Como ser mais criativo. Dicas de alguém que entende do assunto.
Como artista, ele tem a liberdade de trabalhar uma criatividade sem limites que a maioria de nós profissionais não pode. Tem o cliente, o chefe, as normas da empresa, todos com o poder de nocautear boas ideias. Apesar de tudo, nos preparamos para não somente ter ideias, mas apresenta-las da melhor forma possível com o objetivo que elas se tornem realidade. Então, se você é funcionário de uma empresa ou mesmo dono dela cujo mercado dita normas e estabelece paradigmas, dificilmente conseguirá seguir a risca as dicas de Petit, mas basta um pouco desses 50 anos de experiência para agitar a sua cabeça e fazer chover ideias.
#1 REGRAS PARA QUÊ?
Ser criativo exige que não apenas se pense fora da caixa, mas a quilômetros de distância da caixa. É preciso ir ao extremo. Escrevi alguns anos atrás que a criatividade é rebelde, ela demanda ousadia, uma rebeldia quase criminosa que beira o caos tornam as coisas imprevisíveis. É preciso ser corajoso para contestar o status quo, questionar o modo de fazer as coisas e se rebelar contra rotina. Apesar das pessoas reclamarem da rotina, no fundo elas desfrutam da sensação de segurança que a previsibilidade proporciona. É preciso gostar do diferente e ser muito exigente — eis porque as pessoas mais criativas que conheço são um tanto chatas, no bom sentido é claro. Desde pequeno Petit se achava diferente dos coleguinhas pois não se contentava com qualquer coisa.
Pessoas criativas são inquietas por natureza. Se tem uma coisa que me incomoda é fazer as coisas do mesmo jeito sempre, de pequenas coisas às grandes. Eu praticamente não consigo fazer o mesmo trajeto 3 vezes seguidas, sempre dobro em uma rua diferente na ida ou na volta só pra ver algo novo. Experimentar é fundamental. Como diz o Petit: “todo dia é como uma tela em branco”. E eu completo: por que fazer o mesmo desenho?
Para estar apto à criação plena, é bom que você aprenda as regras, mas que as esqueça e se rebele contra elas” (Philipp Petit)
#2 TRABALHO 24 HORAS
Todo mundo que frequenta uma escola de propaganda já ouviu algum professor dizer que o publicitário trabalha 24 horas por dia, porque quando menos você espera pode surgir aquela grande ideia que você ficou horas perseguindo. Segundo Ane Dietrich, essa é a criatividade de Isaac Newton, um tipo de criatividade que necessita de grande conhecimento, mas que é engatilhado por fatores externos.
Petit leva suas ferramentas de trabalho aonde quer que vá, e olha que as ferramentas dele são bem mais pesadas que o seu notebook, pasta ou mochila. Ele diz que mesmo quando está fazendo uma coisa que exige as duas mãos, ele coloca uma bola nas axilas, outra no queixo e outra atrás do joelho para praticar. O cérebro é algo incrível que trabalha mesmo quando não nos damos conta, acredito que manter contato (visual ou físico) com os nossos objetos de trabalho ajuda a “lembrar” o cérebro de que aquilo precisa ser resolvido, e por isso essa dica do Petit é tão interessante.
A mente de um escritor nunca para de escrever, nem a de um inventor de criar, nem a de um criativo de pensar. Boas ideias não têm relógio, elas podem chegar a qualquer hora, esteja preparado.
#3 LISTAS
Como poderia um criativo viver sem listas? Popular e eficiente, listas ajudam a catalogar e organizar ideias, mas “organizada” não costuma ser um adjetivo muito comum, pelo menos não nas minhas. As minhas são disformes e não lineares. Começo escrevendo uma linha por vez e acabo escrevendo nas laterais, criando caixas, fazendo parênteses e setas. Ao que parece, esse caos é bom para a criatividade. Raramente, para não dizer nunca, o caminho de uma boa ideia é reto e calmo. Está muito mais para uma caça ao tesouro com um mapa velho e rasgado.
#4 TRANSFORMANDO ERROS EM ACERTOS
Se você é uma pessoa exigente como Petit, é provável que os fracassos sejam sua grande fonte de aprendizado. Embora seja um “mandamento” chave do autodesenvolvimento e eu já tenha lido e ouvido umas centenas de vezes, jamais aprendi a gostar de errar. Eu odeio errar, fico irritado, frustrado e evito pensar a respeito como uma tentativa de virar rapidamente a página, mas isso nunca acontece, o que é bom. Passada a frustração, me volto ao problema e tento refazer os passos que me levaram ao erro. Tento saber por que errei e como posso reduzir as chances disso voltar a acontecer. Em outras palavras, transformo a raiva de errar em disposição para aprender e melhorar.
Petit faz o mesmo, em vez de cobrir o erro com desculpas, ele o esmiúça e analisa para descobrir o porquê, e reconhece que é sua culpa estar ali, de mais ninguém, e isso vira aprendizado. Ele diz adorar os erros e essa é parte que eu não entendo, principalmente de alguém cujo trabalho flerta com a morte. Acho que ele é mais louco do que eu pensava.
“Eu acho que a natureza rebelde da mente é essencial para criar. Sem isso, você começa a criar em um formato e a observar regras – e essa é uma criação tímida.”
Tema extremamente instigante! Embora eu tenha minhas "excentricidades", sou muito organizado, não sei conseguiria agir nessa linha de pensamento! Muito bom para aguçar a mente e os costumes!
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