Não resisti. A Maria Tereza,
amiga, colega e leitora, sempre me envia bons textos. O mais recente foi este “conselho”
do Pachecão. Quem mora em Belo Horizonte há muito tempo já ouviu falar do
Pachecão. Um grande e diferente professor de, creio, . matemática, que fez
muito sucesso nos anos 80 e 90 do século passado.. Anda sumido. Falaram-me que
tinha mudado. Não sei. Mas, como eu dizia, não resisti à leitura e mando para
vocês, acompanhantes de meu blog. E ele escreve bem. Vou cair no lugar comum:
faço minhas as suas palavras.
Conselho aos da
minha geração.
Estamos envelhecendo. Não nos preocupemos!
De que adianta, é assim mesmo. Isso é um processo natural. É uma lei do
Universo conhecida como a 2ª Lei da Termodinâmica ou Lei da Entropia. Essa
lei diz que: A energia de um corpo tende a se degenerar e com isso a desordem
do sistema aumenta. Portanto, tudo que foi composto será decomposto, tudo que
foi construído será destruído, tudo foi feito para acabar. Como fazemos parte
do universo, essa lei também opera em nós. Com o tempo os membros se
enfraquecem, os sentidos se embotam. Sendo assim, relaxe e aproveite.
Parafraseando Freud: “A morte é o alvo de tudo que vive”. Se você deixar o
seu carro no alto de uma montanha daqui a 10 anos ele estará todo carcomido.
O mesmo acontece a nós. O conselho é: Viva. Faça apenas isso. Preocupe-se com
um dia de cada vez. Como disse um dos meus amigos à sua esposa: “me use,
estou acabando!”. Hilário, porém realista.
Ficar velho e cheio de rugas é natural. Não
queira ser jovem novamente, você já foi. Pare de evocar lembranças de romances
mortos, vai se ferir com a dor que a si próprio inflige. Já viveu essa fase,
reconcilie com a sua situação e permita que o passado se torne passado. Esse
é o pré-requisito da felicidade. “O passado é lenha calcinada. O futuro é o
tempo que nos resta: finito, porém incerto” como já dizia Cícero. Abra a mão
daquela beleza exuberante, da memória infalível, da ausência da barriguinha,
da vasta cabeleira e do alto desempenho pra não se tornar caricatura de si
mesmo. Fazendo isso ganhará qualidade de vida. Querer reconquistar esse
passado seria um retrocesso e o preço a ser pago será muito elevado. Serão
muitas plásticas, muitos riscos e mesmo assim você verá que não ficou como
outrora. A flor da idade ficou no pó da estrada. Então, para que se preocupar?!
Guarde os bisturis e toca a vida.
Você sabe quem enche os consultórios dos
cirurgiões plásticos? Os bonitos. Você nunca me verá por lá. Para o bonito,
cada ruga que aparece é uma tragédia, para o feio ela é até bem vinda, quem
sabe pode melhorar, ele ainda alimenta uma esperança. Os feios são mais
felizes, mais despreocupados com a beleza, na verdade ela nunca lhes fez
falta, utilizaram-se de outros atributos e recursos. Inclusive tem uns que
melhoram na medida em que envelhecem. Para que se preocupar com as rugas,
você demorou tanto para tê-las! Suas memórias estão salvas nelas. Não seja
obcecado pelas aparências, livre-se das coisas superficiais. O negócio é
zombar do corpo disforme e dos membros enfraquecidos.
Essa resistência em aceitar as leis da natureza
acaba espalhando sofrimento por todos os cantos. Advêm consequências
desastrosas quando se busca a mocidade eterna, as infinitas paixões, os
prazeres sutis e secretos, as loucas alegrias e os desenfreados
prazeres. Isso se transforma numa dor que você não tem como aliviar e
condena a ruína sua própria alma. Discreto, sem barulho ou alarde, aceite as
imposições da natureza e viva a sua fase. Sofrer é tentar resgatar algo que
deveria ter vivido e não viveu. Se não viveu na fase devida o melhor a fazer
é esquecer. A causa do sofrimento está no apego, está em querer que dure o
que não foi feito para durar. É viver uma fase que não é mais sua. Tente
controlar essas emoções destrutivas e os impulsos mais sombrios.
Isso pode sufocar a vida e esvaziá-la de sentido.Não dê ouvidos a isso,
temos a tentação de enfrentar crises sem o menor fundamento. Sua mente estará
sempre em conflito se ela se sentir insegura. A vida é o que importa.
Concentre-se nisso. A sabedoria consiste em aceitar nossos limites.
Você não tem de experimentar todas as
coisas, passar por todas as estradas e conhecer todas as cidades. Isso é
loucura, é exagero. Faça o que pode ser feito com o que está disponível. Quer
um conselho? Esqueça. Para o seu bem, esqueça o que passou. Têm tantas coisas
interessantes para se viver na fase em que está. Coisas do passado não te
pertencem mais. Se você tem esposa e filhos experimente vivenciar algo que
ainda não viveram juntos, faça a festa, celebre a vida, agora você tem mais
tempo, aproveite essa disponibilidade e desfrute. Aceitando ou não o processo
vai continuar. Assuma viver com dignidade e nobreza a partir de agora. Nada
nos pertence.
Tive um aluno com 60 anos de idade que nunca
havia saído de Belo Horizonte. Não posso dizer que pelo fato de conhecer grande
parte do Brasil sou mais feliz que ele. Muito pelo contrário, parecia
exatamente o oposto. O que importa é o que está dentro de nós, a velha máxima
continua atual como nunca: “quem tem muito dentro precisa ter pouco fora”.
Esse é o segredo de uma boa vida.
Forte abraço
Pachecão
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Lúcido e inteligente pensamento, fruto de elaboração de idéias de uma pessoa madura e sábia.
ResponderExcluirGostei por demais...!
Não gostei....rugas é para quem as quer...parar no tempo...jamais !!!Lógico que temos que viver de acordo com o poder aquisitivo, fazer o que está ao nosso alcance. Mas... quem escreveu foca a felicidade do momento em envelhecer e cada um envelhece de uma forma. Imagina uma cabeça envelhecida e um corpo jovem ? ou vice e versa.....Outra coisa coisa...passado é carimbo e não cai no esquecimento....a não ser que fique lerdo.
ResponderExcluirLúcia Amaral.
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