Como
lidar com amigos e parentes depois da separação? É preciso separar-se deles
também?
Conheço
dois casais que se separaram. Em um deles, o ex não quer que ela visite seus parentes
e até proibiu a mãe de recebê-la na própria casa. Seu assunto predileto e falar sobre ela e mal. Ela, por outro lado, sempre
fala dele e reclama de como ele não deu atenção que ela desejava. Para piorar,
a família dele gosta da ex.
O
outro casal tem um convívio civilizado, participa de festas dos filhos. O ex
até conhece e conversa com o marido dela. A ex, porém, é resistente ao contato
com a companheira do ex. Nenhum parente, de um ou de outro, tem contato com o
ex ou a ex. Cortaram os vínculos, mesmo porque moram em cidades diferentes. O
que facilitou.
Vamos
ler o que os especialistas dizem sobre
isto de cortar os vínculos.
Uma
das principais e mais complicadas transformações provocadas pela separação de
um casal é reestruturar a relação com as pessoas que faziam parte, até então,
da vida dos dois. O relacionamento acaba, mas nem sempre o carinho pelos
parentes dele ou o afeto pelos amigos dela também chega ao fim. Uma coisa,
porém, é conservar os mesmos sentimentos. Outra, bem diferente, é conseguir dar
continuidade ao relacionamento com os familiares e a turma do "ex" ou
da "ex" numa boa.
A
não ser que exista algo em comum que os una na rotina –o fato de trabalharem ou
estudarem juntos ou serem vizinhos, por exemplo– o rompimento, invariavelmente,
muda a dinâmica da amizade. Mas ela pode ser mantida, sim, sem problemas,
segundo especialistas.
"Tudo depende, na maior parte das vezes, de alguns fatores, como os motivos que levaram o casal a se separar, de quem foi a decisão, dos sentimentos de cada um e, sobretudo, da forma como era o relacionamento com a família e com os amigos do outro antes da separação", explica a psicóloga Miriam Barros.
"Tudo depende, na maior parte das vezes, de alguns fatores, como os motivos que levaram o casal a se separar, de quem foi a decisão, dos sentimentos de cada um e, sobretudo, da forma como era o relacionamento com a família e com os amigos do outro antes da separação", explica a psicóloga Miriam Barros.
Em
relação à família, a situação é um pouco mais delicada. No entanto, um bom
relacionamento pode e deve ser mantido, principalmente se durante o casamento
ele era estreito. Não com a mesma intensidade, mas com respeito e uma
proximidade que não incomodem nenhuma das pessoas envolvidas.
A
psicopedagoga Eliana de Barros Santos diz que, quando o casal tem filhos, a
relação com os familiares deve ser alimentada até mesmo para facilitar o
convívio com a criança ou o jovem. "Os laços familiares são importantes
para o desenvolvimento e podem ser bem explorados com o objetivo de formar os
filhos com fortes valores e ética. Essa pode ser, por exemplo, uma boa
oportunidade para trabalhar com os filhos a questão das diferenças nos
costumes", diz Eliana.
Emoções sob controle
Assim
que acontece o rompimento, é normal que os sentimentos fiquem meio tumultuados.
Com o passar do tempo, porém, as emoções se acomodam e o convívio pode ser mais
tranquilo, tornando possíveis as visitas pontuais que não causarão desconfortos
a ninguém.
É
preciso respeitar o tempo de todos (ex-parceiros, amigos e familiares), sem
deixar de falar sobre seus sentimentos. Se você tem afinidade com o ex-sogro ou
com a ex-cunhada, por que não dizer a eles que o rompimento em nada muda o que
sente? Explique que um certo afastamento será natural, mas deixe claro seu
afeto e diga que eles podem contar com você para o que precisarem.
A
amizade deve atingir um ponto de equilíbrio. Pode ser que telefonar apenas no
aniversário ou no Natal pareça pouco, mas ligar ou fazer uma visita toda semana
corre o risco de ultrapassar o limite do bom senso. E isso vale para os dois
lados, pois não são raras as circunstâncias em que a "ex-família" é
quem faz questão de manter a boa convivência, mesmo que não seja bem-vinda.
Na
opinião de Miriam Barros, é essencial respeitar a si mesmo e ao outro.
"Perceba se o fato de continuar a falar com aquelas pessoas causa algum
constrangimento ou sofrimento em você. Se isso acontecer, é melhor se afastar.
Em relação ao 'ex', também é importante notar se sua presença fere, incomoda,
causa raiva ou esperança de retorno", fala a psicóloga.
Exercite a sensibilidade para perceber quando as atitudes são exageradas e invasivas. Para Eliana, uma boa ferramenta para descobrir isso é refletir sobre os seus reais objetivos com a aproximação. "Se você está precisando muito manter a amizade, questione os motivos. Se está evitando muito a amizade, questione também", diz.
Exercite a sensibilidade para perceber quando as atitudes são exageradas e invasivas. Para Eliana, uma boa ferramenta para descobrir isso é refletir sobre os seus reais objetivos com a aproximação. "Se você está precisando muito manter a amizade, questione os motivos. Se está evitando muito a amizade, questione também", diz.
Lembre-se:
aquela família não é mais sua e você deve agir com cautela para não se tornar
inconveniente. Espere o convite para uma visita, ligue eventualmente e preste
atenção nos assuntos que serão abordados na conversa. "Mas se
determinada pessoa não te procurou, mesmo que para lamentar a separação e
desejar boa sorte na nova fase, ou se
você ligou para alguém e não sentiu muita receptividade, entenda como sinais de
que esse relacionamento também chegou ao fim. Não insista, siga em
frente", afirma a consultora de etiqueta Célia Leão.
Novas
regras de convivência devem ser construídas aos poucos e precisam mais uma vez
passar por uma adaptação quando o ex-parceiro ou ex-parceira inicia um novo
relacionamento. A psicóloga Maria de Melo, autora do recém-lançado "A
Coragem de Crescer – Sonhos e Histórias para Novos Caminhos" (Ed. Ágora),
afirma que esse é um momento em que, geralmente, surge outra crise. E talvez
bem mais séria.
"É
quando a separação se concretiza. E é complexo. Mesmo que você não goste mais
da pessoa com quem teve um relacionamento amoroso, pode existir uma fantasia
inconsciente de que aquele lugar seria sempre seu", declara. Ou certa
raiva porque o outro está tendo sorte. É uma fase que exige, novamente,
desenvolver o desapego. Por isso, é fundamental analisar bem quais são as
motivações por trás da amizade com os parentes ou amigos do "ex"
antes de investir nela. É mesmo por afeto ou apenas uma maneira de não se
desligar da vida de alguém que foi muito importante?
Excelente artigo, esclarecedor, uma contribuição para este tema, tão difícil e complicado, que é o relacionamento entre as pessoas, de um modo geral. Antônio Carlos Faria Paz - Itapecerica/MG
ResponderExcluirÓtimo, Mário, na vida, um pouco de respeito ao próximo (neste caso, aos próximos) e saber entender os nossos sentimentos são sempre fundamentais para seguir em frente. Bacana o texto! As pessoas tem que pensar mesmo sobre isso.. e aquelas ex que fazem questão de estar nas festas de família? Parece que ficaram sem vida própria, né? È preciso mesmo seguir em frente e ser feliz.
ResponderExcluirInteressante e instrutiva a publicação. Abraços!
ResponderExcluirNívea Braga