Não sou de dar muita importância a datas comemorativas, sobretudo se tiverem forte apelo comercial. Mas você também não pode fugir delas. Assim é com o Natal e Ano Novo. Repensar como estamos vivendo nossa vidinha é algo elogiável. Então vejamos esta postagem
Pequeno Guru é um site onde se apresentam textos muito bons. Não
sei quem é o criador. Mas com freqüência aproveito idéias deles e coloco aqui
para o deleite de meus leitores. O de hoje serve como reflexão para nós que
vivemos no mundo capitalista. E graças a “Deus”.
"Dizem que a grama do vizinho é sempre mais verde. Mas olhe-a de
perto e você verá falhas, partes onde a grama não cresce nunca ou cresce rápido
demais e formigueiros escondidos. Em algum momento de nossas vidas (quem sabe
da evolução humana), fomos programados para prestar atenção no jardim do vizinho,
no carro do chefe e no novo namorado da fulana que recém se separou. E não apenas
“prestamos atenção”, interagimos quase como se fosse um reality show.
Apresentamos traços assim desde a infância, quando levamos um boneco Man Steel
que acende, atira, anda e come sozinho, mas queremos o soldadinho de plástico
do nosso amiguinho. A partir daí, a “síndrome do brinquedo alheio” nunca mais
nos abandona. Trocam-se os brinquedos por outros, digamos, mais adultos, mas a
vontade de ter o que o outro tem continua.
O ser
humano tem um grande problema de apreciar o que o outro tem. Ao menos em parte,
isso se explica porque todos nós temos sede por coisas novas. Para alguns
felizardos, essa novidade vem em forma de conhecimento, habilidades, livros,
viagens e culturas diferentes. Para outros — a maioria — são produtos
eletrônicos, bolsas, carros, parceiros diferentes e por aí vai. Felizmente,
temos a liberdade para guiar a vida como bem entendemos e cada um pode escolher
fazer o que o deixa mais feliz. O problema é quando é quando isso não deixa, e
os momentos felizes são com base em outras pessoas que não você. Quando se olha
demais para o jardim do outro sem perceber que a sua grama está na altura do
joelho.
Quando a
felicidade está em coisas e não em experiências e crescimento, é porque
estamos olhando mais para o outro do que para nós mesmos. As pessoas desejam
carros de luxo não pelo conforto e potência (qualidade), mas pelo estilo
de vida (marca e valores) associados a eles. Em outras palavras, as pessoas
querem ter aquela vida. Quanto mais pessoas estão consumindo algo, mais pessoas
irão querer esse algo. Essa é a base do mundo capitalista e um comportamento
que muito vem sendo estudado depois que as redes sociais colocaram os holofotes
em mais de 1 bilhão de pessoas revelando seus hábitos e comportamentos.
E o que
era para aproximar pessoas, as deixaram mais tristes, egocêntricas e mesquinhas. A tecnologia tornou mais fácil
comparar e, ao comparar, elas percebem que tem sempre alguém fazendo o
que elas gostariam de fazer. Automaticamente, comparamos as nossas vidas com as
de ex-colegas, amigos de infância e parentes da mesma faixa etária e se a
diferença é muito grande, ficamos tristes ou orgulhosos. Lembrei de um estudo
em que as pessoas mais felizes eram aquelas que tinham maior poder aquisitivo
em seus círculos sociais, não aquelas que ganhavam mais, porém menos se
comparado com os outros. É preciso lutar contra essa tendência natural. Porque
sempre, sempre irá existir alguém em uma posição melhor do que você.
Desejos não têm fim. Compre uma casa e você irá querer outra na praia.
Conquiste uma vida financeira confortável e você irá querer ser milionário.
Abra uma loja e você logo sonhará com uma lucrativa rede de franquias. A vida é
repleta de desafios e desafios também costumam não ter fim. Essa é a parte boa:
o ser humano precisa dessa motivação para continuar vivendo. O problema está
em viver as motivações dos outros.
Somos tão
influenciados pelo mundo que vivemos que, não raro, pessoas deixam-se levar por
essas influências — e o pior, sem perceber. As pessoas vestem o que todo mundo
veste e, se ninguém veste, tem algo de errado aí. Faz sentido. O mesmo sentido
que leva empresas a operarem da mesma maneira, fazendo as mesmas coisas que
todas as outras. Então, uma resolve fugir da fila indiana e fazer algo diferente
que dá certo, e todas resolvem ir atrás. O mundo é uma grande fila indiana onde
de tempos em tempos alguém resolve sair da fila e fazer diferente.
Fazer
diferente é para poucos. Para fazer diferente é preciso parar de observar o
jardim do vizinho. É preciso olhar milhares de outros jardins em centenas de
outros bairros do mundo, ler revistas de jardinagem, fazer cursos, tentar e
errar, e errar até acertar. Quem olha demais para o brinquedo do colega jamais
se contentará com o seu, mesmo que superior, porque não se trata de qualidade,
e sim de querer ter o inacessível. Alguém uma vez disse que a grama é mais
verde onde se rega. E só é possível regar o que está ao nosso alcance. Aqui
cabe outro famoso ditado popular: “não
dê um passo maior que a perna” porque você sabe o que acontece.
Boa postagem para uma auto análise do nosso psiquismo. Trazemos em nosso interior esteriótipos quase imperceptíveis e que a própria bagagem de nossa miséria humana nos apresenta.
ResponderExcluirAntônio Carlos Faria Paz - Itapecerica/MG