Fazenda onde nasceu o blogueiro. Foto Luis Fernando Gomes

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quarta-feira, 1 de maio de 2013

Bastos Tigre, Rogério Salgado e Eu: três poemas


POEMAS.

São três os poemas que vou postar hoje.
O primeiro, falando do envelhecer, é de Bastos Tigre.
Nasceu no Recife (PE), a 12 de março de 1882, filho de Delfino da Silva Tigre e Maria Leontina Bastos Tigre. Faleceu no Rio de Janeiro, a 2 de agosto de 1957.
Estudou no Colégio Diocesano de Olinda (PE), onde compôs os primeiros versos e criou o jornalzinho humorístico O Vigia. Diplomou-se pela Escola Politécnica, em 1906. Trabalhou como engenheiro da General Electric e depois foi ajudante de geólogo nas Obras Contra as Secas, no Ceará.
Foi homem de múltiplos talentos, pois foi jornalista, poeta, compositor, teatrólogo, humorista, publicitário, além de engenheiro e bibliotecário. E em todas as áreas obteve sucesso, especialmente como publicitário. "É dele, por exemplo, o slogan da Bayer que correu o mundo, garantindo a qualidade dos produtos daquela empresa: "Se é Bayer é bom". Foi ele ainda quem fez a letra para Ary Barroso musicar e Orlando Silva cantar, em 1934, o "Chopp em Garrafa", inspirado no produto que a Brahma passou a engarrafar naquele ano, e veio a constituir-se no primeiro jingle publicitário, entre nós."



O segundo é de Rogério Salgado, uma figurinha carimbada nos Poemas de ônibus, que encontramos em muitos coletivos de Belo Horizonte. Adoro seus textos. Ele mesmo vai fazer sua apresentação:
Sou natural de Campos dos Goytacazes/RJ. Em 1980 mudei-me para Belo Horizonte/MG. Publiquei em 1982 em edição independente, meu livro de estréia “Tontinho”. Na década de 80, com Virgínia Reis e Wagner Torres, editei a revista Arte Quintal, uma das mais importantes revistas culturais que já circulou no país. Tenho trabalhos publicados em jornais e revistas do Brasil e do exterior. Sou o idealizador do projeto In/Sacando a Poesia, que consistia em colocar poemas dentro de saquinhos de embalar pães em padarias. Desde 2005 realizo junto com Virgilene Araújo, o Belô Poético – Encontro Nacional de Poesia. Em 2007 foi publicado por Virgilene Araújo, o livro Trilhas (Belô Poético). Uma pesquisa e seleção de 70% da minha obra completa. Em 38 anos de carreira poética, publiquei mais de 20 livros, sendo um dos últimos, “Poemas” (Belô Poético-2010) em comemoração aos meus 35 anos de poesia. Acabo de publicar um novo livro intitulado “SaiS”.


O terceiro não precisa de apresentação. É o blogueiro que vos bloga. Estava eu, à tardezinha em Brumadinho, depois de uma festa de casamento, olhando o entardecer naquela mata toda e com medo de fantasma e assombrações. Quando me lembrei dos meus. Saiu algo. Publico hoje em primeira mão para vocês.
Vamos aos poemas.

ENVELHECER
Tigre Bastos
Entra pela velhice com cuidado,
Pé ante pé, sem provocar rumores
Que despertem lembranças do passado,
Sonhos de glória, ilusões de amores.
Do que tiveres no pomar plantado,
Apanha os frutos e recolhe as flores
Mas lavra ainda e planta o teu eirado
Que outros virão colher quando te fores.
Não te seja a velhice enfermidade!
Alimenta no espírito a saúde!

Luta contra as tibiezas da vontade!
Que a neve caia! o teu ardor não mude!
Mantém-te jovem, pouco importa a idade!
Tem cada idade a sua juventude.


OITETO AMOROSO.
Rogério Salgado.

Ser teu corpo, meu
ter teu beijo, mel
sentir está no céu
de um crer tão ateu.

Criar palavras, sorte
dizer de amor, seu
encerrar este mote
dizendo apenas, valeu.



E agora:

FANTASMAS E ASSOMBRAÇÕES.
Mário Cleber da Silva.


Estiveram nos meus calcanhares
Os meus fantasmas.
Perseguindo-me
Não só na calada da noite
ou no silêncio da madrugada,
mas nos dias chuvosos e sem sol,
e até nos ensolarados e primaveris.

Longas foram as histórias 
que contei para mim mesmo
quase todas as insones noites.
Casos e histórias do meu viver,
que hoje não me dizem nada
que sobrevivi a duras penas.

Rio Turvo, Grupo Escolar, Colégio São Boaventura,
Inverno frigidíssimo. Verão de espantosa secura
Batina preta no carnaval, na Semana Santa, procissão
A primeira namorada, o primeiro beijo, a primeira posse.
O choro, a fralda, passos trôpegos, as dores, a fossa.
As idas, as vindas, as viagens, o sufoco.
Fatos da vida que me atingiram como um soco.

Hoje sou feliz, 
porque o universo conspira a favor.
E como conspira...
Olho para frente e vou andando
construindo meu caminho
palmilhado de alegria e doações,
dores e aflições

Hoje me doo por completo.
Durmo tranquilo,
sem medo de assombrações.


Um comentário:

  1. Das três poesias de hoje, sem nenhum sofisma, a que mais me agradou foi a do Mário Cleber. Natural, límpida, com estilo.
    Antônio Carlos Faria Paz. - Itapecerica/MG

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