Fazenda onde nasceu o blogueiro. Foto Luis Fernando Gomes

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quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Para Presidente, um Analista. Uma crônica bem humorada

Calma, calma, petistas e tucanos, ou tucanos e petistas. Estou atrasado, já que as eleições acontecem daqui uns dias. Não posso lançar novo candidato. Mas na ficção, sim. Existem várias maneiras de encarar as eleições. Ou participamos ativamente, quer dentro de um partido politico, ou mesmo nos posicionando claramente a favor ou não de um político ou partido. Ou não queremos saber de nada. Afinal, todos os políticos são do mesmo saco (e provavelmente cheio de coisas nojentas). Ou tiramos proveito da situação: só votamos em alguém se ele nos beneficiar direta ou indiretamente (nessa época de corrupção desenfreada, lançamos o libelo: ou acabem com essa corrupção ou nos arrumem uma "boquinha"). Visão crítica também acontece. E também as bem humoradas. Prefiro estas últimas. Anos atrás, escrevi uma crônica, defendendo o psicólogo ou psiquiatra a cargos executivos. Eis a crônica, com algumas alterações.


PARA PRESIDENTE, UM ANALISTA


         Em uma das eleições americanas, pela primeira vez na história do país um psiquiatra era candidato a governador. Este fato foi saudado por uma série de acontecimentos, desde algumas piadas envolvendo psiquiatras, até um artigo bem humorado de Roger Rosemblatt na revista Times.
            Como estamos vivendo os estertores de uma eleição no país, achei conveniente transpor o ensaio de Mr. Rosemblatt para nossa realidade.
            Desta maneira, um candidato psiquiatra ou psicólogo ao cargo de presidente teria várias vantagens e alguns senões. Um dos empecilhos seria se o presidente analista (incluindo aí o psiquiatra ou o psicólogo ) cobrasse as audiências    como se fossem sessões e se aquelas demorassem sempre 50 minutos. E, quando houvesse congresso de psicólogos e psiquiatras ele participaria?  Como analista ou presidente? Porém, as vantagens são em maior número. Vejamos.
            Pode-se dizer tudo a um analista; não se deve esconder nada. Até as coisas mais graves. E sem censura.E criticar o analista sem correr o risco de chamarem a polícia Ele só ficaria aparentemente chocado se houvesse boas notícias.
            Um analista leva todo mundo a sério. Isto é de extrema importância para as minorias – que já estão se tornando maioria-, e para todos os políticos e sobretudo os prefeitos do interior, que sempre estão achando que ninguém lhes dá o devido valor e nem mesmo os ouve.
            Um analista procura descobrir as coisas subjacentes, inconscientes. Diga-lhe que os professores estão fazendo greve e que os médicos do SUS não querem mais atender os pacientes, ou que os médicos cubanos são guerrilheiros disfarçados e ele dirá: por que está ocorrendo tais coisas com eles? Qual sua motivação inconsciente? O que eles estão querendo dizer com isto, além do óbvio  ululante “salário baixo”.
            Os analistas conseguem chegar bem ao fundo do problema ou do poço (de petróleo ou de água, esta escasseando) “Fale-me de suas fobias e lhes direi de que têm medo.” Os analistas creem, acreditam piamente, que os problemas serão resolvidos. As enchentes, por exemplo. Ou a falta de água, ou de vergonha.
            Além dessas características que os indicariam para o cargo os analistas possuem outras peculiaridades de suma importância. São quase que uniformemente liberais, são contra as guerras e possuem uma voz suave, e que parecem que saem de dentro da gente e não deles mesmos (o que já nos livraria de vozes roucas das "ruas"). Além do mais, têm o seu próprio linguajar, o que virá trazer novas contribuições ao léxico político: temos como “posicionamento”, “insidioso”, “ complexos”, “fixação”, etc.
 Eis alguns exemplos de linguagem comum, linguagem política e linguagem analítica : o leitor comum diz “ outros candidatos”; o político , “ adversários” e o analista , “personalidades paranóicas”.
Em vez de seu sobrinho é vagabundo; sua irmã está num cabide de emprego, teremos: qual o conflito familiar subjacente?
O repórter vira jornalista político e acaba sendo “voiaeurista” (deixemos de francesismo) para os analistas e assim por diante. Mas o bom mesmo é a capacidade que o analista tem de lidar com as pessoas em situação de pressão como acontece com as entrevistas aos repórteres do Pânico ou CCC (?)
Repórter: “ presidente, o que o senhor acha das mordomias ?”
presidente/ analista: “Você poderia me ajudar a entender melhor a sua colocação? “ "O que você entende por mordomia" "Amor do Mia"? Todos os amores são permitidos. Menos pela Igreja.
Ou 
Repórter: “ presidente como vamos enfrentar esta ameaça de depressão “
presidente/analista: “Depressão?????????????? ” "É  minha especialidade. Comecemos mudando o nome: bipolaridade.
            Para o analista as coisas não são como parecem ser. “O povo está contra o governo.” Diz um de seus secretários.  “É um problema de identificação, e na realidade ele está ambivalente com o governo. Gosta dele, mas diz que não gosta.” "Ameaça votar no outro candidato só para enfrentar a autoridade paterna".
            E tem mais: o analista acredita nos sonhos. Imaginemos um cabo eleitoral do presidente/ analista contando para ele o sonho que tem de construir sua casa própria em terreno doado pelo Estado.
            “No seu sonho o terreno fica face sol ou face sombra, ele é inclinado ou é reto?”
            Além do mais, o analista é capaz de perdoar, de esquecer o passado (sobretudo as  baixarias em época de campanha) ou, pelo menos de usar o passado para conhecer o presente. E as piadas? Ah, é mesmo esquecia-me delas:
Eleitor ou político: “presidente, tenho a impressão de que quando eu falo ninguém me entende.”
presidenter/analista: “Por favor, repita tudo outra vez. .”







Um comentário:

  1. Ótimo artigo seria uma boa pedida! Acho que a nação brasileira precisa mesmo ir para o divã!!!
    Antônio Carlos Faria Paz-Itapecerica/MG

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