Amor sem dor, livro de Márcia Goldschmidt.
Não esperem um livro feminista,
daqueles que sugerem uma nova queima de soutiens (antigamente mais usados do
que hoje). Trata-se, na verdade, de um livro de mulher para mulher. Como psicólogo
tenho que conhecer o mundo feminino e sua leitura, ainda que forçada pela falta
do que fazer em dias chuvosos de Belo Horizonte, me agradou. Talvez a autora
seja vista como conservadora demais na concepção dos papeis de homem e mulher,
ou com idéias ultrapassadas, mas, ainda que não sejam verdades absolutas (o que
é verdade absoluta?), ela sabe falar com uma linguagem facilmente compreendia
pelas mulheres (e eventuais homens).
Marcia Goldschmidt foi
apresentadora de um pavoroso programa de TV nas tardes semanais. Vi-a algumas
vezes e pulei rapidamente de canal. O seu nome como autora não me inspirava confiança. Mas foi uma agradável surpresa.
Entre muitas coisas que diz sobre
as mulheres, uma me chamou particularmente a atenção: a mulher é rápida para
admitir um homem (no seu coração, em sua vida), mas lenta para demiti-lo. Conhecemos
mulheres que demoram anos para tirar o “encosto” da vida delas. Ainda que
existam muitas razões, ela demora. Foram os filhos – os filhos, frise-se bem –
que levaram o pai à delegacia de mulheres, dando um fim a um casamento lastimável
e ao sofrimento da mãe, um antiga cliente minha. Hoje ela tem um novo amor e
está feliz.
O livro tem um subtítulo: 20 Estratégias para
Mudar a sua Vida Amorosa Já,, falsamente imaginado como de auto ajuda (auto ajuda hoje pode parecer palavrão) , porém
que serve de alerta para a mulher contemporânea.
Eis algumas dúvidas que fazem as
mulheres sofrerem: Por
que ele não ligou? Estou sendo traída? Meu marido não tem mais atração por mim?
Que tipo de homem é este com quem estou me relacionando?.
O livro busca dirimir
estas dúvidas e outras mais, com linguagem clara e direta. E ainda levanta um
questão pertinente: como é a mulher bem amada? Depois de analisar várias
mulheres nesta situação, ela afirma:
: “Elas não são extraterrestres e sim
pessoas sábias, da dona de casa à executiva, sem distinção de idade ou de classe social". Quer dizer mulher comum.
E
mais,ela diz: todas as mulheres têm o poder de mudar a sua vida, conquistar o
amado, viver plenamente um amor. Mas há aquelas que entram em um relacionamento por medo de
ficar sozinhas, vestem o sapo de príncipe e dão garantias demais, porém com o
tempo se transformam em pessoas inseguras, dependentes.
Esta ideia de “garantias demais” é bem
curiosa.
Há também as “macho-dependentes”, que
desde pequenas acreditam precisar de um homem e se sentem frustradas quando
sozinhas. “Amor sem dor” mostra, com astúcia, que esse tipo de apreço pode
destruir a auto-estima de uma mulher, que esquece a sua própria essência. Já na
parte “não use sexo como arma”, Márcia afirma que ser deusa do sexo é roubada.
Segundo ela, - parece ser uma tirada, mas é bom pensar- é melhor cama
vazia e coração cheio.
O instigante tema "o ciúme" não ficou de fora. Eu mesmo, recentemente, atendi um casal com fortíssimas crises de ciúme. Indiquei o livro para eles.
O instigante tema "o ciúme" não ficou de fora. Eu mesmo, recentemente, atendi um casal com fortíssimas crises de ciúme. Indiquei o livro para eles.
É um livro de leitura bem
humorada, sem deixar de levantar questionamentos interessantes sobre os
relacionamentos amorosos. Ele sugere que, em vez de ser levada cegamente pelo
afeto e emoção, a mulher analise e converse bem com seu pretendente antes para saber se ele
vale ou não a pena. Não pode admiti-lo rapidamente em sua vida, sem uma rigorosa
seleção. Mais tarde você descobrirá que ele é um tremendo pão duro ou
mulherengo.
Algumas mulheres são atraídas pelo
homem casado. Coitado. É infeliz. Ok. Mas se pergunte e pergunte a ele: por que
não se separou ainda?
Enfim, e isto é um elogio, a
autora dá seu grito de alerta para a mulher contemporânea, moderna, faz um
convite para repensar os erros mais comuns em um relacionamento e de que forma
elas podem ser mais felizes e sábias.
Um livro a ser lido. E de preferência
a dois.
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