Fazenda onde nasceu o blogueiro. Foto Luis Fernando Gomes

Fazenda onde nasceu o blogueiro. Foto Luis Fernando Gomes
Fazenda onde nasceu o blogueiro. Foto Luis Fernando Gomes

sábado, 30 de junho de 2012

Ah. Que Delícia de Férias

Ah! Que delícia de férias!

            “Deitar cedo e cedo erguer dá saúde e faz crescer.” Esta máxima é esquecida por todos aqueles que vão tirar férias. A primeira coisa que faz um sujeito nesse período é esquecer a hora de acordar. Ou melhor, não ter hora para tal coisa. Pode ser às dez da manhã, ao meio-dia ou no comecinho da tarde. Espreguiçar dolentemente sobre os lencóis macios (aqueles mesmos cantados pelo Roberto Carlos, e não precis ser de fios egípcios, principalmente nesta época de confusão naquele país), escancarar as janelas e deparar com duas coisas que pertencem quase à ficção científica: o ar puro e as montanhas mineiras (as siderúrgicas estão acabando com ambas. Belo Horizonte é a a capital mais poluida).
            Para se tornarem Alpes suíços, às montanhas de Minas só falta a neve. Verdinha e cheias de árvores milenares, lá estão elas, presença muda da história e da civilização, escondendo talvez tesouros e civilizações, altaneiras e impávidas, diante do que acontece à sua volta. E, de repente, sentir o cheiro de um bolinho frito no fogão a lenha (ou talvez a gás), servido com um café plantado no quintal, torrado e moído em casa, sem misturas alienígenas. Beber um leite com mais de 3% de gordura, sem ser empacotado. Comer pão de queijo, quentinho feito na hora, umas broinhas de fubá cheirosas e gostosas (muito mais do que as exFrenéticas). E comer queijo!
            Ah! O queijo de Minas! Não existe nada comparado com este tal queijo mineiro. Fresquinho, derretendo na boca, desmanchando antes de chegar ao estômago, ou um mais curado, cheirando a distância: ou frito, escorrendo entre os dedos e deixando na boca uma quantidade de água insuperável. E pelo resto do dia virá o almoço, com tutu de feijão com couve, uma lingüiçinha (com trema, de tão gostosa) sequinha, sem gordura, um arrozinho com urucum e talvez um xuxuzinho, verdinho e sem culpa na inflação. A merenda das duas horas da tarde, para espantar o sono ou para distrair da chuva que cai insistentemente na Vila dos Confins ou no Chapadão do Bugre. E no cair da tarde, quando os sinos da capelinha próxima chama o povo para o Angelus e um cachorro late escondido no mato, vem uma sopinha de verduras e legumes, ao natural, acompanhada de pãozinho com manteiga de verdade.
            Mas o bom mesmo das férias é o anonimato. Ninguém conhece você. Nada de receber conta da Telemar, da Cemig, da Copasa, cartas de gerentes de bancos avisando que o seu cheque estourou, que a duplicata venceu, que o prazo do pagamento da prestação já passou e que a firma “simpaticamente o avisa” para passar no departamento de cobrança, onde um jurozinho está esperando de braços abertos. Ah, desligue o celular. Urgentemente. Nem para torpedos.
            Nem jornal chega à sua porta. Nada de ficar pensando nas brigas entre nações ou chefes de Estado, em picuinhas internacionais. A quem interessa saber que Obama está batendo o republicano nas pesquisas? E para que serve isto se eu não sou americano? É bem verdade que o Sinatra veio cantar aqui. A Madona. Mas toda década tem sua bobeira.
            Entre um almoço e outro, entre uma merenda e outra, você pode ir pescar no rio sem poluição, nadar em suas águas, ficar de barriga para cima, vendo os passarinhos voando, cantando ou simplesmente pousando nas árvores. Poderá ensinar o filho a caçar rolinha no mato (ou o Ibama já proibiu isto também?), poderá colocar o pé no chão e sentir a macieza dura da terra, das plantas, das árvores.
            De noite, um “truco”, um buraco ou, então, ficar ao redor do fogão (quase toda a noite é fria) contando histórias de assombração, ou mesmo alguns “causos” cheios de malícia e picardia. Quanto à hora de deitar, ah, deixa para lá, pois ninguém precisa desligar a televisão, que não existe, nem tapar o telefone que não toca. O sono virá do jeito que você está vivendo: devargazinho, de mansinho.

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