Depois de ler “Quando Nietzsche Chorou”, escrevi algumas idéias do
filósofo e postei aqui. Agora terminei de ler “A Cura de Schopenhauer” , do
mesmo autor, Irving Yalom, e vou fazer alguns comentários sobre o livro e
colocar frases do filósofo alemão.
O romance é ótimo (pelo menos para psicólogos): um terapeuta com
65 anos é diagnosticado com câncer. Só terá um ano “bom”. Ele repensa a vida e
tenta encontrar o cliente com quem não teve sucesso e o convida a participar de
terapia de grupo. O rapaz, ex-viciado em sexo, fã de Schopenhauer, que o teria
curado da fixação sexual, , vai promover uma revolução no grupo. Final bem
triste. As idéias do filósofo alemão permeiam todo o livro. E Yalon, o autor,
em determinado momento, faz uma bela comparação entre mães e terapeutas:
UM BOM PAI OU UMA BOA MÃE DÁ CONDIÇÕES PARA QUE O FILHO OU FILHA
TENHA CAPACIDADE DE SAIR DE CASA E SER ADULTO, ASSIM COMO O BOM TERAPEUTA QUER
QUE SEUS PACIENTES SAIAM NO FINAL DO TRATAMENTO. (lembra-me outra frase: o bom
terapeuta é aquele que o paciente esqueceu o nome).
Mas quem foi Schopenhauer?
Nascido na atual Gdansk, o pai, rico comerciante, levou a esposa
grávida para o filho nascer na Inglaterra. Na impossibilidade, colocou um nome
inglês: Arthur.O suicídio do pai deu ao filho a chance de ficar só estudando e
à mãe, a possibilidade de se livrar de um marido machista e ciumento. As
relações do filho com a mãe não foram boas. Ficaram mais de 20 anos sem se
verem ou se comunicarem. Não se casou (como quase todos os grandes filósofos,
excetuando Sócrates, cuja mulher, Xantipa, deu-lhe muita dor de cabeça) – era
contra o casamento -, viveu só, apesar de grandes aventuras sexuais. Morreu em
Frankfurt, aos 72 anos, gozando de uma merecida glória no final da vida.
Esquisito, metódico, fora de moda em suas roupas, era motivo de troça e ironia.
Fazia as refeições sempre sozinho e
achava que ninguém teria a sua inteligência (chamava os seres humanos de
bípedes). Ah, a irmã dele chamava-se Adélia.
No fim da vida, a maioria dos homens percebe, surpresa, que viveu
provisoriamente e que as coisas que largou como sem graça ou sem interesse
eram, justamente, a vida. E assim, traído pela esperança, o homem dança nos
braços da morte.
“A felicidade pode ter três origens: o que somos, o que temos e o
que somos para os outros. As duas últimas podem ser perdidas. Assim a
felicidade só pode estar em quem somos.”
A vida vista da juventude é um longo futuro. Vista da velhice, parece um curto passado”
Para bem envelhecer é preciso aceitar que as oportunidades
diminuem.
Escolhas excluem.
Não há rosas sem espinhos. Mas há muitos espinhos sem rosa”.
Fale sem emoção – Não seja espontâneo – Mantenha-se independente de
todos – Considere-se a única pessoa na cidade com relógio, Isto vai lhe ser
útil – Desconsiderar é ganhar consideração.
As grandes dores fazem com que as menores mal sejam sentidas e, na
falta das grandes, até o menor desgosto nos atormenta.
Os médicos têm duas letras diferentes: uma quase ilegível, para as
receitas. A outra, clara e bonita, para as contas.
Devemos encarar com tolerância toda loucura, fracasso e vício dos
outros, sabendo que encaramos apenas nossas próprias loucuras, fracassos e
vícios.
.
E terminando com Nietzsche: Alguns não conseguem se libertar de
seus grilhões, mas conseguem libertar os amigos
Boa e interessante matéria filosófica! Gosto de adentrar pelos meandros da filosofia, pois nos faz pensar, rever conceitos e dilatar a mente e o ideal.
ResponderExcluirHá esqueci-me de colocar que o comentário acima é meu.
ResponderExcluirAntônio Carlos Faria Paz - Itapecerica/MG