Fazenda onde nasceu o blogueiro. Foto Luis Fernando Gomes

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sexta-feira, 1 de março de 2013

História de Amor... Um conto.


Este conto, longo, mas dividido em quatro capítulos, vai falar dos encontros, por acaso, que aconteceram entre um homem e uma mulher. Qualquer semelhança (não) é mera coincidência. Calcada em fatos reais, a história é tingida pelas cores da ficção. É inédito para todos os meus leitores do blog. No futuro, talvez faça parte de meu livro de contos. Não percam esta fascinante história.


A HISTÓRIA DE AMOR ENTRE UM HOMEM E UMA MULHER E SUA CRONOLOGIA.
Mário Cleber da Silva
Primeiro Capítulo.

Corria o ano de 1945 quando ele nasceu na pequena, fria e ventosa cidade de Turvo. Não houve nenhum acontecimento extraordinário na cidade para comemorar o fato (um tsunami, bomba atômica, eclipse do sol ou da lua ou um meteorito caindo na Rússia), exceto que a Segunda Guerra Mundial caminhava para o seu final. E em seus primeiros anos  de vida tudo  transcorria de forma normal e sem novidades. Mas foi aos 4 anos, depois de ouvir as práticas assustadoras dos padres lazaristas nas missões, ameaçando todos com o fogo do inferno, não se sabe se por medo ou por esperteza, já que os sacerdotes deveriam ser assim carne e unha com deus e portanto livres do castigo divino, que tomou uma decisão importante que ia mudar sua vida: resolveu ser padre. Fazia seus sermõezinhos, usava uma pequena batina que a mãe, atenta aos anseios do filho, mandara confeccionar e até, isso já era mais que levadeza, pedia dinheiro pelos batismos, confissões, eucaristia (em vez da insípida hóstia, bolinho de fubá que sua mãe fazia, e que era muito festejado).  Mas, raquítico e fraquinho como era, a família não permitiu que fosse para o seminário com 10 anos, cousa bastante comum naquela época, visto que o Estatuto da Criança e do Adolescente nem existia para evitar tal despautério. Entretanto, um outro padre veio em sua ajuda, por vias tortuosas, claro. Frei Xisto, um franciscano estadunidense – que se evite o colonizado “americano”, visto sermos todos da América, idéia que seria aprendida posteriormente com ela – cismou com ele e, além de obrigá-lo a fazer o Curso de Admissão por um ano – outra cousa já esquecida pelas novas gerações – reprovou-o vergonhosamente no Latim, dois anos depois.
- Repetir de ano aqui, de jeito nenhum – repetia ele para toda a família, e assim, por causa dessa desdita, em 1959, quando ela nasceu, foi para o Seminário Menor de Juiz de Fora, onde a trancos e barrancos, superou as exigências escolares, o frio do inverno da Manchester mineira  e a fome, visto que a comida era intragável, e ele, muito enjoado para comer (mal sabia ele que iria se deliciar com os divinos pratos que ela iria lhe preparar). Salvaram-no da inanição as caixas e mais caixas de abacates, goiabadas, chocolates em barra (não os suíços, seus prediletos quando mais velho) e biscoitos, que seus pais mandavam às escondidas, e as artimanhas que usava para descolar alguma comidinha menos insossa, que deixarei de narrar aqui, para evitar denegrir, ops, digo, sujar, nestes tempos politicamente corretos, sua imagem.
Foi curiosamente em 62, quando ela fez três aninhos na bucólica Patos de Minas para onde o pai tinha mudado, que ele teve a primeira crise sacerdotal e quis escafeder-se do nosocômio, digo , seminário. Seguraram-no as ponderações do diretor espiritual, Padre Hernani, um intelectual de mão cheia que lhe falava até do Código de Hamurábi  (ela iria se espantar ao ouvi-lo falar do código, mais conhecido pelos historiadores e geógrafos). Quando o seminário Maior de Mariana o recebeu, parecia que tudo ia correr a contento. Nem a Revolução de 64 buliu com sua vocação. Mas aí veio 1965.

Tchan, tchan, tchan. Daqui uns dias tem mais.





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