Fazenda onde nasceu o blogueiro. Foto Luis Fernando Gomes

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quarta-feira, 16 de abril de 2014

O incrível processo da morte! - Por: Drauzio Varella

Apesar de enfrentarmos a "morte" quase todos os dias e a vivermos em toda nossa vida (são parentes que morrem, amigos, conhecidos, animais de estimação, plantas), estamos sempre apavorados com nossa própria morte. Alias morremos dia a dia.
Estamos na Semana Santa (para os católicos), onde os festejos lembram a morte de Cristo (e sua ressurreição). Creio que um texto forte, mas não piegas, não religioso, inteligente e bem escrito, vem a calhar.


"Nossos filhos se tornaram adultos e tiveram filhos. O nascimento de um neto é evidência de 

que não somos mais necessários para a perpetuação de nossos genes. Desse momento em 

diante a vida seguirá em frente, estejamos ou não por perto. 

Em 70 anos, uma recém-nascida se tornou avó ou bisavó. Quando nos aposentamos, a vida 

corre mais devagar. Nossos movimentos também estão mais lentos. Os sinais externos da 

idade ficam mais evidentes. Nossos sentidos estão menos sensíveis. 

Desde o nascimento, começamos a perder os cílios responsáveis pela captação dos sons, no 

interior do ouvido. Nessa idade já temos dificuldade para escutar os sons de alta freqüência. 

Devagar, com o tempo, perderemos até os que captam freqüências baixas. 

Os ossículos que transmitem as ondas sonoras da membrana do tímpano para dentro do 

ouvido endurecem. Fica difícil ouvir o que os outros falam. A visão também piora. A vida inteira 

expostos aos raios de sol, o cristalino, a lente dos olhos, perde a elasticidade e escurece. Pode 

até mudar a cor dos olhos. O cérebro precisa fazer acrobacias para compensar essas 

alterações. 

O esqueleto reflete bem o desgaste de muitos anos. Os ossos continuam fabricando células 

novas para substituir as velhas, mas os osteoblastos já não dão conta de repor as células

perdidas. A perda constante de massa óssea torna os ossos quebradiços: é a osteoporose, um 

perigo permanente. Sofrer uma fratura é muito mais fácil. Isso acontece com ambos os sexos,

mas as alterações hormonais da menopausa aceleram o processo nas mulheres. 

Por que a aparência de nosso corpo muda tanto entre os 40 e os 70 anos? É bem mais do que 

uma questão de uso e desgaste. O envelhecimento é um processo que afeta uma por uma de 

nossas células. A cada dia, bilhões de nossas células se dividem em duas. Para isso, precisam

duplicar o DNA, e destinar uma cópia para cada célula-filha. Enquanto as células mais velhas 

morrem, as recém criadas ocupam o lugar deixado por elas. 

O problema é que o mecanismo de divisão celular é sujeito a pequenos erros. Quando o DNA 

é copiado, as imperfeições contidas nele também são duplicadas. Cada um desses erros é 

transmitido às células-filhas, às células-netas e, assim, sucessivamente, para todas as 

descendentes. 

É como nas fotografias: cópias de cópias perdem a nitidez. Desde o nascimento trocamos 

todos os ossos do nosso rosto a cada dois anos. Aos 70 anos, nossa face é a trigésima quinta 

cópia da que tínhamos ao nascer. A cada cópia as imperfeições se tornaram mais aparentes. É 

por isso que parecemos tão diferentes quando estamos mais velhos. 

Outra causa do envelhecimento está no ar que respiramos. Sem oxigênio não podemos 

sobreviver, mas ele nos corrói lentamente. Dentro de cada célula, as mitocôndrias são nossas 

centrais energéticas, nossas fábricas de energia. 

Elas combinam o oxigênio com os nutrientes para produzir a energia necessária ao 

funcionamento do organismo. Nesse processo são liberados poluentes, chamados de radicais 

livres, que agridem as próprias paredes das mitocôndrias e comprometem a produção de 

energia. 

Como conseqüência, não conseguimos mais repor as células necessárias, nem corrigir os 

defeitos ocorridos em seu DNA. O funcionamento dos órgãos fica comprometido. Eles podem 

falhar. A morte, como a vida, é um processo construído no interior de nossas células. Da 

mesma forma que o DNA controla nosso desenvolvimento, também limita a duração de nossas 

vidas. 

Em cada cópia de si mesma, a célula perde um pequeno fragmento de DNA. Depois de bilhões 

de divisões, foi perdido tanto DNA que a capacidade de formar novas células fica 

comprometida. A morte não é um acontecimento instantâneo. É um processo através do qual 

os órgãos pouco a pouco entram em falência. Ao dar as últimas batidas, o coração espalha 

pelo corpo um hormônio que aliviam a dor: as endorfinas. Sem oxigênio, os órgãos param de 

funcionar. 

Em dez segundos a atividade cerebral cai. Em quatro minutos o cérebro será lesado 

irreversivelmente. Perderemos a condição humana. A audição é o último sentido a nos 

abandonar. Mas algumas células permanecem vivas até mesmo depois da morte: as da pele 

ainda se dividem por 24 horas. E são necessárias 37 horas para que o último neurônio encerre 

a sua atividade. 

Para alguns de nós, a vida pode durar muito tempo. Quem nasce hoje tem expectativa de viver 

80 anos ou mais. Mas todas as jornadas um dia devem terminar. Depois de nossa morte, 

nossos filhos e netos carregarão nossos genes no interior de suas células, e vão transmiti-los 

para seus descendentes. Nossa vida continuará dentro deles. As memórias que deixamos, 

também. 

A nossa Viagem Fantástica chegou ao fim."

2 comentários:

  1. Mário Cleber,
    Engraçado...
    Simplesmente não gostei do texto.
    Achei "trágico", "dramático" demais.
    A vida é muito mais que um fenômeno físico-químico. Existe um élan, um mistério, um "sopro divino" que nenhuma reação celular explica. Reduzir este milagre apenas à biologia chega a ser um sacrilégio... rs
    E falar da morte é tão blasé... Não quer envelhecer? Morra cedo! Hahahah
    Enfim... Vamos celebrar a vida hoje. Deixemos a morte para amanhã.
    ;)
    Ethel

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  2. Ótima postagem do competente Dr. Drauzio Varela, mas ele fala e com propriedade do nosso envelhecimento físico, e é verdade que continuamos nesta terra após a morte através da genética. Muito bom, porém só gostaria de acrescentar que a nossa alma, para nós católicos , é imortal. Gostei!

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