PERSONAGEM DE ANDRELÂNDIA
Não o conheci. Mesmo porque ele nasceu numa cidade próxima, Ribeirão Vermelho em 1957, mas mudou para minha terra criança, ainda com os pais, e nesta época eu estava enfurnado no seminário. E lá se tornou figura ímpar. Poeta, compositor e talentoso carnavalesco acabou morrendo no fatídico carnaval de 2009. E tinha uma particularidade que fazia a delícia da garotada: vendia bombons que sua mulher fabricava. Estava vendendo bombons, quando caiu na praça. Levado às pressas para a Santa Casa, sucumbiu ao ataque cardíaco. As rimas de seus poemas e o ritmo de suas melodias tocadas no seu tamborim comandavam as escolas de samba da cidade. Foi até diretor da Corporação Musical São Pio X (duas coisas que impressionarão os leitores no relato: “escolas de samba” – no plural – em Andrelândia, e uma corporação musical chamada Pio X). Chamava-se João Batista de Abreu Neto, conhecido como Joãozinho Abreu. Eis um poema que fala de seu amor pela cidade adotiva.
Sonho de um Andrelandense
Sonhei que Andrelândia
Era cidade industrial
E o apito das fábricas
Já era tradicional
No centro da cidade
Só poluição
Era tanta polícia
Correndo atrás de ladrão.
Ah, neste sonho
Eu parecia um rei
Pois estava em Andrelândia
Terra que eu sempre amei.
O povo aqui andava
Cheio de tutu
Comia caviar
Esqueceu feijão com angu.
E pra sair na rua
Eu pegava lotação
Saía do Rosário
E parava no Areão.
Saia do trabalho
Era aquele corre corre
Passava no boteco
E tomava um grande porre.
No bairro São Dimas
Eu pegava o metrô
E ia lá pro Cristo
Paquerar o meu amor
Mas quando acordei
Fiquei impressionado
Olhando na janela
Vi tudo parado
E vi que eu estava
Aqui no interior
Curtindo meus amigos
E falando só de amor
Ah. Neste sonho
Eu parecia um rei
Pois estava em Andrelândia
Terra que sempre amei.
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