Fazer terapia individual costuma
ser difícil para as pessoas. É necessário superar vários obstáculos. A terapia
de casal, então, fica às vezes mais complicada. Não trabalhei nesta área, mas já
indiquei casais para colegas meus. Yalom, grande mestre da psicologia, com seu
saboroso livro, O Carniceiro do Amor, fala de suas experiências com casais. Aqui
temos um texto interessante de um profissional da área, do Paraná.
TERAPIA DE CASAL. QUANDO FAZÊ-LA.
Roberte Metring.
A psicoterapia ainda é uma
prática muito pouco difundida, e se verifica com frequência que o leigo tem
dificuldade de saber quando buscá-la ou não. Ao falarmos de terapia de casal,
penso que as dúvidas são ainda maiores, e que há diferenças entre essas
práticas que sugerem recomendações diferentes para cada uma delas (terapia
individual e terapia de casal). Para apresentar minha opinião a este respeito,
percorrerei um caminho um pouco tortuoso, mas penso que ilustrativo.
Começo perguntando ao leitor:
por que algumas práticas saudáveis não fazem parte de nossa rotina?
Nós, diariamente, dormimos,
alimentamo-nos, tomamos banho e, na maioria dos dias, trabalhamos. Todos estes
comportamentos são (guardadas as proporções adequadas) saudáveis para nós. Por
outro lado, há uma série de outras coisas que são importantíssimas para nosso
equilíbrio físico e emocional e para as quais damos pouca ou nenhuma atenção,
como exercícios físicos, encontrar amigos, sairmos para nos divertir e nos
conhecermos.
Todas as atividades acima
deveriam fazer parte de nossa rotina, pois elas contribuem para nosso bem-estar
global. Eu poderia listar os benefícios que cada uma delas podem nos trazer,
mas isto faria com que este artigo ficasse extenso e, por não se tratar de
nosso objetivo principal, correria um risco desnecessário (do leitor abandonar
a leitura antes do final). Então, vou me ater apenas à última delas, nos
conhecermos.
A terapia é um recurso desenvolvido
para nos auxiliar na compreensão e modificação (quando necessária) de nosso
modus operandi. Ou seja, é um processo pelo qual aprendemos a identificar como
se estabelecem e o que mantém nossos comportamentos, nossas relações (sejam no
contexto pessoal, afetivo, profissional, social, etc.). Através deste
autoconhecimento, estaremos mais preparados a modificá-los quando verificarmos
que a maneira como estamos vivenciando-os está nos trazendo sofrimento ou que
sendo eles modificados poderemos obter ganhos no que se refere a “benefícios
emocionais”. Assim, podemos caracterizar a terapia como um recurso desenvolvido
para nos auxiliar a manter nosso equilíbrio emocional.
Estes benefícios que a terapia
pode proporcionar para o indivíduo podem se destinar ao seu bem-estar global,
ou se direcionar a algum aspecto de sua vida. No primeiro caso, estamos falando
da terapia individual, quando o cliente e seu analista/terapeuta trabalharão em
diferentes frentes, tais como relacionamentos profissionais, familiares, pessoais,
amorosos, etc., em busca de um equilíbrio emocional global, sendo esta
altamente recomendável por mim, com praticamente nenhuma contraindicação.
No caso de um trabalho “mais
focado”, elege-se qual aspecto será alvo do trabalho. Como o próprio termo
“focado” sugere, não se trata de algo para o bem-estar global, mas sim
específico. Neste caso, sua recomendação também deve ser mais específica.
Se retomarmos a questão inicial
— que é: quando se justifica uma terapia de casal? —, diria que uma terapia de
casal se justifica em casos em que há grande sofrimento para manter a relação
por ambos, ou a comunicação entre o casal não ocorre, ou ainda há o desejo de
um dos membros de reformular a relação e a dificuldade pela outra parte de
aceitar a mudança, entre outras possibilidades. Resumindo, a princípio, a
terapia de casal é recomendável em casos que pelo menos um integrante do casal
apresente sofrimento em decorrência das experiências vividas naquela
relação.
Porém, diferentemente da
terapia individual, a qual acredito poder ser recorrida quase que sem
restrições, não recomendaria a terapia de casal a todos os casos. Uma situação
que eu a contraindicaria seria quando o problema que gera sofrimento a um dos
membros do casal é o mesmo que ele vivencia em outros aspectos de sua vida e,
ao mesmo tempo, o outro membro do casal não vê nenhum problema na relação. Por
exemplo, uma das partes relata ter medo de ser abandonada pela outra, mesmo não
se verificando indícios que isso está prestes a ocorrer – ao contrário, a outra
parte reafirma que está satisfeita com a relação –; e, medo de perder o
emprego, os amigos, etc. Neste caso, minha sugestão seria que este indivíduo
buscasse se engajar em uma terapia individual, pois seria mais proveitoso para
ele do que a terapia de casal.
Resumindo, a terapia de casal
deve ser indicada mais em casos que há problemas específicos na relação afetiva
e que dizem respeito aos membros do casal. Neste caso, difere da terapia
individual, que, como defendi mais no início deste artigo, é altamente
recomendada ainda que puramente como forma de autoconhecimento,
independentemente da existência ou não de problemas imediatos.
FONTE: NICODEMOS B. BORGES –
Comporte-se Psicologia Cientítica.
Mário Cleber, assim como você, também não trabalho com terapia de casal,mas pela minha experiência em psicoterapia individual percebo que as relações dos casais são na maioria "afetadas" pela falta de autoconhecimento individual, o que gera uma enorme expectativa em relação ao outro, principalmente pelo(a) parceiro(a). Sendo assim recomendo, independente uma psicoterapia de casal a psicoterapia individual. Cinara.
ResponderExcluirLegal, Cinara. Isto mesmo. O auto conhecimento é primordial. Leia e aconselhe seus clientes a ler os livros do Irvin Yalom.
ExcluirUm psiquiatra americano, com embasamento teórico e prático na psicologia existencial.
Obrigado pelo seu comentário.