Em 1978 foi publicado um livro, “Cristo do INPS à TV”, de Artur
Miranda. Convertido ao catolicismo e redator premiado de textos para TV, o
autor faz uma crítica contundente, com bom humor e ironia, aos meios de
comunicação, já daquela época, e escreveu a história deste Cristo moderno.
Pincei alguns textos, elaborei usando minha imaginação e coloco para os
leitores. Para os mais novos: INPS é o famigerado INSS. Ele não usa capítulos,
mas “Pregos”, numa alusão à crucifixão.
Hoje Cristo teria muita dificuldade de nascer, por causa do Sus,
convênios médicos caros e que deixam os usuários na mão e falta de pediatras
(são mal remunerados. Devem ser médicos cubanos na escravidão do “Mais
Médicos”).
José, o pai adotivo, era empregado, perdeu o emprego por causa das
importações chinesas. Foi viver de bico e do seguro desemprego. Mesmo assim,
ele e a mulher resolvem ir a uma das milhares de igrejas protestantes levar aves ,
terminantemente proibido pela Sociedade
Protetora dos Animais, que os ameaça de cadeia, como crime inafiançável. Eles
recuam e depois do menino Jesus ter nascido acabam mostrando-o no facebook,
pedindo para que todos dêem suas curtidas e compartilhem com os amigos. O objetivo é ter um milhão de amigos.
Queria usar um incenso, mas mesmo com parada para liberação da
Maconha, temeram confundir os dois cheiros.
O menino cresce numa época de testes para o Pro Uni, tentando vaga
em escola pública, visto que as particulares, protestantes ou católicas, estão
caríssimas.
Neste meio tempo, João Batista resolve colocar a boca no trombone,
criticando a mídia, todos os BBBs, Bial inclusive, confundindo-o com Baal, os
gastos para a Copadascopas, a seca no nordeste brasileiro (é por isto que ele é
muito festejado naquela região), e detona
um caso que o presidente – digo Imperador – tinha, e assim acaba perdendo a cabeça.
Aos 30 anos Jesus procura emprego, infrutiferamente. Além da
dificuldade para quem não tem formação acadêmica (cursos de xamã no Oriente não
valem no curriculum), o que mais o atrapalhava era a falta de documentação. Não
conseguia tirar RG, por causa da certidão do nascimento. Com o empenho do
Ministério da Justiça que queria o nome do PAI , visto constar
“desconhecido”, houve um grave problema
para colher o material e fazer o teste de DNA, pois todos dizem ser filho de
Deus, mas nunca apresentavam o resultado do teste.
Mas, ousado, começou a falar com o povo, com Deus (seu pai) e com
o mundo.
Fez a seleção dos apóstolos, com somente 1 (8%) sendo reprovado,
posteriormente. Não foi problema de seleção, mas de treinamento.
Arrepender-se-ia amargamente mais tarde.
A TV o descobre, por causa de seus milagres, do sermão da montanha
sem usar microfone, estar sempre acompanhado de 12 homens barbudos, mas dizia
não ser gay (tinha um séquito menor de mulheres), nem hétero (nenhuma caso de
abuso sexual), nem pedófilo. Aquela frase: Vinde a mim as criancinhas, foi mal
interpretada. Coisa da Imprensa.
Recusou-se participar do BBB (mal de família, o primo João não gostava):
Nem Cristo agüenta. Sugeriu até bons slogans: “Chega de heresia, Bíblia todo
dia” e “Deixa de ver BBB e deixa Cristo te ver”. Quando entrou em Jerusalém em
cima de um burrinho (alguém da sociedade protetora dos animais, recém
convertido, liberou o burrinho), deu em todos os canais, da TV aberta ou Paga
(esta parecendo aberta por causa da abundância de comerciais).
A última Ceia teve inserções de Ana Maria Braga, que queria entrar
no recinto com o Louro. Não sendo permitida, ela contratou uma nutricionista
para falar do cardápio, confirmando o baixo teor calórico da alimentação.
Quando subiu no Monte das Oliveiras, a Secretaria do Meio Ambiente subiu nas
tamancas e queria quebrar o pau, antes dos americanos (romanos daquela época)
chegarem e prenderem-no por ocultar armas químicas. A Secretaria conseguiu
prendê-lo, condená-lo e crucificá- lo numa cruz de plástico (madeira nem
pensar). Crucificaram dois ladrões juntos, isto porque a Secretaria dos
Direitos Humanos e nem a Sociedade Protetora dos Sofredores de Falta de
Liberdade chegaram em tempo para evitar esta injustiça. Quanto a Jesus, que se
lixe. Afinal tinham que pegar alguém pra Cristo.
Muito criativo, gostei!!!
ResponderExcluirAntônio Carlos Faria Paz. Itapecerica/MG