Todos
estão sujeitos a passar por isto: terminar um namoro, um casamento, uma relação amorosa. É como na morte de algum parente. Evite
falar. Chegue só perto da pessoa. Diga que sente muito e que pode contar com
você. Se falar mais, corre o risco de falar besteira. Preste atenção no que você não
deve dizer de jeito nenhum.
ALGUÉM
MELHOR VAI APARECER" - Decepção amorosa não tem a ver com alguém ser
melhor ou pior, mas, sim, com desencontro. Quem dá esse tipo de conselho
provavelmente quer fazer você se sinta melhor, acreditando que viver a dor não
seja bom. "É uma forma de evitar que o outro se entristeça demais,
substituindo o luto por uma esperança", diz a psiquiatra e psicanalista
Helena Masseo de Castro. Mas esse tipo de argumento pode ser recebido de uma
forma distorcida. "A pessoa em uma situação de dor pode entender que a sua
escolha não foi adequada e que todos enxergavam isso, menos ela. Com isso, ao
invés de se deter em momentos que valeram a pena e seguir em frente, ela pode
fixar sua tristeza em episódios pouco amistosos e buscar no próximo
relacionamento um nível de perfeição exagerado", afirma a psicóloga
Lizandra Arita. A pessoa precisa viver o luto pela perda que sofreu. "E
para muita gente é difícil pensar em outra relação, pois ainda não finalizou
aquela, emocionalmente falando", fala a psicoterapeuta Carmen Cerqueira
Cesar Thinkstock
VOCÊ
PRECISA SAIR E RECUPERAR O TEMPO PERDIDO" - Essa é outra frase, mesmo
ouvida por alguém querido, pode magoar, pois também dá a impressão de que você
viveu um relacionamento que não passou de perda de tempo. Mas o fato de um
relacionamento ter chegado ao fim não significa que foi em vão, por isso, não
se martirize. "Todo o relacionamento, por pior que seja, tem coisas
boas... Pense que foi bom enquanto durou, porque na prática costuma ser assim
mesmo", declara a psicoterapeuta Carmen Cerqueira Cesar. Pensando assim, a
relação fica armazenada como uma vivência importante, representando mais uma
etapa da vida, com aprendizado, felicidade e evolução
"POR
QUE VOCÊ NÃO DÁ UMA CHANCE PARA FULANO(A)?? - Outra frase muito comum ouvida
pelos que acabaram de ficar solteiros, e que não ajuda muito. "É mais uma
tentativa de escamotear a dor por uma suposta alegria que dificilmente dará
certo", declara a psiquiatra e psicanalista Helena Masseo de Castro.
Tentar se atirar nos braços daquele que sempre demonstrou um certo interesse,
mas não lhe parece muito interessante, é uma artimanha simplista que pode
causar ainda mais danos, além de magoar quem não merece. "Você pode acabar
engatando um novo romance para esquecer o anterior. Só que, como está frágil,
pode embarcar numa canoa furada. Não se trata de uma escolha, e sim de uma
tábua de salvação", explica a psicoterapeuta Carmen Cerqueira Cesa. É
preferível dar um tempo e, se mais para a frente rolar algo, acontecerá de
forma natura
"SE
JOGA NO TRABALHO QUE A DOR E A SAUDADE PASSAM" - Quem leva ou dá um fora
tem que trabalhar, fazer suas tarefas cotidianas, se esforçar para retomar a
rotina... Isso é saudável, porém, tudo o que é excessivo acaba sendo
prejudicial, inclusive trabalhar. A atividade profissional pode ficar
comprometida e as chances de cometer um erro é grande. Para a psiquiatra Helena
Masseo de Castro, no entanto, o que menos importa nessa situação é o emprego
ser prejudicado. "O mais perigoso é a vida emocional ficar comprometida.
Se não conseguirmos viver nossas perdas e superá-las, ficamos estacionados no
mundo, não amadurecemos. É preciso enfrentar as coisas e exercitar a tolerância
às frustrações", conta. Para a psicóloga Lizandra Arita, quando uma pessoa
mergulha no trabalho na ânsia de esquecer um fato ou circunstância da vida, ela
corre o risco de desequilibrar todas as outras áreas. "E aí, em vez de
passar pelo processo de cura emocional de uma forma equilibrada, pode
desregular sua vida e seus sentimentos".
"VOCÊ
PRECISA MUDAR O VISUAL, SE INSCREVER NUM CURSO, FAZER COISAS NOVAS" - Você
está no meio de um furacão. Será que modificar algo e sair da zona de conforto
é mesmo uma boa dica? Não seria melhor dar um tempo e colocar os pensamentos em
ordem? Ficar no próprio canto, digerindo a decepção, é uma maneira de
compreender o que aconteceu e respeitar o próprio tempo. Arrume a
desorganização interna com calma e, aos poucos, procure preencher o tempo com
atividades prazerosas, mas não antes de se sentir bem para isso. "E os
amigos têm de respeitar seu ritmo. Claro, podem sugerir atividades, mas
respeitando o processo pelo qual quem rompeu uma relação está passando,
ajudando-o a colocar as coisas em suas devidas gavetinhas e sendo bons
ouvintes", afirma a psicoterapeuta Carmen Cerqueira Cesar. Outro ponto
importante é que pessoa que recebe um conselho como esse pode questionar: a
minha aparência está tão ruim que afastou a pessoa que eu amo? Minha capacidade
intelectual é baixa? Deixei a rotina tomar conta da minha vida? Não é nada
disso. Recupere-se e, quando achar que lhe fará bem, pense se você quer
realizar alguma transformação
"ESSA
PESSOA NÃO MERECE SEU SOFRIMENTO. VALORIZE-SE!" - Quando você escuta um
conselho desses, fica pensando em duas coisas: que foi feito de bobo por alguém
que não dava a mínima para você e, pior, acaba se sentindo na obrigação de não
demonstrar seus sentimentos. Se quem te deu esse conselho é seu amigo de
verdade, saiba que a intenção não é fazer você se sentir assim, mas apenas a de
que você reconheça que tem valor. Pode até ser que você descubra que a pessoa
com quem você se relacionava não era digna do seu amor, mas o momento do
rompimento não é hora para se questionar sobre isso. O melhor é não atropelar
nada e passar pelo processo chamado "fases do luto", que abrange cinco
períodos distintos: negação, raiva, barganha (uma tentativa desesperada de
retomar o que foi perdido), depressão e aceitação. "É fundamental que cada
um aprenda a tirar proveitos das próprias experiências, independentemente das
circunstâncias", diz a psicóloga Lizandra Arita
Muito oportuna e apropriada a matéria. Que todos possam segui-la, a fim de não ser nocivo à pessoa que precisa "elaborar" aquela situação.
ResponderExcluirGostei e recomendo!
Antônio Carlos Faria Paz -Itapecerica/MG
Excelente! Isso me lembrou o meu professor de Psicologia (aplicada à Publicidade) que dizia que tudo o que está na dimensão do real não pode ser traduzido em palavras (morte, perdas etc). O que se traduz já está no âmbito da realidade. Então, o melhor é mesmo estar perto da pessoa, mostrar que ela não está sozinha e ponto. Adoro suas postagens!
ResponderExcluirNívea Braga
Que bom Nívea que as postagens tenham trazido boas ideias para você e outros leitores. Esta ideia do professor de psicologia é interessante e me lembra outra se o dinheiro pode comprar tudo. Claro que pode comprar TUDO que esteja à venda, o material, o concreto. Conceitos abstratos - como felicidade - não são vendidos. Mas para chegar a estes - felicidade e saúde, por exemplo, - é necessário algo de concreto, efetivo, material. Daí o dinheiro pode comprar. Bom o seu professor.
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