Após a seleção de bons candidatos para um processo de dinâmica diferente, chamado de assessment, tive
a triste notícia que alguns candidatos nem abriram a boca. A timidez derrubara-os. Na segunda seleção,
abri o verbo: As palavras bíblicas dizem :bem aventurados os simples e tímidos, pois eles herdarão o reino
dos céus. Só dos céus – ressaltei. Da terra, não. Tímidos não entrarão. Resultado, soltaram a voz no segundo assessement.
E para estudar em escolas famosas no mundo inteiro, como Harvard? Recebi este texto de “Pequeno Guru”, fiz algumas mudanças e passo para vocês.
Estudar em escolas reconhecidas mundialmente
é certamente uma experiência inesquecível e garantia de salários altos até o
fim da carreira, mas definitivamente não é para qualquer um. Não apenas porque
são poucos que conseguem arcar com a fortuna de R$ 300.000 e ainda passar pelo
crivo da seleção — cuja taxa de admissão é de
cerca de 13%. Estudar na Harvard Business School é para a pequena parcela da
população rica, inteligente e extrovertida, uma espécie de raça ariana da
sociedade moderna.
“Os
estudantes têm uma aparência ainda melhor que a de seu entorno (o suntuoso
centro de convivência Spangler). Ninguém está mais de dois quilos acima do
peso, tem pele ruim ou usa acessórios estranhos. As mulheres são como líderes
de torcida aptas ao sucesso. Os homens são bem cuidados e atléticos: parecem
pessoas que esperam dar ordens, mas de uma forma amigável.”
É assim
que Susan Cain, autora de “O Poder dos Quietos”, descreve sua primeira impressão
ao visitar o campus da HBS. Mas não é só ela, todos ali sabem da importância de
causar uma boa impressão. Na opinião de um ex-aluno, ali é a “Capital
Espiritual da Extroversão”, se tal lugar pudesse existir no mundo. Imagino que
seja como o Tibete é para o autoconhecimento e crescimento interior, só que ao
contrário. Em Harvard, todas as pessoas ali são –ou se esforçam para ser–
extrovertidos, simpáticos, calorosos e conhecer muita gente. E se você não é,
se esforçará para ser cada vez mais até o último dia de aula. Ao menos se você
quiser receber o diploma, já que metade da nota vem de participação nas
atividades, debates e trabalhos; que não são poucos.
O ensino
superior americano é baseado na ideia de que você deve fazer a sua parte como
aluno e estudar, enquanto o papel da instituição é promover o conhecimento,
orientar e estimulá-lo. Dessa forma, grandes aulas só são possíveis porque nela
estão grandes alunos dedicados. Se a graduação já é assim, imagine a pós. No
começo do curso, os alunos são divididos no que eles chamam de “equipes
de aprendizado”, um grupo de estudos onde a participação de
todos é obrigatória. Como os alunos já tendem a ser vigorosos e confiantes,
pessoas introvertidas e tímidas não tem vez se não se esforçarem. E muito. As Equipes de Aprendizado são um
elemento-chave do método de ensino de Harvard para promover a extroversão e as
qualidades atreladas a ela como firmeza, confiança, segurança e carisma. Os
integrantes fazem tudo juntos; segundo os próprios alunos, eles só faltam ir ao
banheiro em equipe.
A
essência do ensino de Harvard é que líderes têm de agir com confiança e ter a
capacidade de tomar boas decisões sem ter todas as informações possíveis na
mão. Não se pode hesitar nem esperar reunir todas as informações disponíveis
para agir (rapidez é uma característica de extrovertidos). É assim que o mundo
corporativo funciona, e é assim que eles (e eu e você) precisam aprender a
trabalhar: Sob pressão, sob incerteza, mas com a maior firmeza possível
independente do cenário. Se você não transmite confiança, os investidores não
investem e funcionários não se motivam, game over. Então, a forma como você fala é muitas vezes mais
importante do que AQUILO que você fala. Independentemente
da qualidade da decisão, estudos mostram
que falar com convicção é uma poderosa ferramenta para persuadir os outros.
Os
professores da melhor escola de negócios do mundo têm um objetivo: preparar o
aluno para os holofotes. Uma vez que seus alunos costumam ocupar grandes
posições no governo e em empresas do mundo todo, eles precisam se sentir
confortáveis com a pressão gerada por platéias, câmeras e interlocutores. A boa
notícia é que você não precisa ser extrovertido para ser um bom orador,
introvertidos conseguem se sair tão bem quanto seus colegas mais animados se
receberem um bom treinamento e reconhecerem a importância dessa habilidade para
o sucesso profissional.
Os alunos
da Harvard Business School relembram alguns dos conselhos mais importantes:
“Fale com
convicção. Se você só acredita 55% em algo, diga como se acreditasse 100%.”
“Se estiver se preparando sozinho para uma aula, está fazendo errado. Nada é pra ser feito sozinho na HBS.”
“Não pense na resposta perfeita. É melhor dizer alguma coisa do que não dizer nada”.
“Se estiver se preparando sozinho para uma aula, está fazendo errado. Nada é pra ser feito sozinho na HBS.”
“Não pense na resposta perfeita. É melhor dizer alguma coisa do que não dizer nada”.
É melhor
dizer alguma coisa do que não dizer nada. Lembre-se desse conselho na próxima
vez que você estiver em uma dinâmica de grupo. Quem pensa demais para dar a
resposta perfeita, frequentemente não tem a oportunidade de dizê-la. É o que
acontecia com a seleção para o assessment que falei acima. O tempo é cruel e o mercado profissional não
espera ninguém, você tem que se jogar se quiser pegar o trem.
Fluência
verbal e sociabilidade são dois pontos cruciais do sucesso corporativo. Até em
empresas cuja criatividade é o principal ativo (característica predominante em
introspectivos), profissionais simpáticos, divertidos e empolgantes levam
vantagem, como mostra a Susan Caine em seu livro. Ou seja, mesmo que você seja
o melhor designer da cidade ou o mais premiado publicitário do país, terá
problemas se for muito tímido e fechado. Aliás, o mais provável é que você não
tenha a oportunidade de se tornar o melhor da cidade e o mais premiado do país.
As empresas não querem profissionais assim.
Harvard é
tão, mas tão social que um aluno uma vez chamou o refeitório da faculdade de “mais ensino médio que o próprio ensino médio. Uma
coisa que você provavelmente iria gostar na cultura à extroversão de harvard é sua veneração por happy
hours. Quase diariamente, os alunos saem no final da tarde para
socializar, e qual o estimulante universal da extroversão? A cerveja é claro.
Se você não vai, no outro dia as pessoas perguntarão porque você não foi. Mesmo
que você não goste de happy hours , ou da cerveja (meu caso) , terá de fazer um
grande esforço para ir de vez em quando. Afinal, mais do que uma mera questão
de gostar ou não, eles são essenciais para sua carreira. Esse comportamento faz
parte de um pensamento compartilhado pelos próprios professores: deixar a
faculdade sem ter construído uma extensa rede social é como fracassar. A idéia
do networking aqui é primordial.
A Escola
de Negócios de Harvard tornará você falante quer queira quer não. Se isso não
acontecer, então os professores fracassaram. É dever deles formar profissionais
empolgados, simpáticos, eloquentes, decididos e bem relacionados. É assim que é
estudar em uma das escolas mais caras e disputadas do mundo, um verdadeiro
culto à extroversão, uma savana de carismáticos predadores.
É claro
que não há um modelo de profissional perfeito, mas o mercado favorece quem mais
aparece. (Repita como mantra: mercado favorece quem mais aparece). É intrigante pensar que foram justamente
homens de negócios com esse perfil (confiantes, firmes e seguros) que afundaram
a Enron e iniciaram a crise de 2008. Perfis extrovertidos se destacam mais pela
seu carisma, agilidade e foco em resultados, mas nem sempre os mais eficazes. O
mercado os tornou sagazes, rápidos e determinados por uma razão, lucro, uma combinação
que provou ser mortal no mercado financeiro americano em 2008. Profissionais
assim tendem a não ter o que Susan comenta em seu livro chamado de MID — medo,
incerteza e dúvida. Diante de um obstáculo, eles aceleram em vez de frear, e
isso pode resultar em grandes erros.
Pessoas
com comportamento mais calmo precisam se fazer ouvir, essa é uma regra de ouro.
Pode anotar aí! Gestores não enxergam o
que você não se esforça para mostrar. Por mais brilhante que você seja e tenha
realizado no passado, você precisa mostrar de novo hoje, amanhã e depois. Seja
em entrevistas, dinâmicas ou no dia a dia, sempre haverá alguém que falará mais
alto que você, estufará mais o peito e transmitirá mais confiança. Não o deixe
ocupar o espaço que lhe pertence, aumente o tom de voz, estufe ainda mais o
peito e dê sua opinião com entusiasmo. Se mesmo assim, esta opinião não for
adiante, tudo bem, é uma possibilidade, mas se você tivesse ficado calado teria
sido uma certeza.
Voltando
ao assessment: aqueles empedernidamente tímidos e inibidos, não tinham jeito:
pouco falavam e eram sumariamente descartados.
Bom, eu teria que ter um bom "jogo de cintura", pois não chego a ser tímido, mas não sou de "estufar o peito à toa". Eu perguntaria, onde teria lugar que é mais reflexivo, porém competente?
ResponderExcluirAntônio Carlos Faria PaZ - Itapecerica/MG
Eis um problema, caro Antônio Carlos. Se você estiver ao lado de muitos que estufam o peito, será tímido. Caso tenham alguns tímidos ao lado, e tendo vc "jogo de cintura", quem sabe e vc se torna levemente acima dos tímidos.
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