Fazenda onde nasceu o blogueiro. Foto Luis Fernando Gomes

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quinta-feira, 26 de abril de 2012

COLOCAR A LÓGICA NAS EMOÇÕES

A LÓGICA DE NOSSAS EMOÇÕES OU COMO USAR A LOGICA EM NOSSAS EMOÇÕES

A Revista Época trouxe uma matéria interessante sobre emoções. Junto, ela dá um teste para você fazer e ver como está nesta área. Acesse www.epoca.com.br e vá ao ícone Saude e bem estar. Tenho falado em meus cursos de Inteligência Emocional sobre a importância da lógica e do controle mental sobre nossas emoções, e o que li vem confirmar minhas ideias. O texto da jornalista Marcela Buscato começa assim:
.”Nenhum ser vivo manifesta emoções de maneira tão eloquente quanto os humanos. É uma das características que nos distinguem de outros animais. Controlar essas emoções é um dos maiores desafios de nossa natureza. O psicólogo americano Richard Davidson, professor da Universidade de Wisconsin, tem uma boa notícia para aqueles que se sentem vencidos, vez ou outra, pelos próprios sentimentos. “As emoções também são controladas pela parte lógica do cérebro”, diz. “Não são simples impulsos, mas algo que podemos moldar.” Segundo ele, as últimas pesquisas mostram que nossa personalidade é definida pela maneira como reagimos a características emocionais, como as capacidades de reagir a um abalo, de interpretar as emoções, de interagir socialmente e de manter a concentração. Em seu novo livro The emotional life of your brain (algo como A vida emocional de seu cérebro), Davidson recomenda exercícios para fortalecer os circuitos cerebrais das emoções e moldar nossa personalidade.”  
O autor elenca seis características de nossas emoções, que podem ser modificadas com nosso raciocínio e esforço:
Resiliência: capacidade de recuperação de um trauma, discussão ou perda de alguém próximo ou alguma coisa de que gostamos. Ligada à motivação para encarar desafios.
Perspectiva: capacidade manter uma visão positiva sobre o que acontece no dia a dia, as atitudes das outras pessoas e até sobre nossas próprias habilidades.
Intuição Social – habilidade para interpretar as emoções e objetivos dos outros – ou pela linguagem falada ou corporal.
Autopercepção – Capacidade em reconhecer e decifrar os nossos próprios sentimentos e emoções.
Sensibilidade ao Contexto – Capacidade em captar as regras sociais de convivência, às vezes implícitas, para adequar nosso comportamento ao ambiente.
Atenção – Habilidade de manter a concentração em uma atividade apesar dos estímulos externos ou interferências mentais.
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Gostaria de lembrar a ideia que li em algum livro: o Complexo de Gabriela: “Eu nasci assim, eu sou sempre assim, Gabrieeeeeeelllla”
É muito mais fácil culpar o nosso nascimento do que tentar modificar nosso temperamento e emoções.
Se você quiser ser uma pessoa melhor, mãos à obra.







sábado, 21 de abril de 2012

Teste seu Estresse Profissional

Para aqueles que me leem e ainda trabalham, aqui está um teste interessante para descobrir se estão estressados ou nao com o trabalho. Trabalho, por natureza, é meio complicado. Mas o que podemos fazer sobre isto?

Responda SIM ou NÃO às seguintes questões, e depois avalie seu nível de stress. Ao final, conte 1 ponto para cada SIM respondido.
(S) (N) Você tem evitado contato com as pessoas?
(S) (N) Sente dificuldades de desligar-se do trabalho quando está fora dele?
(S) (N) É dificil pra você dividir as responsabilidades, pois está cercado(a) de incompetentes?
(S) (N) Sente-se ansioso(a) e inquieto(a) a maior parte do tempo?
(S) (N) Sente que sua memória anda falhando e isso está atrapalhando suas atividades diárias?
(S) (N) Seu celular tem que estar permanente ligado, e você não consegue relaxar longe dele?
(S) (N) Sua agenda está diariamente sobregarregada excessivamente?
(S) (N) Sente dores de cabeça quase todos os dias?
(S) (N) Perde o controle no trânsito frequentemente e sem motivos?
(S) (N) É constantemente exigente e perfeccionista?
(S) (N) O barulho lhe irrita quando está trabalhando?
(S) (N) Tem dificuldades para dormir?
(S) (N) Há mais de dois anos que você n]ao tira férias de verdade?
(S) (N) Sua pressão arterial tem se alterado?
(S) (N) Sente-se cansado(a) ao despertar?
(S) (N) Vive irritato(a) com tudo e com todos?
(S) (N) Tem dificuldades em decidir e priorizar por onde vai começar determinada tarefa?
(S) (N) Fica angustiado(a) quando pensa que vai para o trabalho?
(S) (N) Sente-se desconfortável ou com remorso quando está fazendo nada?
(S) (N) Sente-se afobado e sempre atropelado(a) com os horários apertados?
(S) (N) Tem estado inseguro(a) na hora de tomar decisões?
(S) (N) As dores nas costas tem aumentado muito?
(S) (N) Aproveita o horário de almoço para resolver assuntos do trabalho?
(S) (N) Tem vontade de explodir com seu chefee/ou subalternos?
(S) (N) Sonha frequentemente com questões relacionadas ao trabalho?
ATÉ 8 PONTOS: você está conseguindo enfrentar de modo saudável seu trabalho e há chances de atingir o sucesso profissional.
DE 9 A 17 PONTOS: seu trabalho não tem sido uma fonte de gratificação. Reveja o que pode ser mudado e planeje melhor suas ataividades. Invista em descanso e lazer.
ACIMA DE 17 PONTOS: Você tem tido dificuldades de enfrentar situações e colocaer limites. Se não mudar seu comportamento, terá a saúde prejudicada no campo físico e emocional. Procure a ajuda de um profissional para diminuir seu nível de stress.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

SOBRE MILLOR FERNANDES

O FILÓSOFO MILLOR FERNANDES

De todas múltiplas e  geniais características de Millor Fernandes (jornalista, poeta, desenhista, humorista, crítico,teatrólogo, criador de Hai Kais, tradutor, etc.), a que mais me impressionava era a de filósofo. Lia-o deste a finada revista “O Cruzeiro”, com o pseudônimo de Vão Gôgo – o que dava nó em minha cabeça de adolescente, não só pelo nome quase homônimo do pintor holandês, como também pelas frases perturbadoras. Criou inúmeras frases marcantes,recolhi algumas destas e apresento aos meus leitores.

A gente só morre uma vez. Mas é para sempre.

A vida seria melhor, se não fosse diária.

De todas as taras sexuais, não existe nenhuma mais estranha do que a abstinência.

Nunca ninguém perdeu dinheiro apostando na desonestidade.

Viva o Brasil/ Onde o ano inteiro/ É primeiro de abril.

Como são admiráveis as pessoas que não conhecemos bem.

Democracia é quando eu mando em você. Ditadura é quando você manda em mim.

Não devemos resistir às tentações. Elas podem não voltar.

Certas coisas são de amargar se a gente as engole.

Dinheiro não dá felicidade. Mas paga tudo que ela gosta.

Jamais diga uma mentira que não possa provar.

O cara só é sinceramente ateu quando está muito bem de saúde.
(aqui, com meu protesto).

Sim, do mundo nada se leva. Mas é formidável ter uma porção de coisas a que dizer adeus.

A esperança é a última que mata.

Cão que ladra não morde. Enquanto ladra.

Os analfabetos têm falta de vitamina ABC.

Ser pobre não é crime, mas ajuda a chegar lá.

Quem não tem boa aparência acha sempre que as aparências enganam.

VIVER É DESENHAR SEM BORRACHA.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

NAMORO NA TERCEIRA IDADE

Comportamentos ou atitudes que surgem na sociedade sempre provocam resistências ou repressões. Depois, viram rotina e ficamos perplexos de como foram difíceis de serem aceitos. Assim foi com a calça comprida para mulheres (a coisa mais antiga que me lembro neste aspecto comportamento/resistência). As pílulas anticoncepcionais, a liberdade sexual das mulheres, o divórcio, o bebê de proveta, que evoluiu para inseminação artificial. A mudança do nome para os novos paradigmas vem facilitar a absorção do comportamento. O movimento gay, desde a escondida pederastia, o “sair do armário”, passando pelas paradas gays, o gay Power, o termo homoafetivo e terminando com  o casamento entre pessoas do mesmo sexo, aceito pelo Estado, mas ainda com ilhas de resistência aqui e acolá. A descriminalização da maconha está passando por esta fase. O Estado, tão repressor antigamente, traveste-se  hoje em liberal: mesmo sendo um crime, o porte ou a utilização da maconha, aceita que se façam passeatas pedindo a liberação da maconha. Um tema, ainda tabu, é o aborto. É proibido, mas uma brechinha aqui, outra, ali, logo, logo será derrubada mais esta barreira, e tudo será corriqueiro quanto a este comportamento.

 Entretanto tem um assunto que anda desafiando a sociedade, ou, mais particularmente, os indivíduos: o namoro na terceira idade. As pessoas estão vivendo mais e, como pode surgir o divórcio ou a morte de um dos cônjuges, eis que nos defrontamos com homens e mulheres mais velhos  “namorando”. E, quase sempre, com pessoas mais novas. Como apresentá-las: meu namorado, “namorido”, amiga, “ficante”, companheira, conhecida, ou fingir de bobo?  Como encarar o pai, a mãe, o avô ou a avó namorando? De mãozinhas dadas, trocando carícias e beijinhos? Saindo para o motel ou trazendo-o (a) para dormir em casa?

Vinícius de Moraes ficou uma fera quando uma de suas seis ou sete mulheres – 30 anos mais nova – foi confundida com sua filha.

Mas eis que, de repente, surge Chico Buarque.

O namoro do Chico Buarque com a cantora ruiva Thais Gulin rendeu este primor de blues  ESSA PEQUENA, cuja letra vai aí abaixo. Mas rendeu também a interessante crônica UM TEMPO SEM NOME da escritora Rosiska Darcy de Oliveira sobre “o novo conceito de envelhecer”.

Estamos salvos.


Essa Pequena
Chico Buarque

Meu tempo é curto, o tempo dela sobra
Meu cabelo é cinza, o dela é cor de abóbora
Temo que não dure muito a nossa novela, mas
Eu sou tão feliz com ela
Meu dia voa e ela não acorda
Vou até a esquina, ela quer ir para a Flórida
Acho que nem sei direito o que é que ela fala, mas
Não canso de contemplá-la
Feito avarento, conto os meus minutos
Cada segundo que se esvai
Cuidando dela, que anda noutro mundo
Ela que esbanja suas horas ao vento, ai
Às vezes ela pinta a boca e sai
Fique à vontade, eu digo, take your time
Sinto que ainda vou penar com essa pequena, mas
O blues já valeu a pena.


 
          Um tempo sem nome
Rosiska Darcy de Oliveira, O Globo, 21/01/12

Com seu cabelo cinza, rugas novas e os mesmos olhos verdes, cantando madrigais para a moça do cabelo cor de abóbora, Chico Buarque de Holanda vai bater de frente com as patrulhas do senso comum. Elas torcem o nariz para mais essa audácia do trovador. O casal cinza e cor de abóbora segue seu caminho e tomara que ele continue cantando “eu sou tão feliz com ela” sem encontrar resposta ao “que será que dá dentro da gente que não devia”.
Afinal, é o olhar estrangeiro que nos faz estrangeiros a nós mesmos e cria os interditos que balizam o que supostamente é ou deixa de ser adequado a uma faixa etária. O olhar alheio é mais cruel que a decadência das formas. É ele que mina a autoimagem, que nos constitui como velhos, desconhece e, de certa forma, proíbe a verdade de um corpo sujeito à impiedade dos anos sem que envelheça o alumbramento diante da vida .
Proust, que de gente entendia como ninguém, descreve o envelhecer como o mais abstrato dos sentimentos humanos. O príncipe Fabrizio Salinas, o Leopardo criado por Tommasi di Lampedusa, não ouvia o barulho dos grãos de areia que escorrem na ampulheta. Não fora o entorno e seus espelhos, netos que nascem, amigos que morrem, não fosse o tempo “um senhor tão bonito quanto a cara do meu filho“, segundo Caetano, quem, por si mesmo, se perceberia envelhecer? Morreríamos nos acreditando jovens como sempre fomos.
A vida sobrepõe uma série de experiências que não se anulam, ao contrário, se mesclam e compõem uma identidade. O idoso não anula dentro de si a criança e o adolescente, todos reais e atuais, fantasmas saudosos de um corpo que os acolhia, hoje inquilinos de uma pele em que não se reconhecem. E, se é verdade que o envelhecer é um fato e uma foto, é também verdade que quem não se reconhece na foto, se reconhece na memória e no frescor das emoções que persistem. É assim que, vulcânica, a adolescência pode brotar em um homem ou uma mulher de meia-idade, fazendo projetos que mal cabem em uma vida inteira.
Essa doce liberdade de se reinventar a cada dia poderia prescindir do esforço patético de camuflar com cirurgias e botoxes — obras na casa demolida — a inexorável escultura do tempo. O medo pânico de envelhecer, que fez da cirurgia estética um próspero campo da medicina e de uma vendedora de cosméticos a mulher mais rica do mundo, se explica justamente pela depreciação cultural e social que o avançar na idade provoca.
Ninguém quer parecer idoso, já que ser idoso está associado a uma sequência de perdas que começam com a da beleza e a da saúde. Verdadeira até então, essa depreciação vai sendo desmentida por uma saudável evolução das mentalidades: a velhice não é mais o que era antes. Nem é mais quando era antes. Os dois ritos de passagem que a anunciavam, o fim do trabalho e da libido, estão, ambos, perdendo autoridade. Quem se aposenta continua a viver em um mundo irreconhecível que propõe novos interesses e atividades. A curiosidade se aguça na medida em que se é desafiado por bem mais que o tradicional choque de gerações com seus conflitos e desentendimentos. Uma verdadeira mudança de era nos leva de roldão, oferecendo-nos ao mesmo tempo o privilégio e o susto de dela participar.
A libido, seja por uma maior liberalização dos costumes, seja por progressos da medicina, reclama seus direitos na terceira idade com uma naturalidade que em outros tempos já foi chamada de despudor. Esmaece a fronteira entre as fases da vida. É o conceito de velhice que envelhece. Envelhecer como sinônimo de decadência deixou de ser uma profecia que se autorrealiza. Sem, no entanto, impedir a lucidez sobre o desfecho.
”Meu tempo é curto e o tempo dela sobra”, lamenta-se o trovador, que não ignora a traição que nosso corpo nos reserva. Nosso melhor amigo, que conhecemos melhor que nossa própria alma, companheiro dos maiores prazeres, um dia nos trairá, adverte o imperador Adriano em suas memórias escritas por Marguerite Yourcenar.
Todos os corpos são traidores. Essa traição, incontornável, que não é segredo para ninguém, não justifica transformar nossos dias em sala de espera, espectadores conformados e passivos da degradação das células e dos projetos de futuro, aguardando o dia da traição.Chico, à beira dos setenta anos, criando com brilho, ora literatura , ora música, cantando um novo amor, é a quintessência desse fenômeno, um tempo da vida que não se parece em nada com o que um dia se chamou de velhice. Esse tempo ainda não encontrou seu nome. Por enquanto podemos chamá-lo apenas de vida.

ROSISKA DARCY DE OLIVEIRA é escritora.

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Uma Parábola Moderna.

A chamada Semana Santa - para os católicos - pode remeter a várias reflexões (este seria o seu objetivo, creio). Entre várias ideias que me passam pela cabeça, me vêm à memória as parábolas de Cristo. Recebi um texto pela internet e resolvi dar-lhe o nome de parábola moderna. É bem pertinente. Ei-la.

DENTES DUROS E LÍNGUA MACIA      .
Um rapaz, bem sucedido na vida, soube que o seu antigo professor estava muito doente, já perto da morte, e resolveu visitá-lo. Ao chegar na casa do mestre, o jovem encontrou-o na cama, mas ainda conservava a suavidade em seu semblante e o brilho no olhar. Ao vê-lo, o professor esboçou um longo sorriso e, com voz suave, pediu-lhe para sentar ao seu lado.
- Que alegria em revê-lo! O que lhe traz aqui? – indagou o mestre, ainda sorrindo.
- Vim para lhe ver – respondeu o jovem – soube que o senhor estava doente e gostaria muito que me desse mais alguns conselhos, pois tudo o que alcancei na vida teve como base os seus ensinamentos; sou eternamente grato por tudo o que me ensinou; tenho-lhe como um verdadeiro mestre.
Ao ouvir tais palavras, o mestre sentiu-se gratificado e pediu ao rapaz para chegar mais próximo dele.
- Vou abrir minha boca e desejo que você observe como estão os meus dentes e a minha língua – falou o professor ao aluno.
O rapaz olha a boca do ancião e responde-lhe:
- Seus dentes estão muito gastos e a sua língua está inteira e bem conservada.
- E você sabe por que a língua se conservou e os dentes não? – completou o ancião.
- Não mestre! Respondeu o discípulo intrigado.
- Os dentes se desgastaram por causa da sua dureza, enquanto a língua permaneceu íntegra por causa da sua maciez – e com sua voz suave o professor continuou explicando – Isso nos lembra de que na vida quanto mais dura for uma pessoa mais se desgastará e quanto mais flexível for mais se conservará.
O rapaz escutava tudo com muita atenção, ávido por aprender mais um ensinamento do mestre; não deixava passar nenhuma palavra.
- Então o segredo da longevidade está em desenvolver maciez e flexibilidade nos pensamentos e nas ações? – perguntou o jovem.
- Sim, meu filho! – responde, mais uma vez, o ancião – a dureza e o radicalismo nas atitudes desgastam a própria pessoa como, também, quem convive com ela; já a mansidão e a flexibilidade nos capacitam a superar os obstáculos da vida.
- Esta é a última lição que lhe dou: Tome cuidado para seu coração não endurecer por causa das pessoas ou dos problemas. Mantenha-se calmo e, sem deixar de ser você, procure encontrar meios para uma boa convivência, sem ferir e sem ser ferido.
Autor deconhecido.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Mais Poemas de ônibus

Novamente coloco poemas que li nos ônibus. Uma leitora achou graça ao me imaginar pulando de banco em banco, procurando os poemas para ler. Outra achou que eu tinha surrupiado o texto. Bem que eu gostaria. Mas, além de ser errado, ia privar outros leitores destes encantos de textos. Trago dois poetas diferentes, hoje. O de um é desabafo. Estaria decepcionado com a política, com a corrupção, com a violência, com a injustiça? Ou da forma como ele tem vivido até hoje?  É um brasileiro que não sabe se vai ter copa no Brasil? Não saberemos.
O outro tem uma resignação apropriada.
Leiam o primeiro poema em voz alta, como se estivessem bravos (as), revoltados (as).


DESABAFO.

Autor: Nilton Bobato.

Olhe para mim,
Pergunte quantas vezes
levei porrada.

Olhe para mim,
Pergunte quantas vezes
acordei suado.
Pergunte quantas vezes
sofri calado
chorei envergonhado.

Olhe para mim
Pergunte quantas vezes
tive vontade de crer
na justiça.
Pergunte quantas vezes
tive vontade
 de acabar
com este sistema.

Olhe para mim,
Pergunte quantas vezes
tive vontade de vencer.

Olhe para mim
Pergunte quantas vezes
tive vontade de gritar
e fiquei calado,
assustado,
com pena
chorando
tremendo,
fingindo.
Pergunte, cara.


O próximo poeta revela outro viés: a resignação diante de certas impossibilidades. Para que se revoltar, a vida é esta. Leiamos suas palavras.

Bruno Brum

Rabelais não leu Mishima.
Kafka não leu Drummond.
Flaubert não leu Bukowski.
Sólon não leu Petrônio.
Heródoto não leu Huidobro.
Racine não leu Augusto dos Anjos.
Victor Hugo não leu Kerouac.
Safo não leu Camões.
Luciano não leu Rimbaud.
Baudelaire não leu Freud.
Apuleio não leu Lautreámont.
Homero não leu Bashô.
Pessoa não leu Rosa.
Machado de Assis não leu Adorno.
Pound não leu Torquato.
Parmênides não leu Dante.
Oswald não leu Leminski.
Shakespeare não leu Maiakóvski.
Tsao Tsao não leu Peirce.
Odorico Mendes não leu Haroldo.
Cruz e Souza não leu Burroughs.
Gregório de Mattos não leu Verlaine.

A vida é assim mesmo.