Fazenda onde nasceu o blogueiro. Foto Luis Fernando Gomes

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terça-feira, 10 de janeiro de 2012

É essencial fazer curso superior?

O texto a seguir é polêmico. Concordo quase que ipsis literis. Pais andam investindo a preço muito alto na educação dos filhos – ou desnecessariamente, pelo negócio da família; ou infrutiferamente, visto não terem retorno do aplicado ou demorar demais para retomar o que foi gasto. Conheço dois exemplos: filho na melhor Faculdade de Administração do País e vai tomar conta das fazendas do pai no interior, filha, que nem dinheiro tinha para o lanche, faz faculdade de psicologia e depois vai trabalhar no comércio. Bem, todos têm seus exemplos.  Universidades viraram negócios e a aspiração desmesurada a um curso superior vira uma obsessão.
Mas leiam o artigo.

Empreendedores não precisam das escolas de primeira linha

Luke Johnson é colunista do "Financial Times".

Pessoas que venceram por seu próprio esforço muitas vezes dão mostras de encarar de forma incoerente o ensino superior. Embora tenham obtido sucesso sem ele, querem que seus filhos usufruam de toda a aprendizagem formal disponível. Mas será que um diploma é um ativo real para um aspirante a empreendedor?

Peter Thiel, o bilionário cofundador da PayPal, está convencido de que existe uma bolha na educação universitária americana. Ele considera que a crença, predominante na "intelligentsia", na vantagem financeira oferecida por qualificações como um MSc (mestrado em ciências exatas), um PhD (doutorado) ou MBA (mestrado em administração de empresas) é irracional. O custo de uma formação acadêmica já vem disparando há anos, mas até a recessão, poucos duvidavam de que o enorme investimento era uma idéia sensata.

Os pais quase se matam para pagar mensalidades de escolas particulares e o custo de faculdades de renome. Certificar-se de que os filhos tirem as melhores notas e ingressem nos cursos mais conceituados se tornou quase um artigo de fé religiosa entre os profissionais liberais. Nos Estados Unidos, as universidades de primeira linha, coletivamente conhecidas com Ivy League., como as de Harvard e Princeton, entre outras, cobram US$ 50 mil anuais. E devido à obstinação de dezenas de milhões de asiáticos, mais vagas nas cobiçadas universidades ocidentais estão sendo abocanhadas por estudantes chineses e indianos.

Minha atitude perante a educação formal é analogamente equivocada. Embora eu tenha recebido um grau de mestre de uma boa universidade, quase não o usei no meu trabalho. Talvez ele tenha me dado confiança e contatos - embora eu tenha certeza de que esses elementos poderiam ter sido adquiridos de outras formas. Foi certamente um período agradável - mas não as aulas expositivas, pois eu nunca as frequentei, nem as aulas práticas - eu as matei também.

A melhor experiência de meus três anos de Oxford foi inaugurar uma empresa, coisa que nada tinha a ver com meu diploma em fisiologia. Desconfio que muitos estudantes passam a maior parte do tempo bebendo, fazendo amor, dormindo até mais tarde, participando de protestos e assim por diante. Será que isso vale todo o tempo e o dinheiro investidos? A pergunta cabe principalmente agora, quando os alunos se formam endividadsos até o pescoço, ao mesmo tempo em que se defrontam com um número menor de empregos.

Fiz palestras em doze universidades no Reino Unido nos últimos meses, e em todas os bachalerandos estudam a possibilidade de formar empresas como alternativa às carreiras clássicas em direito, consultoria empresarial e mercado financeiro. Esse espírito empreendedor é uma notícia maravilhosa, mas duvido que as aulas ajudem em seus empreendimentos. Por que passar anos esperando? O melhor treinamento é simplesmente sair e pôr a mão na massa.

A academia precisa de reformas. As universidades deveriam oferecer cursos mais práticos. As férias são longas e o contrato permanente de trabalho para os professores é um sistema tenebroso. Elas deveriam se desacostumar dos subsídios governamentais e se comprometer mais com o capitalismo. Os contribuintes deveriam receber um melhor retorno da pesquisa que financiam. A ampla criação de riqueza de instituições como Stanford e MIT mostra o caminho. Por outro lado, me preocupa o fato de que a tomada de decisões dentro de nossas torres de marfim evolua a passos de tartaruga.

Mesmo assim, muitos de nós continuam escravos dos status que as instituições de ensino são capazes de conferir. Recentemente me tornei professor - visitante de empreendedorismo numa universidade de Londres - aceitei o honroso cargo em parte por vaidade. Da mesma forma, estive no programa "University Challenge" na BBC2, desesperadamente sem conseguir responder a maior parte das perguntas. Em última instância, sei que as universidades e a formação acadêmica têm importância vital, tanto econômica quanto culturalmente - e que a maioria dos professores faz um bom trabalho. Mas desconfio que a iminente depuração, por seleção natural, da educação superior pode ser um bem para todos.



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