Fazenda onde nasceu o blogueiro. Foto Luis Fernando Gomes

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segunda-feira, 2 de abril de 2012

Mais Poemas de ônibus

Novamente coloco poemas que li nos ônibus. Uma leitora achou graça ao me imaginar pulando de banco em banco, procurando os poemas para ler. Outra achou que eu tinha surrupiado o texto. Bem que eu gostaria. Mas, além de ser errado, ia privar outros leitores destes encantos de textos. Trago dois poetas diferentes, hoje. O de um é desabafo. Estaria decepcionado com a política, com a corrupção, com a violência, com a injustiça? Ou da forma como ele tem vivido até hoje?  É um brasileiro que não sabe se vai ter copa no Brasil? Não saberemos.
O outro tem uma resignação apropriada.
Leiam o primeiro poema em voz alta, como se estivessem bravos (as), revoltados (as).


DESABAFO.

Autor: Nilton Bobato.

Olhe para mim,
Pergunte quantas vezes
levei porrada.

Olhe para mim,
Pergunte quantas vezes
acordei suado.
Pergunte quantas vezes
sofri calado
chorei envergonhado.

Olhe para mim
Pergunte quantas vezes
tive vontade de crer
na justiça.
Pergunte quantas vezes
tive vontade
 de acabar
com este sistema.

Olhe para mim,
Pergunte quantas vezes
tive vontade de vencer.

Olhe para mim
Pergunte quantas vezes
tive vontade de gritar
e fiquei calado,
assustado,
com pena
chorando
tremendo,
fingindo.
Pergunte, cara.


O próximo poeta revela outro viés: a resignação diante de certas impossibilidades. Para que se revoltar, a vida é esta. Leiamos suas palavras.

Bruno Brum

Rabelais não leu Mishima.
Kafka não leu Drummond.
Flaubert não leu Bukowski.
Sólon não leu Petrônio.
Heródoto não leu Huidobro.
Racine não leu Augusto dos Anjos.
Victor Hugo não leu Kerouac.
Safo não leu Camões.
Luciano não leu Rimbaud.
Baudelaire não leu Freud.
Apuleio não leu Lautreámont.
Homero não leu Bashô.
Pessoa não leu Rosa.
Machado de Assis não leu Adorno.
Pound não leu Torquato.
Parmênides não leu Dante.
Oswald não leu Leminski.
Shakespeare não leu Maiakóvski.
Tsao Tsao não leu Peirce.
Odorico Mendes não leu Haroldo.
Cruz e Souza não leu Burroughs.
Gregório de Mattos não leu Verlaine.

A vida é assim mesmo. 

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