Ah, hoje, há setenta anos, começava o meu sofrer. Ou viver? Digo, com certeza, um viver maravilhoso. Coloco uma belo poema de minha amiga Graça Rios de presente para o meu aniversário.
Por Graça Rios.
Cai o dia,
vem a noite
Leva e traz
o ciclo da vida
E Cleber
diz um verso sobre a lida
Brincando
com política e açoites.
Ele faz o
aniversário tão vivido
Refazendo
seus textos aguerridos.
A sua
crônica é engraçada e caprichosa
Mostrando a
todos a mulher ou a alegria
Inventando
piadas, fantasias.
Graças a
Deus (?) ele existe com suas rosas
Ofertando aniversário
com suas prosas.
O FIM DO
SOFRIMENTO
Eckhart Tolle
Todas as coisas são ligadas. Os budistas sempre souberam o
que os cientistas agora confirmam.Nada do que ocorre é isolado do resto, apenas
parece ser.
Quanto mais julgamos e rotulamos,mais isolamos as coisas. É
o nosso pensamento que fragmenta o todo da vida. Mas a totalidade da vida
denuncia esse fato. A vida é constituída pela rede de conexões que é o
cosmos.Na maioria dos casos, não conseguimos entender como um fato
aparentemente insignificante pode exercer algum papel na totalidade do cosmos.
Mas reconhecer que qualquer fato, por mais irrelevante que
possa parecer, desempenha um papel dentro da vastidão do todo é começar a
aceitar as coisas tais como são.Você atinge a verdadeira liberdade e o fim do
sofrimento quando vive como se o que sente ou o que experimenta neste momento
fosse uma escolha completamente sua.
Essa harmonização interna com o Agora é o fim do
sofrimento.Será que o sofrimento é realmente necessário? Sim e não.Se você não
tivesse sofrido o que sofreu, não teria profundidade como ser humano, não teria
humildade nem compaixão. Não estaria lendo este texto agora.
O sofrimento rompe a casca do ego - do "eu"
autocentrado - e promove uma abertura até atingir um ponto em que cumpriu sua
função.O sofrimento é necessário até que você se dê conta de que ele é
desnecessário.A infelicidade precisa de um "eu" construído pela
mente, um "eu" com uma história e uma identidade.
Precisa do tempo - passado e futuro. Quando você elimina o
tempo da sua infelicidade, o que é que sobra? A situação daquele momento.Pode
ser uma sensação de peso, agitação, aperto no peito, raiva ou até enjoo. Isso
não é infelicidade nem um problema pessoal. Não há nada de pessoal no
sofrimento humano.
Trata-se apenas de uma forte pressão ou uma grande energia
que você sente em alguma parte do corpo.
Se você concentra sua atenção nessa energia, a sensação não
se transforma em pensamento e assim não reativa o "eu" infeliz.Veja o
que acontece quando você simplesmente permite que um sentimento exista.Há muito
sofrimento e tristeza quando você acha que cada pensamento que passa por sua
cabeça é verdadeiro.
Não são as situações
que causam infelicidade. São os pensamentos a respeito das situações que deixam
você infeliz. As interpretações que você faz, as histórias que conta para si
mesmo é que deixam você infeliz.
"As coisas em que estou pensando agora me deixam
infeliz." Se conseguir constatar isso, você não se identifica com esses pensamentos."Que
dia horrível.""Ele não teve a consideração de retornar a minha
ligação.""Ela me rejeitou."Contamos histórias para nós mesmos e
para os outros, em geral em tom de reclamação.Inconscientemente, elas servem
para reforçar a noção de que nós estamos "certos" e alguém ou alguma
coisa está "errado".
Achar que estamos "certos" e os outros
"errados" nos coloca numa posição ilusória de superioridade, e com
isso fortalecemos nossa falsa noção do "eu". Criamos assim uma
espécie de inimigo, porque o "eu" precisa de inimigos para definir
seus limites e sua identidade. Julgar
alguém ou algum fato é criar sofrimento para si mesmo. Somos capazes de criar
todos os tipos de sofrimento para nós mesmos, mas não percebemos isso porque de
certa forma esses sofrimentos satisfazem o ego.
O "eu" autocentrado se sente mais confortável no
conflito. Como a vida seria simples sem essas histórias que o pensamento
cria."Não fui bem recebida.""Ele não telefonou.""Eu
fui lá.
Ela não foi. "Quando
você estiver sofrendo, quando estiver infeliz, fique totalmente com o Agora. A
infelicidade e os problemas não conseguem sobreviver ao Agora.O sofrimento
começa quando você classifica ou rotula uma situação de indesejável ou má.
Você se ofende com alguma situação e essa ofensa desperta um
ego que reage.Classificar e rotular é um comportamento comum, mas é também um
hábito que pode ser rompido.
Comece procurando "não rotular" os pequenos
acontecimentos. Se você perdeu o avião,se tropeçou e quebrou uma xícara, se
escorregou e caiu na lama - será que é capaz de se conter e não rotular o fato
como ruim ou desastroso? É capaz de aceitar a "situação" tal como é
naquele momento?
Rotular alguma coisa
como ruim provoca uma tensão emocional. Se você deixar que as coisas existam
sem classificá-las, passa a dispor de um enorme poder.A tensão emocional separa
você desse poder, que é o próprio poder da vida.
Vá além do bem e do mal procurando não classificar qualquer
coisa de boa ou má. Quando controlamos o hábito de rotular e classificar, o
poder do universo nos invade. Quando nos relacionamos com as experiências
procurando não reagir, o que antes chamaríamos de "mau" muda
rapidamente através do poder da própria Vida.
Observe o que acontece quando, em vez de classificar algo
como "mau", você o aceita e diz um "sim" interno, deixando
que a experiência seja tal como é.Qualquer que seja sua situação, como é que
você se sentiria se a aceitasse como ela é - exatamente Agora?
Há muitas formas
sutis e menos sutis de sofrimento, tão "normais" que não costumam ser
consideradas sofrimento, e podem até parecer satisfatórias para o ego.
Algumas delas:
irritação, impaciência, raiva, enfrentamento, ressentimento, reclamação.Você
pode aprender a reconhecer todas essas formas de sofrimento na hora em que
ocorrem e dizer para si mesmo: "Estou criando um sofrimento para mim.
"Se você tem o
hábito de criar sofrimento para si mesmo, deve estar criando também para os
outros. Para eliminar esses modelos mentais inconscientes, basta se dar conta deles,
percebendo-os assim que aparecem.
É impossível estar ao
mesmo tempo consciente e criando sofrimento para si mesmo. O milagre é o
seguinte: por trás de cada situação, pessoa ou coisa que parece "má"
ou "perversa" está contido um profundo bem. Este bem se revela a você
- interna e externamente - quando você aceita a situação tal como é.
"Não resista ao mal" é uma das maiores verdades da
humanidade.Um diálogo: "Aceite o que é. "Não posso. Eu me sinto
irritado por causa disso. "Então, aceite o que é. "Aceitar que estou
irritado?”
Aceitar que não consigo aceitar? "Isso mesmo. Aceite a
sua não aceitação. Entregue-se à sua não entrega. E veja o que acontece."A
dor física crônica é um dos mestres mais duros que se pode ter. Ela nos ensina
que "a resistência é inútil". É absolutamente normal não desejar
sofrer.
Mas, se você se
desapegar desse desejo e aceitar a presença da dor, talvez note uma sutil
separação interna, um espaço entre você e a dor. Isso significa que você passa
a sofrer conscientemente, aceitando. Quando você sofre conscientemente, quando
aceita a dor física, ela anula o ego, pois o ego é formado sobretudo por
resistência.
O mesmo ocorre com uma grande deficiência
física."Oferecer o seu sofrimento a Deus" é outra forma de fazer
isso.Não é preciso ser cristão para entender a profunda verdade universal
contida de forma simbólica na imagem da cruz.
A cruz é um instrumento de tortura. Ela simboliza um dos
maiores sofrimentos, limitações e desampares que um ser humano pode
experimentar. Então, de repente, esse ser humano se entrega, aceita sofrer
conscientemente. É o que traduzem as palavras de Cristo na cruz: "Faça-se
em mim segundo a Tua vontade, e não a minha."
Nesse momento, a cruz, o instrumento de tortura, mostra sua
face oculta: ela é também um símbolo sagrado, um símbolo do divino.Ao se
entregar, aquilo que parecia negar a existência de qualquer dimensão
transcendental torna-se uma abertura para esta dimensão.
SOBRE O AUTOR:
Eckhart Tolle nasceu na Alemanha, onde viveu até os 13 anos.
Depois de formar-se pela Universidade de Londres, foi pesquisador e supervisor de pesquisas na
Universidade de Cambridge. Aos 29 anos, uma grande mudança espiritual
transformou sua antiga identidade e mudou sua vida.Nos anos seguintes
dedicou-se a compreender, aprofundar e integrar essa transformação que marcou o
início de uma grande viagem interior. Tolle não está ligado a nenhuma
religião ou tradição religiosa. Em seus ensinamentos, ele transmite uma
mensagem simples e profunda, com a clareza atemporal dos antigos mestres
espirituais: há um caminho para deixar o sofrimento e atingir a paz. Tolle
viaja muito, levando seus ensinamentos e sua presença ao mundo todo. Mora em
Vancouver, no Canadá, desde 1996.
Excelente postagem, nos faz adentrar nos umbrais quase intransponíveis do nosso "eu"....
ResponderExcluirAntônio Carlos Faria Paz - Itapecerica/MG
70 anos, Cleber?
ResponderExcluir"Não importa se a estação mudou, se o milênio é outro, se a idade aumenta. Conserva a vontade de viver, não se chega a parte alguma sem ela. "
Fernando Pessoa
Parabéns! Um abração
Sandra Melo
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