástica ou esporte feito com seriedade protege o cérebro e retarda e ameniza os sintomas de doenças degenerativas", conclui o médico. Antonio Salles complementa informando que o órgão emprega 15% do fluxo sanguíneo corporal e 20% do consumo de oxigênio do corpo. "Quando nos exercitamos, aumentamos o fluxo sanguíneo cerebral, o que leva a vários efeitos positivos: integridade dos pequenos vasos, demanda sanguínea adequada para a área motora do cérebro, suprimento de micronutrientes para o bom metabolismo de neurotransmissores e estímulo para liberação de endorfinas responsáveis pelo bem-estar". E tem mais: segundo a neurocientista Alessandra Gorgulho, estudo recente com jovens estudantes irlandeses mostrou que, após o exercício, houve melhora em tarefas relacionadas à memória. "Ficou evidente o aumento celular no hipocampo, região do cérebro importante na manutenção da memória. Porém, tal incremento parece ser efêmero, desaparecendo quando a ginástica é abandonada. Portanto, os benefícios parecem ser semelhantes ao que se observam nos músculos: eles são eficazes se regulares, realizados habitualmente" 
 Exercitar o cérebro nos torna mais inteligentes. VERDADE: o órgão melhora com a prática. Fica mais rápido, erra menos e cria atalhos mentais. "A inteligência é um conjunto complexo de habilidades cognitivas, fruto da genética e do ambiente", diz o neurologista Leandro Teles, acrescentando que pessoas que exercitam a mente no cotidiano, no trabalho ou mesmo com atividades recreacionais estão mais protegidas contra sintomas de desatenção, esquecimentos e baixa do rendimento intelectual. "Nossa cabeça surpreende muito com a prática: dominamos idiomas e instrumentos musicais, revelamos habilidades artísticas e outras particularidades", diz. Para o neurocirurgião Antonio Salles, o constante exercício cerebral significa somar conhecimento, usar funções estabelecidas e até desenvolver capacidades antes não presentes, como falar uma nova língua 
O uso do cérebro é proporcional ao nível intelectual do indivíduo. VERDADE: sabemos, no entanto, que áreas específicas são encarregadas de funções diferentes, chamadas a participar quando a ação é requisitada - o que acontece com as áreas motora, sensitiva, da emoção e da memória. "Portanto, usamos todo o cérebro, só que em momentos e situações particulares de acordo com nossas atividades. E tem mais, existe uma grande reserva de plasticidade, ou seja, algumas regiões são convocadas a suprir deficiências de outras em casos de doenças. Em outras palavras, o homem tem capacidade para utilizar seu cérebro completamente, dependendo da situação em que está engajado", diz o neurocirurgião Antonio Salles
Ao utilizarmos o cérebro, consumimos energia do nosso corpo. VERDADE; o órgão consome 20% do total da energia requerida para todo o corpo humano. Destes 20%, dois terços são usados para comunicação entre as células. "Isso mantém constante a integração química e elétrica de todas as áreas funcionais do cérebro", informa a neurocientista Alessandra Gorgulho. O terço restante parece ser usado nos cuidados da saúde cerebral e manutenção da "máquina" como um todo, como limpeza celular, reposição de metabólitos importantes e proteção contra infecções. "Tais dados foram sugeridos em um estudo publicado na revista da National Academy of Science por um grupo de cientistas americanos da Universidade de Minnesota, Estados Unidos"

Jogar videogame, damas, memória e cartas, por exemplo, aumenta o QI. VERDADE: "Jogos com atividades mentais estimulam o raciocínio, a concentração, a estratégia e a memorização. Muitos trabalhos conseguiram elevação de QI com aplicação seriada dessas modalidades", assegura o neurologista Leandro Teles. Antonio Salles, chefe do Centro de Neurociências do Hospital do Coração, assina embaixo e afirma que a capacidade de integrar conhecimentos está relacionada à atividade constante da rede neural. "O processo é semelhante ao que acontece com os músculos: eles se tornam mais capazes e ativos quando exercitados. Da mesma forma, o treino mental aumenta nossa habilidade intelectual" 

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Madrasta e Enteados. Conflitos à vista.



Estamos vivendo momentos de grande mudança na instituição de casamento. Até o casamento gay já veio para ficar. Mas o segundo casamento entre heterossexuais já faz tempo que está por aí. E um dos grandes conflitos é a relação entre um dos pares e os filhos do outro. Este texto de uma psicóloga é interessante: Dicas para relacionamento entre Madrasta e Enteado. Ou padrasto e enteada.

Silvia Maria de Carvalho 
é psicóloga clínica e analista do comportamento

O casamento, por si só, pede mais que amor para durar. É preciso uma boa dose de elasticidade ou flexibilidade - como quiser chamar - para semear a planta que agora nasce: não é mais só você, nem só seu marido: é a relação de vocês.
O que diremos então dos recasamentos?

Confusos pelo sofrimento do divórcio, os que avançam na direção de novos relacionamentos esperam encontrar felicidade na segunda vez. Mas quando se trata de misturar os filhos de casamentos anteriores, a segunda vez é a primeira.

Os participantes dessa história não tiveram tempo para garantir um vínculo coeso no casamento. Os filhos já estão aí. É preciso trabalhar todas as questões ao mesmo tempo.

A formação de uma família por recasamento não é verdadeiramente uma mistura de famílias. Embora seja bom querer ser "uma grande família feliz", a maioria das famílias realmente felizes é constituída de muitas partes, subgrupos distintos que precisam de tempo para partilhar confidências, brigar e compor, resolver problemas, trabalhar em projetos e funcionar juntos.

Há indivíduos com suas identidades e fronteiras a serem respeitadas. É preciso cuidado e tato.
Ansiedade é um grande erro

Essa é a primeira grande dica que tenho pra te dar: entender o funcionamento e considerar a história existente antes de vocês, às vezes não é suficiente. É preciso aguentar, esperar sua vez e respeitar as lealdades anteriores entre pais e filhos. Na ânsia de acertar e conseguir afeto muitas famílias recasadas cometem um grande erro ao não fazer isso.
 

Outro ponto importante é não fazer de tudo para ser aceita rapidamente. Nada acontece de forma brusca. Os filhos do divórcio têm pensamentos realmente assustadores. Eles viram seus pais deixar de amar um ao outro. A possibilidade de abandono os aterroriza. A competição com a nova família é bastante séria.
 

O papel da madrasta não é simples pela visão dos filhos do marido num primeiro momento. Quando esse homem decide se casar, a mulher que está entrando em sua vida vai trazer novos hábitos, crenças e pessoas. Não existe família instantânea. Isso implica tempo de convivência. O vínculo entre madrasta e enteados é resultado de uma construção lenta e delicada. É um vínculo difícil de ser construído porque a relação é sobrecarregada por muitos tabus.
 

Em contrapartida, as famílias por recasamento são muito mais ricas em possibilidades - de competição, conflito, ciúme, ressentimento e amor renascido. As rivalidades familiares que surgem entre padrastos e enteados e entre irmãos e irmãs de um novo casamento, são apenas um lado do que pode ser uma série de novos relacionamentos mutuamente satisfatórios.
 

As famílias são mais frutíferas do que imaginamos e em nenhum lugar isso é mais verdadeiro do que nas famílias de recasamento.

Paciência e persistência! Sempre lembrando que seu amor próprio deve ser preservado desde o início, isso vai te ajudar a seguir!

No fim das contas, o que todos querem é garantia de amor.
Quatro dicas para superar a dificuldade de relacionamento com enteados:
1ª) Só entender o funcionamento e considerar a história existente antes de vocês, às vezes não é suficiente. É preciso aguentar, esperar sua vez e respeitar as lealdades anteriores;
2ª) Não faça de tudo para ser aceita rapidamente;
3ª) Seja paciente e persistente: o vínculo entre madrasta e enteados é resultado de uma construção lenta e delicada;
4ª) Seu amor próprio deve ser preservado desde o início; isso vai te ajudar a seguir em frente.







sábado, 13 de abril de 2013

A Coisa tá ficando Feia. (Ou já ficou?).

Por causa da inflacao do tomate (notebook novo, impossivel acentuar. Desculpem-me os leitores), acabei ressuscitando um texto antigo, do final da decada de 70 com o titulo acima, levemente modificado na palavra feia (novos e politicamente corretos tempos), falando sobre a  carestia e politica. Mudam-se os nomes, mas tudo continua como dantes no quartel de Abrantes.



  Nas minhas poucas décadas de existência jamais vi uma situação tão difícil,economicamente falando, para as pessoas como agora. Os salários estão sendo modificados com com uma certa elasticidade, mas nada valem diante do assustador monstro que anda sendo esta inflação galopante. As reivindicações salariais estão sendo feitas a torto e a direito (“torto e direito” é expressão, não se refere à Granja do Torto e nem ao menos ao setor direito da sociedade”), porém continuam os conflitantes problemas de sobrevivência. A vida está muito cara e tudo nos leva a crer que a coisa vai ficar cada vez mais feia,
Não bastou a mudança de Simonsen pelo Delfim Neto. Apesar de recebido triunfalmente por certas camadas da população nem todas é claro, as boas intenções do ministro têm esbarrado em dificuldades das mais diversas. A inflação de agosto chegou quase à inadmissível casa dos 6%. No espaço de um ano, ou doze meses, a inflação beirou os 50%, calculando-se, os mais otimistas, uma inflação oficial para 1979 de 60%..
  A gasolina, infelizmente o que move toda a engrenagem social, tem subido vertinosamente e o último aumento, cavalar, diga-se de passagem, vai acabar com o orçamento de todo aquele que aspirava um carrinho simples e confortável, aspiração digna de qualquer sociedade capitalista que se preze. Os carros também foram atingidos pela onda altista e, hoje, para se comprar o carrinho mais simples, são necessários mais de 40 salários mínimos. Não levando em conta as restrições do financiamento que, para a alegria de alguns, tendem a ser aliviadas a partir de umas palavras de um assessor de Delfim.
  Os alimentos, básicos ou não, estão proibitivos para um grande número de pessoas, ainda que os supermercados estejam abarrotados de pessoas que andam comprando inúmeras coisas, nas coloridas prateleiras. O astronômico preço da carne, estragada muitas vezes, como estão a denunciar os jornais da capital e do interior, está longe do alcance (palavra ilegível) terra do trabalhador. O leite, emagrecido graças ao regime delfiniano, subiu e promete subir pelo menos mais uma vez este ano. Açúcar, arroz, feijão e outros já estão se tornando sonho e não realidade para muitos. O frango, então, passa por um esquema dos mais interessantes: o seu preço acompanha a carne bovina. Se esta subiu, o frango alça vôos altíssimos, parecendo mais uma gaivota do que um simples e caipira frango de nossos quintais ou chácaras. O ovo, então, está tão difícil de comprar quanto de botar: custa.
  De modo que todas as pessoas, uns em maior grau, outros, menos, estão vendo a coisa ou russa ou feia. Russa, porque as notícias referentes àquele povo estão constantemente nos jornais: ou porque têm algumas bases militares em Cuba, ou porque o bailarino russo largou a mulher e a pátria ou porque os jogadores de xadrez não perdoam nem o nosso Mequinho. Feia, porque quando a coisa aperta todo mundo diz que o “trem está feio”. Uma vítima da situação caótica e insustentável foi o meu barbeiro.
 Ainda resisto, com unhas e dentes, mais dentes do que unhas, pois estas são cortadas religiosa e semanalmente, a enfrentar um cabeleireiro ou cabeleireira.
  Sou ainda dos antigos. De modo que freguês assíduo, uma vez por mês, conhecia o meu barbeiro desde os velhos tempos que arribei na terra de São José. Por anos a fio, o fio de sua navalha ajudou a aparar os meus cabelos que estão escasseando cada vez mais. E o preço do corte ia subindo de acordo com o custo de vida. Mas eis que numa bela ensolarada manhã (dá pra perceber que não é domingo, pois nos domingos chove) dou de encontro com a barbearia fechada e em cima da porta uma placa amarela avisa: aluga-se. Não aguentou o barbeiro o aumento constante do aluguel.
  Estava demais para o parco rendimento dele e teve que se mandar. Para onde foi, não sei. Se mudou de profissão, não se sabe. Se resolveu voltar para a terrinha, duvida-se. Tudo é mistério na magra e escura noite do barbeiro. Algo porém é certo: não aguentou o tranco e se mandou.
  Quantos terão que seguir o exemplo do barbeiro? Quantos suportarão as dificuldades econômicas que têm abatido sobre o povo? A quem interessa a chagada quase triunfal de Brizola e a mais do que triunfal (esperam os nordestinos) vinda de Arraes? Ou se existirá um Arenão? Ou se o MDB vai para a cucuia? Nada disto chama a atenção das pessoas. O que elas querem é um custo de vida mais baixo, pois senão a vida vai ficar mesmo feiíssima.
Mário Cleber Silva
15/09/79










terça-feira, 9 de abril de 2013

Morar junto é casar-se?


Novos tempos, novas relações. E como ficam aqueles namorados  que resolvem morar juntos? São casados? Tem obrigações um para com o outro? Como será o ambiente familiar? Quanto tempo depois de começar o namoro o casal deve morar junto? Tem gente apressada demais para dar este passo?  Estas perguntas e outras podem ser respondidas ou inferidas pelo texto a seguir. 


Quem resolve ir morar junto, casou?

por Anette Lewin – psicóloga.
"Estou num relacionamento há cinco meses e já estamos morando juntos, pois mudamos para a mesma cidade a trabalho. Mesmo não me considerando casada, ele age como se fôssemos"
"... se não se sentirem prontos para compartilhar o dia a dia, pode-se voltar a morar em casas separadas até que a relação amadureça mais. Às vezes é melhor dar um passo atrás do que colocar a relação num impasse insuportável para ela"
Resposta: Casar, morar junto, namorar e morar em casas separadas fazem parte dos contratos "amorosos" que as pessoas estabelecem entre si. As regras desses contratos devem ser estipuladas pelos parceiros para que o relacionamento dê certo.
Mesmo as regras de um casamento dito "formal" são questionáveis nos dias de hoje. Os noivos ainda juram na igreja ficarem juntos até que a morte os separe. Bem, raramente isso acontece. Assim cada vez mais fica claro que deveres e direitos no campo amoroso devem ser definidos, atualmente, mais pelos envolvidos do que por regras sociais ou religiosas.

Pelo seu e-mail parece que você está descontente com o tratamento que recebe. Ser tratada como "casada" não lhe agrada. Por quê? O que é ser casada para você? Como você não especifica esse sentimento vamos às hipóteses.

Muito provavelmente, embora, você não se aprofunde na questão, está sendo tolhida em sua liberdade... Certo? Bem, se assim for, cabe uma conversa entre vocês o mais breve possível. Antes que a relação se desfaça pela falta de diálogo. Se você acredita que cada um deve ter mais liberdade, mesmo morando junto, assuma sua postura entendendo que, o que for estabelecido para um vale para ambos. Se você pode sair quando quiser, ele também pode! Não adianta reclamar depois.

Se os problemas são as obrigações e despesas da casa também vale definir claramente quem paga e se responsabiliza por isso ou aquilo. Ainda existe a crença que trabalho de casa cabe às mulheres e muitas, por não acostumarem seus parceiros a assumi-lo, acabam se sobrecarregando e reclamando depois. Cuidado! Se vocês dividem o espaço, devem dividir as obrigações com relação à sua manutenção desde o inicio. Mudar hábitos estabelecidos é bem complicado!

O problema também pode estar no fato de que vocês namoraram só por cinco meses e já foram morar juntos. Nem bem começou a fase da paixão e as obrigações do dia a dia compartilhado interrompem e atrapalham os sonhos românticos do casal. Chato, não?

Bem, as circunstâncias levaram vocês a isso, mas nada impede que vocês reavaliem se essa é a melhor solução para a fase em que o relacionamento se encontra. E se não se sentirem prontos para compartilhar o dia a dia, pode-se voltar a morar em casas separadas até que a relação amadureça mais. Às vezes é melhor dar um passo atrás do que colocar a relação num impasse insuportável para ela.

A relação amorosa quase sempre envolve um jogo de poder. Ora domina um, ora domina outro. Aquele que não se posicionar, estará dando espaço para o comando do outro. Assim, o diálogo, seja através de palavras, seja na sensatez das atitudes, ajudará a manter a balança em equilíbrio.







sexta-feira, 5 de abril de 2013

Dor, Sofrimento e Perda.



“Ninguém se torna completamente humano sem sentir dor”.


Mário Cleber da Silva – Psicólogo.

Esta linda e dolorosa frase é do Psicólogo Rollo May, nascido em 1909 e morto em 1994.
O primeiro livro que li falando sobre sofrimento foi “Sofrer e Amar” e me impressionou positivamente. Relendo-o agora depois dos sessenta anos, discordei do autor, o Padre João Mohana, meu ídolo na época do seminário, cujo livro, A Vida Sexual dos Solteiros e Casados, devorei avidamente e embalou meus sonhos. Prefiro “Perdas Necessárias”, de Judith Viorst, mais moderno, mais atual e menos religioso.
Na metade do século XIX, filósofos de nomes esquisitos, Martin Heidegger, Friederich Nietzsche e Soren Kierkegaard, com idéias mais esquisitas ainda convidaram as pessoas a ampliar seu leque de pensamentos para compreender melhor a existência humana: surgia o movimento existencialista. Livre arbítrio (é coisa recente esta idéia), responsabilidade pessoal, nossa própria interpretação de nossas experiências, eram temas recorrentes do movimento e cuja principal pergunta era: o que significa para um ser humano existir?
O livro do psicólogo Rolo May – The Meaning of Anxiety – levou, pela primeira vez, para a psicologia esta abordagem filosófica centrada na existência. Daí ser considerado como o pai da Psicologia Existencial, minha preferida atualmente.
Para May a vida era um espectro da experiência humana e o sofrimento era parte desta existência e não um sinal patológico. Como seres humanos que somos, buscamos experiências agradáveis e que nos deixem confortáveis. Gostamos do nosso ambiente familiar e preferimos as experiências que mantenham nossas faculdades mentais e físicas em um estado de equilíbrio e de comodidade. Isto nos leva a rotular experiências como boas ou ruins de acordo com o prazer e conforto que elas nos proporcionam. Mas, se o fizermos sempre assim, estamos nos prejudicando, pois vamos contra processos que podem nos levar ao crescimento e desenvolvimento.
Seus conceitos batem com o pensamento budista que aceita todas as experiências igualmente, no lugar de repelir ou rejeitar as que são desagradáveis ou desconfortáveis. Também se faz necessário aceitar os sentimentos “negativos” em vez de evitá-los, ou pior, reprimi-los.
Rollo May afirma que a tristeza e o sofrimento não são questões patológicas a serem consertadas. Mas são partes essenciais e naturais da vida humana, e, frisando, importantes para promover o crescimento humano.  Esta idéia vem de encontro à tentativa desesperadas das pessoas de não ficarem tristes. Até o conceito moderno de “bipolaridade” vem nesta contramão.
Por outro lado, Viktor Frankl, psiquiatra vienense (1905 – 1997) reforçou a idéia de que não estamos à mercê dos acontecimentos em nossa vida, porque somos nós que determinamos como deixaremos ser influenciados. Somos nós mesmos que pegamos o leme de nossa existência. Até mesmo o sofrimento pode ser visto e encarado de formas diferentes de acordo com nossa personalidade.
Irvin Yalom, festejado autor de “Quando Nietzsche chorou”, discorre longamente no volumoso livro “Existential Psychology” sobre as quatro preocupações essenciais da vida e fontes de neurose: morte, liberdade, isolamento existencial e falta de sentido. Não sabemos lidar com elas.


Em homenagem ao meu amigo, Walter de Lima Bastos, que morreu na undécima hora do  último dia de Março de 2013.

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Educamos o Cérebro

A educação é um tema palpitante. E, em muitos países, relegado a segundo ou terceiro planos. É bom ler textos sobre o assunto.

Educação: uma visão neuropsicológica


* Livro: Avaliação Neuropsicológica. Leadro F. Malloy-Diniz e col. Capitulo 5, pg 58

Sempre estamos pensando sobre educação e aprendizagem, e procurando razões para que tudo seja feito da melhor forma, na melhor época, e assim por diante. Quero dizer, nem todos pensando assim, pois ainda estamos sob auspícios de pessoas que direcionam as cargas educacionais partindo do viés político ou econômico, simplesmente.
Fico a imaginar em como Piaget, Vygotsky e outros, mesmo antes das investigações por imagem, já pensavam na possibilidade do cérebro funcionar em fases, desenvolvendo-se aos poucos até atingir seu ápice. Mas que ápice é esse? De que estamos falando? Ápice significa o que afinal de contas?
Vou apontar somente dois fatos registrados pelos estudos neuroanatômicos, que são aproveitados pela neuropsicologia, mas ainda não adequadamente aproveitados pelas ciências educaionais, a fim de estimular reflexões.
Primeiro: o cérebro, para funcionar de forma eficiente precisa que os ramos neuronais sejam revestidos de mielina, um lipídio que permite que os impulsos nervosos sejam transmitidos de um neurônio a outro de forma rápida. A ausência ou lesão da bainha de mielina pode fazer com que a transmissão seja muito lenta, ou deixe de existir. Esse revestimento de mielina somente atinge seu processo final por volta dos 21 anos de idade, quando então é terminada a mieliinização da área frontal permitindo o processamento cognitivo adequado, pois essa área cerebral é responsável pelos julgamentos e planejamentos de ações. Portanto, ao longo dos anos de nossa evolução vamos ganhando precisão e velocidade no processamento cerebral, além do que, vamos nos socializando. Somente após esse processo é que realmente podemos pensar num funcionamento maduro, ou adulto, como queiram. Em idade infantil, ou juvenil, as áreas mais intensamente mielinizadas, portanto, em melhores condições de processamento, são áreas sensoriais e motoras. O planejamento e o julgamento de ações de forma inteligente e socializada não é uma prioridade desse cérebro até pelo menos os 14 anos de idade, quando começa a se tornar ápto para tanto.
Segundo: as sinapses. Sinapses são os locais por onde os neurônios “conversam”, através de um alfabeto de elementos químicos chamados neurotransmissores. As investigações neurocientíficas tem verificado que o ápice da formação de novas sinapses ocorre entre os 9 e 12 anos de idade.
Juntando as coisas, já temos motivos de sobra para reflexões na área educacional. Mas acredito que Carmem Flores-Mendoza foi muito feliz ao escrever* que “(…) o ingresso em condutas antissociais nesse período afetará seu curso de desenvolvimento, principalmente o cognitivo. E, como uma bola de neve, quando as crianças afetadas se tornam adultas, elas ingressam nos grupos de alto risco clínico e social. É por isso que ações familiares, educativas e governamentais devem prestar atenção ao período infantil.”
Educação é tudo, mas a escola não é tudo. Quando uma criança chega à escola, já aprendeu muito. A questão é: aprendeu o que, e como?
Indubitavelmente a fase entre os 9 e 14 anos é particularmente importante para a formação dos conceitos mais fundamentais da existência humana. Pais e professores deveriam estar a par disso para conseguirem nomear adequadamente os fatores educacionais que vão agir nesse cérebro, antes que não haja mais tempo para corrigir o percurso.
Educamos, na verdade, o cérebro. Lembremos disso.