Fazenda onde nasceu o blogueiro. Foto Luis Fernando Gomes

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terça-feira, 1 de julho de 2014

Trabalhamos demais? Ou só "enchemos linguiça"?

A ideia de trabalhar muito está enraizada em nossos pensamentos. Quem não trabalha muito (ou nada) é preguiçoso. Este texto que li que vai bater contra esta ideia de estar sempre ocupado. Tive uma estagiária - o meu chefe me pegou no pé - porque ficava à toa (aparentemente). Ele não tinha visto que ela trabalhara demais e estava recarregando as baterias.  O autor ainda usa um trocadilho em inglês "busyness", que me encantou.



As pessoas trabalham mais hoje do que em qualquer outro momento da civilização recente. Grandes corporações se ergueram com o suor de muitas horas extras, casamentos fracassados e filhos criados por avós.
Empresas altamente competitivas se esforçam para manter os profissionais mais talentosos e dedicados na equipe que, por sua vez, retribuem dando o seu melhor para continuar crescendo. Mas a verdade é que a maioria não tem muita opção, sobretudo no começo da carreira. Um exemplo extremo foi o da publicitária de uma das maiores agências do mundo que morreu após trabalhar 3 dias sem parar — e desabafar algumas vezes no Twitter. Foi uma fatalidade, é verdade, mas que trouxe à tona as consequências de um mundo que não para e que precisamos rever o modelo de trabalho atual. Eu posso garantir que hoje à noite milhares de pessoas não verão seus filhos dormirem nem darão um beijo na sua esposa/marido ou não terminarão algo cujo prazo era impossível desde o início.
Este modelo de trabalho focado na produtividade extrema faz com que as pessoas considerem normal trabalhar igual um cachorro, o que deu espaço para a popularidade de temas como qualidade de vida no trabalho, gestão do tempo, home office e livros como “Trabalhe 4 Horas por Semana” baterem a marca de 1 milhão de cópias vendidas. A ideia de trabalhar pelo menos 8 horas por dia está tão enraizada que Tim Ferriss levou 26 “não” de editoras antes de ter o seu livro publicado, em 2007, e vê-lo na lista dos mais vendidos por 23 semanas consecutivas. “Trabalhar 4 horas e ficar rico? Ninguém vai querer ler essa bobagem” devem ter dito as editoras.
“Estou ocupado, ligue mais tarde”
A situação nos leva à outra questão: as pessoas estão sempre ocupadas porque precisam estar ocupadas ou os outros acharão que elas não estão se esforçando o suficiente mesmo que com a meta em casa, os clientes satisfeitos e os jobs no prazo.
Janet Choi escreveu um interessante post e levanta qual seria o real significado da popular frase  “estou ocupado”:
§  Estou ocupado = Sou importante
§  Estou ocupado = Estou dando uma desculpa para evitar mais responsabilidades
§  Estou ocupado = Estou preocupado.
Consideramos o busyness uma virtude, uma visão muito equivocada na opinião de Janet — e de qualquer pessoa sensata que pare para analisar. “É fácil, e até atraente, negligenciar a importância de preencher nosso tempo com o que importa, então nos satisfazemos o mero preenchimento dele.”
A questão não é trabalhar menos, é fazer mais com o tempo que temos.
Em outras palavras, estamos ocupados com coisas que não agregam. Quantidade não é qualidade, mas nossas ações demonstram o contrário e por isso queremos ficar até tarde para mostrar serviço e tiramos o couro dos nossos subordinados.
Então, vamos todos trabalhar 4 horas por dia em busca do mundo ideal? É claro que o mundo não se sustentaria com uma carga horária tão baixa. A questão não é trabalhar menos, é fazer mais com o tempo que temos. Isso é produtividade, é isso que Tim Ferriss e tantos outros autores pregam. Mais com menos porque mais com mais é praticamente impossível. Faça uma auto-análise, quando você trabalha, 10-12 horas em um dia, você realmente entrega muito mais do que quando trabalha 7-8? Lembre de considerar aquele dia em que teve que sair mais cedo e deixar tudo organizado.

Horas trabalhadas x geração de riqueza
Talvez até oito horas por dia sejam desnecessárias. Os alemães trabalham, em média, menos de 30 horas semanais e são 70% mais produtivos do os gregos, um dos mais trabalhadores da Europa. Isso vale não apenas para empregos modernos que usam mais o cérebro do que os braços. Há 100 anos, aFord sabe que aumentar a carga horária (20h semanais além das 40h) gera um aumento pífio na produção.
Claramente, precisamos repensar a forma como avaliamos competência e produtividade. Eu sempre lembro de uma frase do Harvey MacKay que diz “quando você estiver passando pela empresa e ver alguém olhando para a parede, pare e elogie-o, ele está pensando, e isso é muito raro hoje nas empresas.” De fato, as pessoas estão ocupadas demais com atividades triviais na maior parte do tempo que esquecem de ocupar o seu tempo com coisas importantes porque, provavelmente, não há coisas importantes o bastante para ocupar tanto tempo.

Estar sempre ocupado não é uma virtude e não devemos alimentar esse pensamento. Se você não tem tempo para nada ou conhece alguém que é assim, saiba que tem algo de muito errado acontecendo

Um comentário:

  1. Tema atualíssimo e necessário para "humanizar" o trabalho e haver maior e melhor produtividade. Deveriam se debruçar sobre este assunto tão urgente, os que são responsáveis por conduzí-los nos diversos escalões.
    Antônio Carlos Faria Paz - Itapecerica/MG

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