Continuando nossa saga, falando da importância dos judeus no Brasil.
Nem
todos os sobrenomes de origem animal e/ou botânica são de origem Judaica.
Alguns,
porém tem essa procedência sem dúvida.
O
Nordeste Brasileiro foi colonizado por Judeus.
A
ilha de Itamaracá, na costa Pernambucana, foi a primeira colonização Judaica do
país.
A
música de roda "Essa ciranda quem me deu foi Lia que mora na ilha de
Itamaracá" é uma referência a uma das matriarcas do Judaísmo, Leah, e a
dança ciranda é uma paródia da Hora Dani hebraica que é igual a ciranda...
Abaixo
um texto interessante, com alguns fatos pitorescos remanescentes da cultura Judaica,
que o Brasil incorporou em seu dia-a-dia.
Existem
mais de 10 milhões de brasileiros que podem ser considerados descendentes de
Judeus.
Sua
grande maioria está no Norte e Nordeste além de Minas Gerais.
Existe
uma obra esclarecedora, de autoria da historiadora da USP Anita Novinski,
expert mundial nos Anusim (aqueles que foram convertidos a força) no Brasil.
"PÃO-DURISMO
MINEIRO": MITO OU REALIDADE?
Os
judeus participaram de todos os ciclos da economia brasileira, inclusive o do
ouro e pedras preciosas das Minas Gerais.
Obrigados
a se manter no anonimato, para não serem denunciados à Inquisição e ao mesmo
tempo preocupados em seguir as regras dietéticas da kashrut (1), desenvolveram
um mobiliário que permitia agradar a gregos e troianos, que é a famosa
"mesa com gavetas" dos mineiros.
Em
que consistia?
Muito
simples: as mesas das cozinhas e copas onde eram realizadas as refeições
dispunham de gavetas estrategicamente dispostas no lugar onde os comensais
deveriam sentar.
A
cada refeição, eram preparados dois pratos para cada pessoa.
Um,
taref (2), para inglês ver, no caso de chegar alguma visita inesperada,
composto pelos alimentos habituais da cozinha mineira, como lingüiça, torresmo,
leitão e outros quitutes que, além de seu elevado teor calórico, eram proibidos
aos judeus.
O
outro prato continha os alimentos preparados segundo a tradição judaica de não
misturar carne com leite e derivados, de evitar a ingestão de crustáceos e
peixes sem escamas e uma série de outras recomendações, especialmente a de não
consumir carne ou gordura de porco.
E
era um tal de bota e tira os pratos nas tais gavetas a cada aproximação de um
estranho que o zé povinho acabou forjando a lenda de que os mineiros eram
pão-duros, pois preparavam dois tipos de comida.
Uma,
de melhor qualidade e sabor, para o pessoal da casa e outra, mais simples, para
o caso de chegar uma visita inesperada.
FESTIVAL
DA ALHEIRA
Quem
freqüenta, no Rio, as sinagogas Shel Guemilut ou Ari, já teve a oportunidade de
passar pela frente de um tradicional restaurante português localizado nas
proximidades.
Esse
estabelecimento costuma realizar, todos os anos, um "Festival da
Alheira", ansiosamente aguardado pelos apreciadores da boa mesa.
Mas
afinal, o que vem a ser a alheira?
Uma
das evidências para um judeu ser denunciado à Inquisição era o fato de não
comer carne suína, especialmente os embutidos com ela preparados, como o
presunto, os salames e as lingüiças.
Uma
casa portuguesa genuinamente cristã deveria exibir, penduradas e à vista de
todos, fieiras de embutido s de porco preparados com essa carne considerada
impura pelas leis dietéticas judaicas.
Os
israelitas portugueses, especialmente das regiões da Beira Alta e Trás os
Montes, logo se deram conta do risco que corriam ao não exibir essa tradicional
- e proibida - iguaria no entorno de suas casas.
Criaram
uma falsa lingüiça que, ao invés do porco utilizava carne de gado.
No
lugar do toucinho, de cor branca, colocavam nacos de pão e, para mascarar o
cheiro, folhas de um arbusto da região de nome alheira que possuía um forte
odor, semelhante ao do alho.
Além
de afastada a razão para uma possível denúncia, estava criado um novo e
delicioso prato, que até hoje faz a festa em muitas casas e estabelecimentos
especializados em culinária regional portuguesa.
Mas
atenção, antes de pedir uma alheira em um restaurante de comida portuguesa,
bata um papo com o maitre a respeito do seu conteúdo, pois muitos fabricantes
do produto, desinformados sobre a origem e o valor histórico da iguaria,
acabaram substituindo a carne bovina por...adivinhe... nada mais nada menos do
que... porco.
PASSAR
A MÃO NA CABEÇA
Quem
já não ouviu ou pronunciou a expressão "passar a mão na cabeça", que
significa proteger ou mesmo fazer vista grossa para um determinado fato?
Se
o leitor suspeita que essa frase esteja relacionada ao ato judaico de abençoar
alguém colocando as duas mãos sobre sua cabeça ao mesmo tempo em que se pronuncia
uma breve oração em hebraico, está redondamente acertado.
É
mais uma prova da influência judaica na cultura popular brasileira.
VESTIR
A CARAPUÇA
É
uma expressão com origem trágica, pois remonta ao obscuro período da Inquisição
em que os condenados eram obrigados a vestir trajes ridículos ao comparecer aos
julgamentos e Autos de Fé.
Além
do sambenito, túnica com o formato de um poncho, precisavam colocar sobre a
cabeça um longo e pontiagudo chapéu, conhecido como carapuça.
A
frase "vestir a carapuça" acabou sendo incorporada ao português
escrito e falado com o sentido de "assumir a culpa".
NÃO
APONTAR PARA AS ESTRELAS
Apontar
para uma estrela, segundo o conceito popular, poderia causar o surgimento de
uma verruga na extremidade do dedo infrator.
Qual
a origem dessa crendice?
É
fácil de entender.
O
calendário judaico é regido pela lua e o despontar da primeira estrela marca o
início de um novo dia, especialmente se esse dia for o Shabat (3).
Antes
da expulsão da Espanha de 1492 e da conversão forçada de Portugal de 1497 era
comum que as crianças judias, ao entardecer das sextas-feiras, ficassem
procurando no firmamento o brilho da primeira estrela, indicativa da chegada de
um dia muito especial.
Era
a Estrela D'Alva, também conhecida como Vésper, mas que, na realidade, não é
exatamente uma estrela, mas sim o Planeta Vênus, que por brilhar com mais
intensidade se destaca dos outros corpos celestes.
Quem
apontasse primeiro provavelmente ganharia a admiração dos mais velhos e, quem
sabe até, algum presente.
De
uma hora para outra esse gesto simples passou a ser denunciador da condição
judaica e a primeira coisa que as precavidas mamães fizeram foi assustar seus
filhos com a possibilidade do surgimento de uma baita verruga na ponta do dedo.
A
Inquisição, felizmente, já acabou há bastante tempo, mas a crendice ainda
persiste em muitas regiões desse imenso país. Por isso, não se preocupe quando
vir uma criança ou adulto apontando para o céu.
Mesmo
porque já se sabe que as verrugas são causadas por vírus e os dermatologistas
dispõem de eficazes tratamentos para erradicá-las.
OFERECER
A BEBIDA AO SANTO
É
comum em muitos bares e botequins de norte a sul do Br asil despejar no chão o
primeiro gole de aguardente, em sinal de respeito "ao santo".
Qual
o santo? Nada mais nada menos do que o nosso conhecido Eliyahu Hanavi (4), o
Profeta Elias da tradição judaica.
Nas
mesas do Seder (5) de Pessach (6) é costume reservar um lugar para o Profeta,
colocando-se um prato, talheres e um cálice com o delicioso vinho adocicado
especialmente preparado para a ocasião. Ninguém toca nesse cálice, reservado
para Elias.
Diz-se
que, a cada ano, ele faz uma visita a todos os lares judaicos durante o Pessach
e não ficaria bem encontrar seu cálice sem o precioso líquido.
Com
as perseguições aos judeus, começou a ficar perigoso mencionar o nome de Elias,
que passou a ser chamado de "santo". De profeta para santo e de vinho
para pinga foi um pulo.
COVA
DE SETE PALMOS DE FUNDURA
O
grande escritor e poeta João Cabral de Melo Neto imortalizou nos versos de
"Morte e Vida Severina" a estrofe que fala de uma cova com sete
palmos de fundura.
É
uma tradição 100% nordestina envolver as pessoas falecidas em uma mortalha de
linho, sepultando-a em cova preparada em terra virgem com a profundidade de
sete palmos.
Também
fazia parte da tradição judaica ibérica, por ocasião da morte de um ente
querido, ao invés de sepultá-lo em um caixão, revestir seu corpo em uma
mortalha confeccionada com algodão ou linho e enterrá-lo em uma cova escavada
igualmente em terra virgem e com os mesmíssimos sete palmos de profundidade.
Os
homens costumavam ser sepultados envoltos no seu talit (7), manto com franjas
utilizado durante as cerimônias religiosas.
Coincidência?
Nada disso. O Nordeste foi colonizado por judeus, gente!
ACENDER
VELAS PARA AS ALMAS
A
cerimônia doméstica do Shabat tem início logo após a dona da casa ter acendido
as duas velas do candelabro ritual e pronunciado a benção própria para a
ocasião.
Quando
isso acontece? Um pouco antes do pôr do sol das sextas-feiras.
Como
driblar os olheiros da Inquisição?
Acendendo
velas "para as almas", além das sextas, também às segundas-feiras.
Pronto,
estava resolvido o problema.
O
acendimento das segundas-feiras era só para despistar e o das sextas para
valer.
A
moda de acender velas duas vezes na semana pegou.
Para
felicidade das almas e dos fabricantes de velas.
DIA
NACIONAL DA FAXINA
Em
que dia da semana os brasileiros costumam fazer a faxina e trocar a roupa de
cama e banho de suas casas? Pense bem antes de responder: às segundas, terças,
quartas ou quintas-feiras? Não acertou? Isso mesmo, pois todos sabem que o dia
nacional consagrado à faxina é às sextas-feiras.
Você
já questionou o porquê desse dia?
Será
que não tem algo a ver com a preparação para o Shabat, que, por uma estranha
coincidência, também acontece ao entardecer das sextas-feiras? Mais uma
coincidência?
Não,
tudo a ver com um país que foi descoberto e colonizado por israelitas, que
precisaram esconder essa condição durante muitos séculos para não serem
denunciados, perseguidos, torturados e mortos pela Inquisição, mas que
conseguiram transmitir para o restante da população uma série de costumes,
provérbios e princípios que hoje em dia estão intimamente ligados ao próprio
estilo de vida do povo brasileiro, ao qual os judeus, juntamente com os
católicos, protestantes, muçulmanos, evangélicos, espíritas, budistas,
umbandistas e agnósticos, pertencem.
Glossário :
(1) Kashrut
- Lei dietética judaica
(2) Taref
- Alimento impróprio para consumo pela lei dietética judaica
(3) Shabat
– Dia sagrado dos judeus, que vai do entardecer das sextas-feiras ao mesmo
período do dia seguinte
(4) Eliyahu
Hanavi – Nome hebraico do Profeta Elias
(5)
Seder - Mesa cerimonial para a celebração do Pessach, a Páscoa Judaica
(6) Pessach
- Celebração festiva da libertação dos Judeus do jugo egípcio
(7) Talit
- Manto cerimonial utilizado pelos homens no Shabat e datas festivas
Ana
Scherer - Coach