A frase de efeito foi cunhada por
Dorothy Rowe, psicóloga australiana, nascida em 1930 e que mudou para
Inglaterra na década de 70, onde construiu idéias bem curiosas sobre depressão
e se tornou palestrante de sucesso. Passou muitos anos atendendo pacientes
deprimidos e acabou rejeitando o modelo médico de doença mental, trabalhando
com a teoria de construção pessoal: todos nós temos um conjunto de construtos
(crenças) a respeito do mundo e das pessoas que nele habitam. Ela acredita que
a depressão é o resultado de crenças que não ajudam as pessoas a viverem bem
consigo mesmas ou com o mundo. Sobretudo a crença no Mundo Justo, isto é, que
os maus são punidos e os bons recompensados, o que leva a exacerbação dos
sentimentos de medo e ansiedade se acontece algum “desastre”. Aceitar que o
mundo externo é imprevisível é o primeiro passo para a recuperação da saúde
mental.
E continuando a idéia da
psicóloga australiana: se as pessoas
parassem de se culpar pelas coisas que acontecem em suas vidas, as taxas de
depressão cairiam.
Cultura, pais, família e nossos
pares costumam colocar em nossa cabeça que o mundo é um lugar justo e racional
e que, se formos bonzinhos, coisas boas
nos acontecerão. Se as coisas vão bem quando agimos bem, o que acontece quando
as coisas vão mal? Essa crença no mundo justo nos faz sentir culpados pelas
coisas ruins que acontecem conosco.
Se somos injustiçados ou magoados
nos perguntamos: por que isto foi acontecer comigo? Logo comigo? Ou só acontece comigo. E
procuramos descobrir o que fizemos para provocar aquele transtorno. Até em
casos de desastres naturais. Acusar a si mesmo, sentir culpa, impotência e vergonha
são atitudes irracionais que surgem quando acontece coisas ruins na nossa vida.
Lógico que isto vai levar à depressão.
Dorothy Rowe é enfática: somos
nós que criamos e escolhemos nossas crenças. Compreendendo isto, deixamos de
acreditar num mundo justo e refletir RACIONALMENTE sobre as experiências
negativas. Ela esclarece: podemos sofrer com pais violentos, perder emprego,
ter a casa inundada, mas estas coisas aconteceram não porque nascemos
condenados à desgraça, azarados, nem porque merecemos ser maltratados. É muito
importante que paremos de pensar que tudo que acontece é pessoal. Enxerguemos os fatores externos como externos
mesmos, e que coisas ruins acontecem porque simplesmente tinham que acontecer. Ou
como ela diz sabiamente: Basta se culpar pelo desastre que caiu sobre você para
fazer a tristeza virar uma depressão.
Ah, pessoas más não se culpam. E o mundo é injusto.
Interessante consideração. Muito há que se falar sobre depressão e certamente este texto contribui para averiguar, talvez, a sua principal causa. Claro que o tema instigante, nos convocando à reflexão.
ResponderExcluirAntônio Carlos Faria Paz - Itapecerica/MG
Onde se Lê o tema instigante, leia o tema é instigante.
ResponderExcluirAntônio Carlos Faria Paz - Itapecerica/MG