a) CRIANÇA FALA CADA UMA....
Não sou original no título. No final da década de 60 do século
passado, Pedro Bloch publicou um livro com este tema, contando todas as
histórias de crianças, com suas frases criativas, inventivas e bombásticas.
Creio que vai ser agradável retornar ao assunto com a modernidade
destas novas crianças.
b) desafio aos leitores.
Que tal vocês me mandarem histórias de filhos, sobrinhos, netos, irmãozinhos, priminhos e outros. E vamos escrevendo juntos esta coletânea...
Superar o
medo.
O avô psicólogo leva o neto até à praça onde tem muitos aparelhos
de ginástica. Rápido, ele se apodera de um aparelho que faz
movimentos com a perna, imitando a caminhada. Olhando para o avô, que ficara
parado, ele incentiva:
- Vem, vô. Vem.
Achando tão bonita a cena, ele não se movimentava.
- Tem medo? – o neto, muito falante, pergunta.
Mente, descaradamente.
-Sim, tenho medo.
Ele se sai com esta:
- Vem. Você tem que superar o medo.
Deus vai
ao banheiro?
A mãe foi pega completamente de surpresa ao ouvir o filho de uns
cinco anos perguntar.
- Mamãe, Deus vai ao banheiro?
- Que é isso, menino? Que bobagem é esta? – escandalizara-se.
- Uai, hoje de manhã, o papai batia na porta do banheiro e
gritava: Ah, meu Deus, você ainda está aí?...
O guarda
chuva.
Caíra uma chuvarada na cidade e ele entrara com o guarda chuva
dentro de casa pingando água, e o depositara no cantinho. O priminho , com quatro anos, viu aquela água escorrendo toda
do guarda chuva e saiu-se com esta:
Olha. O guarda chuva está fazendo xixi...
Feliz.
Tinha menos de dois anos e era a primeira vez que dormia na casa
do avô. Após brincar e fazer bagunças mil com blocos de madeira e provocar
risos com suas artimanhas, dormiu pesadamente, na cama de casal, no meio dos
pais. De manhã, acordou a mãe e soltou no ar:
- Nenê feliz.
Iogurte
grego.
O neto chegara com toda energia, disposição e alegria. Após uma
tarde de correria, brincadeiras e pulos, o avô resolveu pedir um tempo e
oferecer um iogurte. Concordou plenamente o garotinho de 4 anos.
- Olha, comprei este iogurte grego para você.
Deliciando-se com a iguaria, detonou num instante e ainda com os
lábios sujos virou-se para o avô.
- Vovô, sabe por que você me deu iogurte grego?
- Não – falou na santa inocência o idoso.
- Porque você me ama.
O presente de Natal que o avô mais gostou.
Quem
Manda.
Ainda não tinha 5 anos, mas era de cheio de vontades e desejos.
Por morar em cidade do interior, adora ir a Belo Horizonte por causa dos
shoppings e as lojas de brinquedo. Estava tão acostumado a ir que conhecia de cor e salteado o caminho. Em
uma das últimas viagens, mal pisou o solo, saiu em disparada. A tia recriminou:
O que é isto? Para de ficar comprando tanto brinquedo.
Revoltado, ele respondeu prontamente:
- Quem manda na minha vida sou eu. E a minha mãe tem o cartão para
pagar.
El Papito Juan Pablo.
Era um menino bonito. Só tinha 3 anos e 3 meses. Loirinho, puxou os cabelos da avó paterna, alemã que viveu no Brasil e que voltou para Dresden. Olhos negros, cópia fiel da mãe. Acompanhou os pais para um curso rápido na Alemanha: dois meses. Ficou doente, gripe, dor no ouvido e quase quebra o pé. Apesar de se divertir, ir para escolinha, ver a neve, sentia-se nostálgico. Não sabia de quê e nem sabia explicitar, com tão pouca idade. Quando voltou para Belo Horizonte, numa radiosa tarde de sol, depois de dias chuvosos e calamitosos, veio silente, do aeroporto de Confins até o apartamento onde moravam. Mal o pai abriu a porta da sala, dobrou as perninhas, ajoelhou e beijou o chão. Estava com saudade.
Faz bem ler as peripécias e tiradas de nossos pequenos infantes!
ResponderExcluirAntônio Carlos Faria Paz - Itapecerica/MG