Para começar bem leve o ano de 2015, que promete ser bem pesado,
seguem quatro historinhas. Seriam quotidianos de uma cidade. Nome que teria dado a um conto meu. Mas aqui são só historinhas Qualquer
semelhança não é mera coincidência.
“Usado”
Não tinha máquina de lavar roupa e nem uma lavadeira (profissão
antiga: a mulher que lavava e passava roupa), daí levar as roupas suas e da
esposa para uma Lavanderia, não muito longe do apartamento onde moravam.
Gostava de ir lá: era uma forma de caminhar, sair de casa, “sacudir as pulgas”,
como dizia o amigo psicólogo, e ver gente. Naquela manhã ensolarada, saíra com
as roupas já lavadas e dobradinhas debaixo do braço quando a mulher da limpeza
urbana aproximou-se dele e foi direto ao assunto:
- Me dá estas roupas, tio.
Mesmo pego de surpresa, respondeu bem.
- São usadas. Não valem a pena.
- Não tem importância, não. Você está “usado”, mas também aceito.
Salsinha.
Assíduo frequentador de Macacos, o badalado lugarejo perto de Belo
Horizonte, parecia ser até nativo, tal a quantidade de amigos e conhecidos que
encontrava nos bares e restaurantes. Quando
levantou-se da mesa, após uma rodada de chopes, para ir ao banheiro, não
deixou de escutar o que um homem de uns 70 anos, sentado na mesa vizinha, contava para o amigo, mais ou menos da mesma
idade.
- Estava quase impotente. Quase. Não adiantava procurar os
médicos, já começava a perder a esperança. Despedir desta vida de sexo.
Parou. O homem percebeu e chamou:
- Venha cá. Você confia mais em médico ou em leigos?
Aí, depende – deu uma de “Mané”. –; às vezes, leigo acerta.
É o que eu contava para o meu amigo: já estava perdendo a potência
e os médicos nada. Foi quando minha mulher pesquisando no “Google”,
descobriu que “salsinha” é um ótimo
remédio para impotência. Passei a fazer chá, tomar à noite, misturar me comida
e não é que fez efeito. Estou uma fera. Pra cima sempre.
Olhando sério para ele,
pontificou:
- Por que você não experimenta. Vai te fazer bem...
Paternidade.
Tinha arrumado uma namorada mal, mal se separara: loura, de olhos
azuis e “professora”, profissão que ela amava. Tinha um irmão adotivo, bem diferente
dela. Olhos e pele negros, era de uma simpatia contagiante: extrovertido,
alegre, comunicativo e sempre de bom astral. Um dia, passou mal e levara-o ao
hospital com a namorada. Após o atendimento de praxe, o médico acercou-se do
casal e perguntou: “Ele é conhecido de quem”?
Ela respondeu:
- Meu irmão.
O médico olhou incrédulo para a “sueca” e sapecou:
- De pais diferentes?
Iogurte grego.
O neto chegara com toda energia, disposição e alegria. Após uma
tarde de correria, brincadeiras e pulos, o avô resolveu pedir um tempo e
oferecer um iogurte. Concordou plenamente o garotinho de 4 anos.
- Olha, comprei este iogurte grego para você.
Deliciando-se com a iguaria, detonou num instante e ainda com os
lábios sujos virou-se para o avô.
- Vovô, sabe por que você me deu iogurte grego?
- Não – falou na santa inocência o idoso.
- Porque você me ama.
O presente de Natal que o avô mais gostou.
Rir é o melhor remédio! Bom Humor faz bem e desopila o fígado!
ResponderExcluirAntônio Carlos Faria Paz - Itapecerica/MG