Fazenda onde nasceu o blogueiro. Foto Luis Fernando Gomes

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terça-feira, 12 de março de 2013

Úiltimo Capítulo História de Amor.

A História de Amor entre um  Homem e uma Mulher chega a seu final. Quem não leu os 3  primeiros, faça-o para entender o conto todo.

Capítulo: 4 e último. E longo.

- Mas 33 anos? – ela perguntaria depois, nas várias e longas conversas que teriam.
- Sim. 33 anos de casamento.
- Eu te admiro. Em vez de sair para os botecos, beber, ou drogar-se, você foi fazer outras coisas...
Sim e entre elas, estudar. Primeiro foram disciplinas isoladas do Mestrado de Psicologia na UFMG, onde ocorreria o penúltimo encontro, por acaso entre nossos dois personagens. Era no segundo semestre de 2001. Tinha havido um seminário do Curso de Geografia para homenagear Milton Santos, o geógrafo brasileiro de fama internacional, intelectual, negro e quase esquecido pela mídia colonizada de nossos tristes trópicos. E ele fora fazer a inscrição para o Mestrado. Terminados ambos, o Seminário e a inscrição, ei-los, sentados no banco, esperando ônibus. Ela conversava com uma amiga, e ele distraído.
- Amei este encontro. Milton Santos, junto com Abner Sader e Suassuna, são as pessoas que mais admiro no Brasil. Com Suassuna, se ele me pedisse em casamento, eu aceitaria.
Riram, ambas. Ele atentou à risada e às últimas palavras.
- Vocês falaram do Suassuna – ele puxou conversa. Só pessoas mais velhas puxam conversa com pessoas desconhecidas - – Destes três, eu não conhecia o Milton. Mas casar-se com o Suassuna?
As duas olharam-no.  Ela estava de óculos escuros (adorava óculos escuros, tornando a pele de seu rosto mais clara ainda). E ele não percebeu dois olhos arregalados que o fitavam. E não deu tempo para responderem, pois o ônibus das duas chegava e nem ele ouviria o diálogo que se deu dentro do coletivo.
- Você o conhece?
- Eu, não.
-Parece que já o vi em alguns lugares. Em épocas diferentes. Parece-me familiar.
- Bobagens. Deixa para lá.
Depois, seis anos após, no Viver Plenamente, um projeto de cursos para pessoas acima dos cinqüenta anos.  E foi lá, no curso de História e Atualidades, que um dia chegou uma professora nova. De óculos escuros, roupa clara, muito falante, culta, comunicativa e que se depara com um grupo de 18 mulheres e dois homens, Ela estava de cabelos curtos e avermelhados. Ele, mais envelhecido. Havia um misto de surpresa, perplexidade e contentamento, sem que o soubessem. Ele, naturalmente solto e extrovertido nas aulas, e mais à vontade: faz perguntas, colocações, comentários, às vezes pertinentes, às vezes, não (o que quer é falar para a nova professora), jogos de palavras e conta piadas na sala. Depois de uma, inadequada e politicamente incorreta, a professora se posiciona.
- Você não acha que aqui não cabem essas piadas?
Não gostou da reprimenda. Olhou-a, severamente. Irritado mesmo. Talvez tenha sido aí que algo lhe passou pela mente. Reparou nos cabelos, na testa estreita, nos olhos vivos, nas maçãs do rosto, no queixo, nos dentes e na boca. Notou uma sensualidade nessa última. Pensou em beijá-la. Sorriu. Mas perturbado. Não poderia apressar nada. O destino, que os colocou próximos em várias situações, iria conspirar a seu favor.
Uma semana depois, pedia-lhe o email. (Ou ela deu errado ou ele copiou errado. Não houve comunicação).
No mês seguinte, ela chama os alunos para assistirem um filme na tarde de terça feira.
- Mas logo na terça? Estou ocupado. Não podemos ir outro dia?
O olhar reprovador foi a resposta.
Mais um tempo e ela fala da preocupação com a filha, advogada e do filho engenheiro. Ele chega mais leve e fala da dele que está na Inglaterra. Conversam fora da aula. Era esse o caminho, falar e ouvi-la.
E outro dia ela passa apressada perto dele.
Hei, hei, aonde você vai?
Tomar café com amigos.
Posso ir junto?
Avançadinho, tocou-lhe o braço e tascou o elogio: que pele macia.

Os emails acontecem. E com assiduidade. E descobriram os encontros no passado.
Dezembro, os filhos dele chegam do exterior. Ela viaja para Fortaleza para relaxar. Volta na véspera do ano novo. E recebe um telefonema. “Sou eu. Seu ex-aluno do Viver plenamente. Quer ir ao cinema comigo?”
Onde?
Palácio das Artes.
Foi lá que ela lhe mostrou uma foto, amarelada pelo tempo, de uma menina clara, de cabelos compridos e louros, brincando com cavalinhos de sabugo de milho.
E assim começou a história de amor.




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