Fazenda onde nasceu o blogueiro. Foto Luis Fernando Gomes

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sábado, 4 de outubro de 2014

Um poema de Catulo da Paixão e outro sobre Oscar Wilde.

De vez em quando me aventuro a fazer alguma tradução. Poemas, por serem menores do que textos em prosa, são meus preferidos. O de hoje vai falar sobre Oscar Wilde, lamentavelmente condenado por ser homossexual. O outro é de nosso conhecido Catulo da Paixão Cearense. E uma pequena apresentação de ambos os autores.

Oh Who Is That Young Sinner

Oh who is that young sinner with the handcuffs on his wrists?
And what has he been after that they groan and shake their fists?
And wherefore is he wearing such a conscience-stricken air?
Oh they're taking him to prison for the colour of his hair.

'Tis a shame to human nature, such a head of hair as his;
In the good old time 'twas hanging for the colour that it is;
Though hanging isn't bad enough and flaying would be fair
For the nameless and abominable colour of his hair.

Oh a deal of pains he's taken and a pretty price he's paid
To hide his poll or dye it of a mentionable shade;
But they've pulled the beggar's hat off for the world to see and stare,
And they're haling him to justice for the colour of his hair.

Now 'tis oakum for his fingers and the treadmill for his feet
And the quarry-gang on Portland in the cold and in the heat,
And between his spells of labour in the time he has to spare
He can curse the God that made him for the colour of his hair.
 
A.E. Housman
   Alfred Edward Housman foi um poeta inglês. Em suas obras líricas aliou a pureza do classicismo a uma inspiração romântica, triste e quase fatalista. Trabalhou por dez anos no escritório de brevés britânico. . Família numerosa de 7 irmãos. Era o mais velho. Perdeu a mãe, com câncer, quando tinha 13 anos. Tornou-se ateu. Homossexual, apaixonou-se por alguém que não era. Reprimiu seu sentimento para sempre. Soltando-o em versos. Inclusive neste, de despedida:  Porque o amei tanto, tanto/ mais do que um homem poderia dizer/ Afasto-me de você e prometo/ neste pensamento,  mais não me meto.
“Quem é aquele jovem pecador” foi feito para Oscar Wilde, quando  preso acusado de homossexualismo. Usa a “cor do cabelo” como  referência ao amor entre pessoas do mesmo sexo.
    Nascimento26 de março de 1859,Bromsgrove, Reino Unido
  Falecimento30 de abril de 1936,Cambridge, Reino Unido


OH, QUEM É AQUELE JOVEM PECADOR?

Quem é aquele jovem pecador com o pulso algemado?
E como se sente depois de o vergarem e torcer seu braço?
E por que ele demonstra um ar conscientemente atribulado?
Por causa da cor de seus cabelos, levam-no para uma prisão feita de aço.


Esta cor de cabelo é uma vergonha para a natureza humana.
Naqueles velhos e bons tempos, com este cabelo já o teriam enforcado
Enforcar talvez não fosse suficiente, melhor esfolar, bem esfolado..
Por causa da vergonhosa e abominável cor de seu cabelo, de que ninguém ufana.

Sofreu bastante e até pagou um  preço bem alto.
Para esconder sua cabeça, ou pintar os cabelos com uma cor palatável.
Mas eles arrancaram seu chapéu de mendigo para todos se espantarem ao vê-los.
Arrastam-no à força para a Justiça pela cor de seus cabelos.


Em seus dedos, estopas; nos pés, rodas de moinho, como castigo.
Animal perseguido pelos cães de Portland, no verão ou no inverno cheio de gelo.
E, entre um trabalho forçado e outro, em suas folgas
Ele pode amaldiçoar ao Deus que o fez com aquela cor de cabelo.







O pássaro, o relógio e o espelho

Um pássaro engaiolado,
mestre de canto e harmonia,
disse a um relógio cansado
de tanto dar meio-dia :
-Relógio, isto não tem jeito!
Até parece chalaça!
Eu canto, sem ter proveito
e tu trabalhas, de graça !
Queres ouvir um conselho ?
Vê lá se é do teu agrado :
tu te conservas parado,
eu fecho a minha garganta,
fazendo como esse espelho,
que não dá horas nem canta !
Eu já estou desencantado
de cantar sem resultado.
E disse o relógio : - Amigo,
o mesmo se dá comigo.
Mas o espelho disse : - Não !
Nenhum dos dois tem razão.
Nenhum pássaro gorjeia,
sem ter a barriga cheia.
Nenhum relógio tem vida
sem o sustento da corda,
que a corda é a sua comida.
Eu vivo neste abandono,
sem dar despesa ao meu dono.
Sem comer corda ou alpista,
trabalho e, nesta canseira,
estou sempre retratando,
pois, quer queira, quer não queira,
tenho de ser retratista !
E, desde que fui criado
e comecei a espelhar,
nunca vi um retratado,
que, em mim se vindo mirar,
dissesse : - Muito obrigado!
que é modo civilizado
de se pagar, sem pagar.

Creditado a Catulo da Paixão Cearense
mas na realidade é de autor desconhecido.

Catulo da Paixão Cearense (São Luís do Maranhão8 de outubro de 1863 — Rio de Janeiro10 de maiode 1946) foi um poetamúsico compositor brasileiro. A data de nascimento foi por muito tempo considerada dia 31 de janeiro de 1866, pois a data original foi modificada para que Catulo pudesse ser nomeado ao serviço público.
Filho de Amâncio José Paixão Cearense (natural do Ceará) e Maria Celestina Braga (natural do Maranhão).
Mudou-se para o Rio em 1880, aos 17 anos, com a família. Trabalhou como relojoeiro. Conheceu vários chorões da época, Boêmio, morreu na  pobreza.
Em algumas composições teve a colaboração de alguns parceiros: Anacleto de MedeirosErnesto NazarethChiquinha GonzagaFrancisco Braga e outros.
Suas mais famosas composições são Luar do Sertão (em parceria com João Pernambuco), de 1914, que na opinião de Pedro Lessa é o hino nacional do sertanejo brasileiro, e a letra para Flor amorosa, que havia sido composta por Joaquim Calado em 1867. Também é o responsável pela reabilitação do violão nos salões da alta sociedade carioca e pela reforma da "modinha".

3 comentários:

  1. Nossa Cléber......foi péssima sua postagem....
    Foque em poemas inéditos (nada contra poemas antigos) mas são poemas rústicos os que vc postou.
    Não emociona..achei difícil de ler...sem motivação.
    Lúcia Amaral.

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  2. Estava procurando por poemas antigos e achei essa joia que me levou de volta aos tempos do antigo ginasial, obrigada

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  3. Estava procurando por poemas antigos e achei essa joia que me levou de volta aos tempos do antigo ginasial, obrigada

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