Fazenda onde nasceu o blogueiro. Foto Luis Fernando Gomes

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sexta-feira, 5 de abril de 2013

Dor, Sofrimento e Perda.



“Ninguém se torna completamente humano sem sentir dor”.


Mário Cleber da Silva – Psicólogo.

Esta linda e dolorosa frase é do Psicólogo Rollo May, nascido em 1909 e morto em 1994.
O primeiro livro que li falando sobre sofrimento foi “Sofrer e Amar” e me impressionou positivamente. Relendo-o agora depois dos sessenta anos, discordei do autor, o Padre João Mohana, meu ídolo na época do seminário, cujo livro, A Vida Sexual dos Solteiros e Casados, devorei avidamente e embalou meus sonhos. Prefiro “Perdas Necessárias”, de Judith Viorst, mais moderno, mais atual e menos religioso.
Na metade do século XIX, filósofos de nomes esquisitos, Martin Heidegger, Friederich Nietzsche e Soren Kierkegaard, com idéias mais esquisitas ainda convidaram as pessoas a ampliar seu leque de pensamentos para compreender melhor a existência humana: surgia o movimento existencialista. Livre arbítrio (é coisa recente esta idéia), responsabilidade pessoal, nossa própria interpretação de nossas experiências, eram temas recorrentes do movimento e cuja principal pergunta era: o que significa para um ser humano existir?
O livro do psicólogo Rolo May – The Meaning of Anxiety – levou, pela primeira vez, para a psicologia esta abordagem filosófica centrada na existência. Daí ser considerado como o pai da Psicologia Existencial, minha preferida atualmente.
Para May a vida era um espectro da experiência humana e o sofrimento era parte desta existência e não um sinal patológico. Como seres humanos que somos, buscamos experiências agradáveis e que nos deixem confortáveis. Gostamos do nosso ambiente familiar e preferimos as experiências que mantenham nossas faculdades mentais e físicas em um estado de equilíbrio e de comodidade. Isto nos leva a rotular experiências como boas ou ruins de acordo com o prazer e conforto que elas nos proporcionam. Mas, se o fizermos sempre assim, estamos nos prejudicando, pois vamos contra processos que podem nos levar ao crescimento e desenvolvimento.
Seus conceitos batem com o pensamento budista que aceita todas as experiências igualmente, no lugar de repelir ou rejeitar as que são desagradáveis ou desconfortáveis. Também se faz necessário aceitar os sentimentos “negativos” em vez de evitá-los, ou pior, reprimi-los.
Rollo May afirma que a tristeza e o sofrimento não são questões patológicas a serem consertadas. Mas são partes essenciais e naturais da vida humana, e, frisando, importantes para promover o crescimento humano.  Esta idéia vem de encontro à tentativa desesperadas das pessoas de não ficarem tristes. Até o conceito moderno de “bipolaridade” vem nesta contramão.
Por outro lado, Viktor Frankl, psiquiatra vienense (1905 – 1997) reforçou a idéia de que não estamos à mercê dos acontecimentos em nossa vida, porque somos nós que determinamos como deixaremos ser influenciados. Somos nós mesmos que pegamos o leme de nossa existência. Até mesmo o sofrimento pode ser visto e encarado de formas diferentes de acordo com nossa personalidade.
Irvin Yalom, festejado autor de “Quando Nietzsche chorou”, discorre longamente no volumoso livro “Existential Psychology” sobre as quatro preocupações essenciais da vida e fontes de neurose: morte, liberdade, isolamento existencial e falta de sentido. Não sabemos lidar com elas.


Em homenagem ao meu amigo, Walter de Lima Bastos, que morreu na undécima hora do  último dia de Março de 2013.

Um comentário:

  1. deixo aos meus professores de vida o meu abraço: ao primeiro um abraço virtual e ao segundo, postumo.Com saudades

    Ionara

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