“Ninguém se torna completamente
humano sem sentir dor”.
Mário Cleber da Silva –
Psicólogo.
Esta linda e dolorosa frase é do
Psicólogo Rollo May, nascido em 1909 e morto em 1994.
O primeiro livro que li falando
sobre sofrimento foi “Sofrer e Amar” e me impressionou positivamente. Relendo-o
agora depois dos sessenta anos, discordei do autor, o Padre João Mohana, meu
ídolo na época do seminário, cujo livro, A Vida Sexual dos Solteiros e Casados,
devorei avidamente e embalou meus sonhos. Prefiro “Perdas Necessárias”, de
Judith Viorst, mais moderno, mais atual e menos religioso.
Na metade do século XIX, filósofos
de nomes esquisitos, Martin Heidegger, Friederich Nietzsche e Soren
Kierkegaard, com idéias mais esquisitas ainda convidaram as pessoas a ampliar
seu leque de pensamentos para compreender melhor a existência humana: surgia o
movimento existencialista. Livre arbítrio (é coisa recente esta idéia),
responsabilidade pessoal, nossa própria interpretação de nossas experiências,
eram temas recorrentes do movimento e cuja principal pergunta era: o que
significa para um ser humano existir?
O livro do psicólogo Rolo May –
The Meaning of Anxiety – levou, pela primeira vez, para a psicologia esta
abordagem filosófica centrada na existência. Daí ser considerado como o pai da
Psicologia Existencial, minha preferida atualmente.
Para May a vida era um espectro
da experiência humana e o sofrimento era parte desta existência e não um sinal
patológico. Como seres humanos que somos, buscamos experiências agradáveis e
que nos deixem confortáveis. Gostamos do nosso ambiente familiar e preferimos
as experiências que mantenham nossas faculdades mentais e físicas em um estado
de equilíbrio e de comodidade. Isto nos leva a rotular experiências como boas
ou ruins de acordo com o prazer e conforto que elas nos proporcionam. Mas, se o
fizermos sempre assim, estamos nos prejudicando, pois vamos contra processos
que podem nos levar ao crescimento e desenvolvimento.
Seus conceitos batem com o
pensamento budista que aceita todas as experiências igualmente, no lugar de
repelir ou rejeitar as que são desagradáveis ou desconfortáveis. Também se faz
necessário aceitar os sentimentos “negativos” em vez de evitá-los, ou pior,
reprimi-los.
Rollo May afirma que a tristeza e
o sofrimento não são questões patológicas a serem consertadas. Mas são partes
essenciais e naturais da vida humana, e, frisando, importantes para promover o
crescimento humano. Esta idéia vem de
encontro à tentativa desesperadas das pessoas de não ficarem tristes. Até o
conceito moderno de “bipolaridade” vem nesta contramão.
Por outro lado, Viktor Frankl,
psiquiatra vienense (1905 – 1997) reforçou a idéia de que não estamos à mercê
dos acontecimentos em nossa vida, porque somos nós que determinamos como deixaremos
ser influenciados. Somos nós mesmos que pegamos o leme de nossa existência. Até
mesmo o sofrimento pode ser visto e encarado de formas diferentes de acordo com
nossa personalidade.
Irvin Yalom, festejado autor de
“Quando Nietzsche chorou”, discorre longamente no volumoso livro “Existential
Psychology” sobre as quatro preocupações essenciais da vida e fontes de
neurose: morte, liberdade, isolamento existencial e falta de sentido. Não
sabemos lidar com elas.
Em homenagem ao meu amigo, Walter
de Lima Bastos, que morreu na undécima hora do
último dia de Março de 2013.
deixo aos meus professores de vida o meu abraço: ao primeiro um abraço virtual e ao segundo, postumo.Com saudades
ResponderExcluirIonara