Fazenda onde nasceu o blogueiro. Foto Luis Fernando Gomes

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terça-feira, 8 de abril de 2014

Amor romântico? Perigo.! Perigo!



Quantas frustrações podemos ter se reforçamos este lado romântico do amor! Vejam este texto de Regina Navarro.


Pessoas pensam que encontraram o grande amor de suas vidas  e depois ficam chocadas e decepcionadas.

Muitas vezes, até em relações duradouras, ouvimos a descrição do parceiro amoroso de alguém como sendo uma pessoa maravilhosa, bonita, inteligente, carinhosa e nos sentimos constrangidos quando somos apresentados a ela. É comum não possuir absolutamente nenhuma das características atribuídas pelo outro.
O amor romântico é construído em torno da projeção e da idealização sobre a imagem em vez da realidade. A pessoa amada não é percebida com clareza, mas através de uma névoa que distorce o real. Os amigos dizem: “O que ela viu nele?” ou “O que ele viu nela?” Porque eles veem a pessoa, enquanto você vê a imagem idealizada do outro.
Entretanto, para se manter envolto na névoa que cobre o amor romântico depois de algum tempo de relação, é necessário que o outro corresponda, evitando qualquer intimidade real, se calando sobre os pensamentos e sentimentos mais íntimos, bem como mantendo um certo afastamento físico.
As pessoas sempre souberam disso. Até alguns anos atrás, o argumento que as mães usavam para controlar o namoro de suas filhas era de que qualquer intimidade física antes do casamento faria o rapaz perder o interesse pela moça. Parece que não havia preocupação quanto ao depois. Aí já estariam casados e tudo tinha que ser suportado. Ainda hoje encontramos defensores da falta de intimidade física para adiar o desencanto.
O autor americano Robert Johnson, em seu trabalho sobre o amor romântico, uma análise de como esse sentimento tão valorizado entre os ocidentais afeta a vida das pessoas. O amor romântico não resiste à intimidade porque a relação não é com a pessoa real, do jeito que ela é. O “apaixonado” centraliza o seu ser na ilusão do romance, acreditando que vai encontrar a si mesmo e a vida em toda a sua plenitude. Mas, como a magia nunca dura e a idealização do outro acaba, surge o desencanto. Nessa quebra de encanto, começamos a perceber que a pessoa amada e as projeções colocadas nela são realidades distintas.
A convivência torna evidentes as diversas características de personalidade da outra pessoa. Seu jeito de ser e de pensar, como também sua generosidade ou seu egoísmo, sua coragem ou suas inseguranças, por exemplo. Alguns aspectos nos causam admiração, outros repúdio, mas de qualquer forma não conseguimos mais perceber o outro tão maravilhoso e idealizado como no início da relação. As nossas projeções sofrem a interferência da realidade.
Qualquer transgressão à ordem social estabelecida é imediatamente perdoada se for em nome do amor. Todos torcem para que o amor supere tudo e sempre vença. Ao mesmo tempo, estão todos dispostos a reconhecer que a paixão é uma forma de intoxicação, uma doença da alma como pensavam os antigos. Na era de Hollywood ninguém quer acreditar nisso. Estamos todos mais ou menos envenenados.
Inegavelmente, o amor romântico tem seu próprio tipo de excitação, temporária por natureza. Enquanto estamos apaixonados por alguém, o mundo se reveste de tamanho significado que a cada encontro somos transportados para fora da realidade e cria-se um estado de exaltação. É como se uma parte que nos faltasse nos tivesse sido devolvida, sentimo-nos enaltecidos, como se de repente tivéssemos nos elevado acima do mundo comum.
Existe uma expectativa no homem e na mulher de que o amor revele algo sobre eles mesmos ou sobre a vida em geral. A paixão é sempre uma aventura. Transforma a vida de cada pessoa, enriquecendo-a de novidades, riscos e prazeres.
As características do amor romântico são inconfundíveis. O êxtase e a agonia que nos causam tornam a vida emocionante, nos dando essa sensação de transcendência. Para se manter nesse estado de plenitude, homens e mulheres exigem coisas impossíveis de seus relacionamentos: nós realmente acreditamos inconscientemente que o outro tem a obrigação de nos manter sempre felizes, de tornar nossa vida significativa, vibrante, plena de encanto.
Mas, quando nos desapaixonamos, o mundo instantaneamente parece desolado e vazio apesar de, em alguns casos, continuarmos ao lado da mesma pessoa que antes nos propiciava tanta felicidade.
Em nossa cultura, o romance está em toda parte. A literatura, os filmes e músicas o expressam em abundância. Ficamos dramaticamente encantados quando o romance está no pleno vigor e desesperados quando ele acaba. Todo um conjunto de verdades sobre o romance nos é oferecido. Inconsciente e automaticamente, nós o aceitamos sem discutir e ficamos profundamente irritados quando alguém o faz.

2 comentários:

  1. Excelente tema para nos instigar a pensar e repensar...gostei!!!
    Antônio Carlos Faria Paz - Itapecerica/MG

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  2. Nossa, muito profundo esse texto!!! Carambaaaaa!
    A gente passa, normalmente, por todas essas fases no relacionamento!!!
    Mas o grande encantamento da vida talvez seja exatamente essa coisa lúdica, meio infantil, que te faz sonhar... viajar pelos mundos afora... E a doce esperança de que um dia haverá um único e verdadeiro amor, que viverá ou sobreviverá para além da vida!!! Amor romântico ou amor pé no chão... Com paixão ou morno ou apenas bom... Amor adulto, maduro... Não sei se não vale a pena correr perigo, perigo!!! rsrsrs Claro que com o mínimo ou máximo de juízo!
    Excelente texto! Parabéns por ousar acrescentar conhecimento e instigar-nos a repensar nossas vidas e relacionamentos!

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