Fazenda onde nasceu o blogueiro. Foto Luis Fernando Gomes

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quarta-feira, 4 de março de 2015

A pressão social e os danos permanentes na sociedade

Marcelo Vitorino escreve no site "Mais de Trinta", de quem sou fã. O assunto de hoje é a pressão social sobre as pessoas. A pressão, às vezes,vem de lugares onde nem imaginamos. Somos pressionados constantemente. Resistir é difícil.  Pense no tanto que sofreu de pressões e aí leia o artigo com outro olhar.


"Hoje é o seu dia de parar de ler meus artigos. É sério. Provavelmente você se sentirá incomodado comigo e com a minha forma de pensar. Fica aqui então o meu registro de que não guardarei mágoa ou rancor algum por esse nosso “desencontro”. Alerta dado, vamos ao que interessa…
Recentemente venho ficando incomodado com as pressões sociais que sofri ao longo da vida e acho que é hora de escrever algo a respeito. Imagino que há muito mais gente no mundo com o mesmo problema, sendo alguém que não se enquadra ou pior, alguém que se esforçou para caber em uma caixinha ditada por um grupo social.
Na adolescência, por volta dos meus quinze anos, havia muita pressão para que eu começasse a beber, fumar ou usar de algum tipo de entorpecente. Se você não fizesse nada de diferente não era considerado popular pelos demais adolescentes.
Olhando para um dos meus sobrinhos vejo que isso não mudou muito, mesmo vinte anos depois. O grupo dele também o pressiona para ser estúpido, mas com outras nuances. Por exemplo, escrever corretamente é motivo de chacota. Não praticar pequenos furtos, também.

O meu tempo e o dele tem algo em comum: o complexo do “vida loka”

Como instrumento de autoafirmação os jovens são compelidos a tomar atitudes irracionais e que podem comprometer o seu futuro. Tudo em troca da aceitação social. Todos querem ser alguém.
Conversando com um amigo ele me contou de um episódio em que seu filho foi pego furtando um livro em uma livraria famosa. O rapaz tentou devolver, mas não houve acordo, a empresa não quis saber. Fichado por furto, em flagrante, acabou indo parar em um penitenciária, pois tinha acabado de completar dezoito anos.
Claro que o furto não era por necessidade. Ele teria como pagar pelo produto. Eu sei bem o que ele experimentou. Foi o gostinho de quebrar as regras do sistema. Também andei nessa linha cinza quando adolescente. Só tive mais sorte em não ser apanhado.
A questão é que ninguém conversou comigo para me orientar melhor. Só ouvia o básico dos meus pais: isso é errado, aquilo é certo. Com todo respeito ao meus progenitores, mas explicar qualquer coisa assim para um jovem, que é por natureza um contestador, não faz sentido algum.
Seguir regras parece te enquadrar na categoria “coxinha” quando se tem quinze anos. Você quer mais. Muito mais.
Não consigo fazer uma estatística precisa, mas a maior parte de quem está lendo provavelmente está pensando algo como “isso é normal, coisa de adolescente”.
Um grande erro! Não, caro leitor, isso não é normal. Quando tratamos as curvas do caminho como normal apenas estimulamos esses jovens a prosseguirem. Funciona como uma desculpa para ir cada vez mais além. É isso que precisa mudar.
Mas para mudar é preciso ir na base da questão: na necessidade de adequação social. O desejo de pertencer a um grupo. O anseio para se diferenciar da multidão, para parecer descolado, para ser “o cara”.
Com esse padrão de comportamento inalterado os problemas continuam ao longo da vida.

Não bebo, logo, sou gay

Outro dia, em um restaurante, ao estar em uma mesa repleta de colegas que pediram algo alcoólico para beber e eu ter pedido apenas um chá, o garçom fez uma piadinha de mau gosto em que insinuava algo sobre minha masculinidade.
Veja bem, não beber me torna gay! Pelo menos na visão idiota do garçom. Fiquei pensando, será que os gays não bebem? Mas a culpa não é só do garçom.
Perdi a conta de quantas vezes tive que explicar que bebo raramente. Na maioria deles fui ridicularizado ou então as pessoas arrumavam outros motivos para que eu não quisesse beber. “Hoje ele está dirigindo” ou “está tomando remédio” são as justificativas mais comuns. Não. Eu só não queria beber, nada além disso.
Há grupos em que você só é alguém se encher a cara toda semana. Sinceramente, não dou a mínima para essas pessoas. Em outros você só é bacana se fumar um baseado, afinal, baseado é a droga dos intelectuais.
Sou muito honesto, se para abrir a mente eu precisar tomar, fumar ou cheirar qualquer coisa será um sinal de fracasso completo para mim. Um cérebro que precisa de “aditivo” é igual a de um corredor que precisa de esteroides para chegar na frente.
Nos anos oitenta os executivos se rendiam para a mistura de cocaína com uísque. Assim ficavam mais elétricos e dispostos a trabalhar mais. Outra grande bobagem. Se você é bom, é bom de cara limpa.
Fui me excluindo de vários grupos por não me adequar e, principalmente, por achar deplorável ter em minha companhia qualquer pessoa que me pressione a fazer algo que eu não quero.
E por que essas pessoas são assim? Porque enquanto elas eram adolescentes viveram esse modelo e aprenderam que isso é o certo. Começaram a fumar, beber, usar entorpecentes ou fazer qualquer outra bobagem para entrar em alguma onda. Alguns não tiveram sorte, suas carreiras ou vidas se destruíram por causa de decisões ruins.
Quem você seria se não tivesse sucumbido às pressões que sofreu? Falo por mim, eu seria um cara melhor. Muito melhor!
Não podemos mudar o que está feito, mas podemos mudar de agora em diante e, principalmente, interromper esse ciclo de estupidez. É por ter que lidar com esse mundo obcecado por sentimento de grupo que muita gente está tomando algum psicotrópico, gastando horrores em terapia ou simplesmente se entorpecendo.

É hora de rever seus conceitos e mudar 

Quer se sentir melhor? Quer ser alguém diferente? Saia desse circuito e vá fazer algo diferente. Vá criar coisas, ajudar pessoas, educar, se tornar parte de um propósito, sei lá, vá ser você e mande um grande foda-se para o mundo.
Isso é estar contra o sistema de verdade. É não compactuar com o errado, não abrir mão da sua individualidade, é se afastar das influências que só te empurram para o que há de pior.
Acha que estou exagerando? Faça uma pergunta para você: “quantos dos meus amigos que me chamaram para tomar uma cerveja ou para fumar um baseado, também me chamaram para doar sangue — sem que alguém da família dele precisasse —, para ser voluntário em alguma coisa ou para criar algo bacana que melhorasse a vida de alguém?”.
Se foi a maioria, deixe um comentário, mas se for só um ou outro, se peço que se abstenha. Adoro ver milagres em andamento. Mas, por favor, não use o espaço para dar desculpas ou justificar algo. É chato e contraproducente. Se quiser evoluir, pare de passar a mão na própria cabeça.
Quem faz o que somos são as atitudes que tomamos, as posturas que adotamos e visão que temos.

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