Fazenda onde nasceu o blogueiro. Foto Luis Fernando Gomes

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sexta-feira, 1 de abril de 2011

Falando de Minhocas e outros bichos...

Anos atrás soube de uma noticia que me assutou: sobre os vendedores de caldo de cana em São Paulo. Não sei se era verdade ou não, mas isto me motivou a escrever esta crônica, publicada inicialmente em jornais de Rio Preto e depois em meu livro. Vamos a ela...

Minhocas


Desculpem-me os amigos pescadores, mas detesto minhocas. Elas me dão uma sensação de gastura, mal-estar, aquele “trem” se mexendo entre os dedos. Para falar a dura e fria verdade, eu não gosto de bicho. Sou sincero.
Não me agrada de forma alguma aquele negócio molengo,  nojento, sem pé nem cabeça, que vive retorcendo e mexendo como as louras e morenas dos grupos de pagode. Nem penso em pegar uma e tentar enfiá-la no anzol e pescar.
Aliás, nunca peguei. Ou melhor, para falar a verdade, uma vez lá no rio turvo, em Andrelândia, matei aulas no Ginásio São Boaventura (alguém já ouviu falar neste santo?) e, junto com o Rubens e o José Jorge, fomos pescar. Que mané pescar, qualé nada. Na hora que tive de pegar aquele bichinho retorcendo todo, sem osso, lisinho que nem bumbum de santo, mais mole que gelatina, me arrependi de estar matando aulas. Não dava. Pescar não era comigo. Nem peixe eu gosto de pegar com as mãos.
Não vou chegar ao ponto de dizer que subo em cadeira quando vejo baratas correndo no assoalho e nem solto gritinhos histéricos, mas uma coisa é certa: eu as mato mais pelo susto que levam quando ouvem meu berro do que pelas chineladas que tento aplicar às tontas pelo chão. O pior é varrê-las depois, para fora de casa. É nojo em cima
nojo. Não é à toa que  Kafka escolheu uma barata como objeto de metamorfose. Agora as baratas são muito úteis para bruxarias e macumba.

            Ratos também não me agradam. Mesmo sabendo que a população “ratiana” é muito maior do que a humana e estes animais estão ficando cada vez mais resistentes aos venenos preparados pelos homens (que acabam morrendo muito mais que os “ratianos”), o meu medo não é igual ao que tenho de uma lagartixa. Isto mesmo pasmem: uma lagartixa! Pensar que estes bichinhos, num período pré-histórico, eram imensos dinossauros ou, mesmo ferozes crocodilos, e agora são pequenos répteis que vão subindo asquerosamente pela parede do quarto, principalmente em tempo de chuva. Aliás, o meu medo de lagartixa aumentou muito quando alguém disse que ia enfiar uma na minha boca quando eu estivesse dormindo e roncando com a bocona aberta. Tentei usar esparadrapo quando dormia, mas isto me impedia de respirar direito.
            Cachorro, gato, cavalo, boi, vaca, bezerro, só gosto de ver e alisar nas gravuras.
Acho, inclusive, que este negócio de o cachorro ser o melhor amigo do homem está errado. O cachorro (me desculpem os cinéfilos) é o melhor amigo do dono. Para comprovar é só passar perto destes portões de ferro e ouvir aquele cachorrão rosnando ameaçadoramente. Você vai fugir espavorido, como o diabo da cruz. Ah, as tartarugas! Que coisa mais horrorosa, meu Deus do céu! Vai uma tartaruga molengando, vai outra mais devagar... Ah, não dá mesmo, não.
Acabei falando de quase toda a fauna, e quero terminar completando o meu pensamento sobre as minhocas. Eu, que já não gostava delas, agora mais ainda, que soube de uma novidade que anda acontecendo em São Paulo. Em quase toda esquina paulistana tem caldo de cana, e os vendedores enchem os baldes, esperando os fre-gueses. Ora, sabe-se muito bem que se o caldo de cana ficar parado azeda e fica horrível. Ninguém vai ter paciência de Jó de ficar mexendo o tempo todo. O que fazem então os intrépidos e fantasiosos garapeiros? Colocam minhocas no balde e lá ficam elas mexendo pra lá e pra cá. Minhocas? Grr e arg procês...





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