Fazenda onde nasceu o blogueiro. Foto Luis Fernando Gomes

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segunda-feira, 20 de maio de 2013

Afinal, o que é ser homofóbico?


Vivemos novos  tempos. Não adianta tampar o sol com a peneira. Temos que nos adaptar.  E para nos ajudar é importante conhecer. Saber das coisas. Distinguir. Quando li este texto, bem explicadinho, gostei. Tecnicamente há uma falha, na minha opinião. Homofobia vem do grego “homós”, semelhante, e “phobos”, medo aversão, terror.  Assim com o “agorafobia, acrofobia”. Medo de lugares abertos e medo de alturas. E ninguém vai preso por ter este medo, pavor, aversão a isto. Mas também não vemos ninguém xingando os lugares abertos ou indo até as alturas para xingar ou bater no espaço vazio. Aí é que está o busílis, o xis do problema: a agressão, a violência. Talvez este texto nos auxilie a ver a questão de um lado racional, inteligente e sem emoções negativamente  carregadas.

Afinal, o que é ser homofóbico?


Dia 17 de maio é o Dia Internacional contra a Homofobia, data escolhida para discutir o que é homofobia, como ela é representada na sociedade e quais são seus prejuízos para o desenvolvimento de uma relação justa entre direitos e deveres.
Muito é falado sobre homofobia e muito é rebatido com o argumento de que ninguém é obrigado a gostar de nada. E isso é bem uma verdade. Mas talvez não esteja claro para algumas pessoas o que é homofobia – assim como algumas pessoas ainda têm dificuldade de entender o que é racismo, sexismo ou o que configura estupro.
Ser homofóbico não é apenas sair na rua e agredir fisicamente um gay. É agredir emocionalmente, é privar as pessoas de direitos apenas porque a orientação sexual dela é diferente da sua. Não adianta você dizer que “até tem um amigo/parente/vizinho/empregado que é gay” para dizer que sua postura não é/foi preconceituosa. Quem sente o preconceito na pele não quer saber do seu histórico, essa pessoa apenas não gostaria de ter sentido aquilo.
Para facilitar a vida, resolvi fazer uma listinha de coisas que deixam claro o que é homofobia.  Mas antes dela, queria deixar uma coisa muito clara: quando homofobia for considerado crime – o que esperamos que seja logo- você não vai poder fazer nenhuma das coisas abaixo, mas nem por isso vai precisar virar gay, tá? Você continua livre para ser hétero, construir uma família do seu jeito, ter filhos e escolher suas crenças, a única coisa que você vai mudar é que todas as outras pessoas ao seu redor – não importa quem sejam – terão os mesmos direitos que você – coisa que não acontece hoje.
Ser gay não é ser pedófilo, não é ser aliciador de menores, não é ser drogado, promiscuo ou ter uma doença. Ninguém vira gay, não existe uma cura científica para isso e não há nada errado em amar outra pessoa e ter um relacionamento consensual com ela. Estudos apontam que a homossexualidade é genética e portanto, todas as crenças de que é apenas “falta de vergonha na cara” caem por terra – no link a seguir você pode ver o geneticista brasileiro Eli Vieira explicando que ser gay é genético com base em diversos estudos acadêmicos.
No trabalho
Você deixaria de contratar um pedreiro porque ele é japonês? E negro? E gay? Você acharia que alguma dessas características diria se ele é melhor ou pior para a função que vai exercer? Se sim, você é homofóbico. Você não pode, por lei, usar a cor ou a etnia de uma pessoa para não contratá-la. E você não deve usar a orientação sexual para isso.
Nem todo gay é delicado. Nem todo gay quer trabalhar na TV ou em comunicação. Nem todo gay vai ficar falando sobre como as pessoas do mesmo sexo são atraentes – mesmo que muitos homens façam isso com mulheres e achem que é aceitável.
O estereótipo criado para o gay não é a realidade. E é homofobia você deixar de lado a competência da pessoa para levar em conta apenas o gênero das pessoas com quem ela se relaciona romanticamente.
Você pode não contratar um gay? Claro, mas só se ele não for mesmo o melhor candidato para a vaga. Você deixaria de contratar um gênio apenas porque ele não curte sexualmente o mesmo que você? Pois é isso que acontecendo com diversos gays altamente capacitados.
Na rua
Se você a pessoa que você ama estiverem passeando de mãos dadas, trocando carinhos (isso significa passar a mão no rosto, nos cabelos e não fazer sexo em via publica, ok?), conversando sobre o quanto vocês se amam (eu amo mais / não, eu é que amo mais) e alguém passar e dizer que vocês são nojentos e vão queimar no inferno, como você se sentiria?
Isso acontece todos os dias com casais gays. As pessoas ficam olhando, dizendo que é nojento dois caras estarem de mãos dadas ou um desperdício aquelas duas garotas lindas não terem alguém pra ensinar o que é sexo de verdade. Você acharia uma delícia sair de casa? Pois é.
Muitas vezes esses olhares e comentários se transformam em agressão. E vai do tipo mais discreto – esbarrar bem forte “sem querer” na hora em que se está passando – até o mais descarado, que pode ser gritar enquanto a pessoa passa - “Ai, seu viadinho, você não tem vergonha, não” - ou agredir fisicamente sem nenhum motivo além da orientação sexual - “Em sapatão eu bato igual em homem”,
Nada disso é aceitável. A agressão verbal é tão errada quanto a agressão física. E você tem todo o direito do mundo de achar feito, estranho ou nojento – outras pessoas também podem achar que você e sua namorada não combinam e formam um casal nojento -, mas você não pode usar isso como uma arma. Você pode pensar, mas não pode agredir com esse pensamento. Não é tão difícil assim entender, é?
Em relação a violência
O argumento mais usado para dizer que a violência contra gays nãos aumentou é dizer que a violência, como um todo, cresceu. Então vou explicar a diferença entre uma coisa e outra.
Quando um hétero é assaltado e agredido ou morto ele não toma 40 tiros, ele toma um. Existe uma diferença muito grande entre ser morto e ser morto com ódio. Além disso, os gays não precisam esperar um assalto para serem agredidos, isso pode acontecer a qualquer momento, com uma provocação aparentemente banal.
Se um cara xinga a namorada do outro – ou ofende a honra do outro macho a chamando de gostosa - e esse cara volta para tirar satisfações, as coisas são resolvidas com um acordo de cavalheiros, não são comuns os casos de pessoas que matam outras por causa disso.
Se um gay é xingado e vai tirar satisfação, ele é agredido no primeiro segundo, sem nem ter tempo de entender o que está acontecendo de verdade ali. Vou dar um exemplo emblemático de como existe uma diferença até nessa hora horrível da violência: um motorista de uma van passou e chamou um gay de gay – com a intenção de ofender, claro -, o menino retrucou. O motorista voltou, atropelou o cara e passou por cima dele três vezes. Sim, ele atropelou, deu ré e passou novamente. Isso é crime de ódio. Isso é homofobia.
Em relações aos direitos garantidos por lei
Gays não querem mais direitos do que héteros, essa é outra mentira usada para desqualificar os direitos iguais. Gays querem apenas que os direitos que todo cidadão têm também tenham validade para eles.
Um exemplo quentinho e polêmico é o casamento. Todo mundo tem direito a casar, os gays não tinham. Não são duas pessoas que querem, por vontade própria, unir-se para viver juntas, dividir tudo e formar uma família? Pois é, isso é o que significa casamento e ele era negado quando as duas pessoas tinham o mesmo gênero.
Desde 14 de maio deste ano de 2013, gays podem se casar, assim como héteros. Todo mundo pode ser feliz, amar, ser amado e oficializar a união. Ninguém vai te obrigar a ser gay e casar com alguém do mesmo sexo e essa nova lei não vai mudar em nada a sua vida, mas terá um impacto imenso naquelas pessoas que vivem juntas há anos e sempre quiseram casar, por exemplo, e não podiam.
Esse é apenas um direito. Há ainda o direito a adoção e diversos outros que são ligados internamente um no outro. Agora, com a liberação do casamento, famílias gays também configuram famílias perante a lei e esse é um passo em direção a mudanças profundas na nossa sociedade que garantirão mais respeito a todos os cidadãos.


Um comentário:

  1. Ótimo texto, conciso, enxuto e direto. Deveria ser divulgado a mais pessoas, para melhor entenderem o que é realmente considerado homofobia.
    Antônio Carlos Faria Paz - Itapecerica/MG

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