HAI KAI
Pequeno poema japonês (a grafia seria Haiku, mas como a segunda sílaba indicaria uma parte da anatomia do corpo, vista como feia, virou Hai Kai), composto de 3 versos, sendo o primeiro e terceiro de cinco sílabas e o do meio, de sete. No original, não tinha rima, nas traduções ocidentais essa foi acrescentada. Popularizado no século XVII graças às produções de Matsuo Bashô, tivemos no Brasil um grande incentivador e criador de Kai Kais: Millor Fernandes, usando só os três versos – sem preocupação com as sílabas – e dando o toque de humor.
No meu curso de Literatura o professor nos deu exemplos de Hai Kais e pediu para que fizéssemos os nossos. Tentei seguir Millor Fernandes. Apresento os meus e de outros.
Minhas tentativas:
Há fogo em
Teus olhos azuis
Afogo-me neles.
Vêm com as chuvas
As jabuticabas
E a dor de barriga.
Todos os hai kais
De mãos e pés quebrados
Só provocam ais.
Teus cabelos
Voluptuosos
Amarram-me em ti.
Teus olhos azuis
Ou verdes, colorem
Meu opaco olhar
Só em teu olhar
Vejo mil mistérios
Para te amar
Coisas de hai kais
Deve ser muito triste
Ser feio demais.
Você leu
Não entendeu
O pau comeu.
De (creio) João Batista Martins:
Ameixas
Ame-as
Ou deixe-as
E lá vai a enxurrada
Nem sabe para onde
Igual gente apressada
Meu bem
Deus só te dá
Se você já tem
Confira
Tudo que respira
Conspira
Que viagem
Ficar aqui
Parada.
Millor:
Não esmaguem a barata
Sua sujeira
É inata
Nada tem nexo
Tudo é apenas
Um reflexo
O veludo
Tem perfume
Mudo.
E eu também, consorte
Não estou condenado
À pena de morte?
Eu vim com pão, azeite e aço
Me deram vinho, apreço, abraço
O sal eu faço.
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