Fazenda onde nasceu o blogueiro. Foto Luis Fernando Gomes

Fazenda onde nasceu o blogueiro. Foto Luis Fernando Gomes
Fazenda onde nasceu o blogueiro. Foto Luis Fernando Gomes

sábado, 18 de setembro de 2010

Em época de Eleições.

Existem várias maneiras de encarar as eleições. Ou participamos atrivamente, quer dentro de um partido politico, ou mesmo se posicionando claramente a favor ou não de um político ou partido. Ou não queremos saber de nada. Afinal, todos os políticos são do mesmo saco (e provavelmente cheio de coisas nojentas). Ou tiramos proveito da situação: só votamos em alguém se ele nos beneficiar direta ou indiretamente (nessa época de corrupção desenfreada, lançamos o libelo: ou acabem com essa corrupção ou nos arrumem uma "boquinha"). Visão crítica também acontece. E também as bem humoradas. Prefiro estas últimas. Anos atrás, escrevi uma crônica, defendendo o psicólogo ou psiquiatra a cargos executivos. Êis a crônica.


PARA GOVERNADOR, UM ANALISTA


         Em uma das eleições americanas, pela primeira vez na história do país um psiquiatra era candidato a governador. Este fato foi saudado por uma série de acontecimentos, desde algumas piadas envolvendo psiquiatras, até um artigo bem humorado de Roger Rosemblatt na revista Times.
            Como estamos vivendo momentos de eleição no país, achei conveniente transpor o ensaio de Mr. Rosemblatt para nossa realidade.
            Desta maneira, um candidato psiquiatra ou psicólogo ao cargo de governador teria várias vantagens e alguns senões. Um dos empecilhos seria se o governador analista (incluindo aí o psiquiatra ou o psicólogo ) cobrasse as audiências    como se fossem sessões e se aquelas demorassem sempre 50 minutos. E, quando houvesse congresso de psicólogos e psiquiatras ele participaria? Porém, as vantagens são em maior número. Vejamos.
            Pode-se dizer tudo a um analista; não se deve esconder nada. Até as coisas mais graves. E sem censura. Ele só ficaria aparentemente chocado se houvesse boas notícias.
            Um analista leva todo mundo a sério. Isto é de extrema importância para as minorias – que já estão se tornando maioria-, e para os prefeitos do interior, que sempre estão achando que ninguém lhes dá o devido valor e nem mesmo os ouve.
            Um analista procura descobrir as coisas subjacentes, inconscientes. Diga-lhe que os professores estão fazendo greve e que os médicos do SUS não querem mais atender os pacientes, e ele dirá: por que está ocorrendo tais coisas com eles? Qual sua motivação inconsciente? O que eles estão querendo dizer com isto, além do óbvio “salário baixo”.
            Os analistas conseguem chegar bem ao fundo do problema: “Fale-me de suas fobias e lhes direi de que têm medo.” Os analistas creem, acreditam piamente, que os problemas serão resolvidos. As enchentes, por exemplo.
            Além dessas características que os indicariam para o cargo os analistas possuem outras peculiaridades de suma importância. São quase que uniformemente liberais, são contra as guerras e possuem uma voz suave, e que parecem que saem de dentro da gente e não deles mesmos. Além do mais, têm o seu próprio linguajar, o que virá trazer novas contribuições ao léxico político: temos como “posicionamento”, “insidioso”, “ complexos”, “fixação”, etc. Eis alguns exemplos de linguagem comum, linguagem política e linguagem analítica : o leitor comum diz “ outros candidatos”; o político , “ adversários” e o analista , “personalidades paranóicas”. O repórter vira jornalista político e acaba sendo “voiaeurista” para os analistas e assim por diante. Mas o bom mesmo é a capacidade que o analista tem de lidar com as pessoas em situação de pressão como acontece com as entrevistas aos repórteres.
Repórter: “ Governador, o que o senhor acha das mordomias ?”
Governador/ analista: “Você poderia me ajudar a entender melhor a sua colocação? “
Ou 
Repórter: “ Governador como vamos enfrentar esta ameaça de depressão “
Governador/analista: “Depressão?????????????? ”
            Para o analista as coisas não são como parecem ser. “O povo está contra o governo.” Diz um de seus secretários.  “É um problema de identificação, e na realidade ele está ambivalente com o governo. Gosta dele, mas diz que não gosta.”
            E tem mais: o analista acredita nos sonhos. Imaginemos um cabo eleitoral do governador/ analista contando para ele o sonho que tem de construir sua casa própria em terreno doado pelo Estado.
            “No seu sonho o terreno fica face sol ou face sombra, ele é inclinado ou é reto?”
            Além do mais, o analista é capaz de perdoar, de esquecer o passado ou, pelo menos de usar o passado para conhecer o presente. E as piadas? Ah, é mesmo esquecia-me delas:
Cliente: “Doutor, tenho a impressão de que quando eu falo ninguém me entende.”
Governador/analista: “Por favor, repita tudo outra vez. Não entendi.”






Nenhum comentário:

Postar um comentário