Arca de Babel e Torre de Noé.
Babel
já estava um pouco cansado de trabalhar na arca que Deus mandou construir e não
conseguia chegar ao fim. Soubera por relatos de seus antepassados que Noé, o
grande engenheiro no início dos tempos, tentara construir uma torre que
chegasse aos céus, ou pelo menos que os arranhasse, mas não conseguiu. No máximo
se tornara o pai dos arranha céus. Quando lhe contaram esta história, quase
desistiu mesmo do intento, mas já que Deus lhe pedira, ia tentar mais um pouco.
Resolvera,
então, chamar o Davi para lhe dar uma mãozinha. Ele era o mais forte e mais
alto de todos os judeus vivos na atualidade e tinha um excelente curriculum:
fora o braço direito de Noé na malograda obra, já supracitada, sobretudo pela
sua habilidade em lançar pedras. Davi, porém, se fez de rogado, pois estava
namorando Dalila, linda mulher de longos e cacheados cabelos, que lhe desciam
pelas costas. Para falar a verdade, Babel fora encontrar o casal numa conversa
animada com Golias, um magrelinho, cheio de sardas e espinhas, estas últimas –
o povo dizia – eram porque tinha aprendido umas práticas estranhas com
Onã. Mas Golias era um bom sujeito,
fazendo graça e contando piada de judeus para todo mundo, tornando-se o
primeiro humorista a fazer stand up comedy. Foi contratado pela Rede É de Ir
Mais Cedo, um pastor de cabras, que ficara riquíssimo, construindo templos por
todo mundo conhecido. O programa ia ao ar, depois das cerimônias das Sinagogas,
das rezas das Igrejas católicas, das orações mulçumanas e dos cultos
protestantes: portanto muito tarde. Ganhava o Golias uma fortuna para a época:
30 dinheiros. Golias se dava muito bem com Davi, sendo que qualquer insinuação
em relação aos dois é puro despeito, sobretudo dos árabes , que gostam de tirar
um sarro em cima do povo escolhido.
- Posso ir – disse Davi com
aquele vozeirão parecido com o personagem que interpreta Hulk na TV – mas só se
o Golias for. Trabalho melhor, dando risadas.
Golias
não era bobo de ir contra Davi, apesar de não ter muito tempo disponível. Além
do trabalho de humorista na TV, estava treinando atirar com estilingue para ir
às Olimpíadas do Rio. Então lá foram os dois, depois que Davi deu um beijinho
nos cabelos de Dalila. Mas além de bom no trabalho, Davi também era bom de
briga. Começou uma discussão feia com os empregados da Arca, que reclamavam dos
salários atrasados e perguntavam se aquilo era Ong para eles trabalharem de
graça. Babel, percebendo isto, e querendo evitar o mesmo fim da Torre de Noé,
resolveu pedir auxílio a Jeová, cujo número de celular só ele, Babel, tinha. Ia
também aproveitar os bônus das operadoras.
- Procure Salomão – disse
laconicamente Jeová. - Estou ocupado escrevendo os Dez Mandamentos na Tábua par
entregar para o Adão na Sarça Ardente.
E
como foi difícil encontrar Salomão, mesmo com GPS. Parecia ser o irmão da
Dalila, devido aos seus longos cabelos. Tinha uma força hercúlea quando fazia
chapinha. Após procurá-lo por quarenta dias e quarenta noites, encontrou-o num
salão de cabeleireiro, em um sábado de Aleluia.
Todo cheio de bobs, estava chorando copiosamente: as areias do deserto
estavam acabando com seus longos cabelos. Tinha usado todo tipo de xampu.
Infrutiferamente. Era oleoso demais o cabelo de Salomão. Tinha tanto óleo que
ele queria vendê-lo para substituir o petróleo dos árabes. Foi então que surgiu
Daniel, o sábio, inseparável amigo de Salomão. Disse o sábio Daniel:
- Divida seus cabelos em duas
metades e use dois tipos de xampu de marcas diferentes.
“Moa” idéia. Falou Salomão, que tinha um problema de fala.
Não conseguia falar o B.Era “mom” amigo “mosta” e ca”me”leireiro. Tanto era o
defeito dele, e por não haver fonoaudiólogo ainda, que as pessoas pensavam que
o nome dele era “Salobão”, e não Salomão.
Assim
que Babel – chamado por Salomão de “Mamel” – contou a história de Davi e a arca
que estava construindo e a confusão que estava acontecendo., o dono da vasta
cabeleireira pôs-se de pé, tropeçou nos próprios cabelos, e disse:
- Vamos, Daniel, vamos ajudar o
“Mamel”.
- Vamos Salomão – completou
Daniel. – Mas vou chamar o Sansão e os leões de sua cova.
- Sá”m”ias palavras, “mom” amigo
– disse Salobão, digo Salomão.
- Ah, não vai dar, queixou-se
desanimado Babel, ou Mamel. Já levei os leões para a Arca e o Sansão está
sozinho na cova, tomando conta do bebê Moisés, que está na cesta básica.
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De jeito nenhum, disse-me o
diretor de TV, fumando furiosamente, quando fui levar este script para passar
na noite de Natal. Está tudo bagunçado.
- A culpa é da TV Bocó, com estas
histórias bíblicas com brasileiros fazendo papel de judeus.
Uma crônica com um humorismo bem engendrado, com uma habilidade incomum com a mistura dos personagens bíblicos. Muito Original!
ResponderExcluirAh,ah,ah.Cleber,você não existe.Abraço da
ResponderExcluirGraça