Fazenda onde nasceu o blogueiro. Foto Luis Fernando Gomes

Fazenda onde nasceu o blogueiro. Foto Luis Fernando Gomes
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sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Superestímulos - Segunda Parte.

Como meus leitores são atentos, já devem ter lido a primeira parte. Agora passemos à segunda e última. Se vocês se distraíram, leiam a primeira. É muito importante.
Vamos examinar agora, mais detalhadamente, alguns exemplos de comportamentos disfuncionais causados pelos três mecanismos apontados acima.
Workaholicism
O homem batalhador é valorizado em todas as culturas como parceiro amoroso: essa característica é um sinal que ele vai conseguir alimentar e proteger a família. Trabalhar se torna disfuncional quando persiste após a garantia do conforto e da segurança da sua continuidade já ter sido atingida e esse padrão de comportamento continua a ser apresentado de forma exacerbada e a causar danos para si ou para terceiros.
Disfunções alimentares
A oferta de comida pelo meio ambiente muitas vezes era escassa e imprevisível. Naquela época não havia como armazenar e transportar grandes quantidades de alimentos. Por isso, tínhamos que comer bastante sempre que isso era possível para acumular gorduras para os tempos de pouca comida (reserva de energia para os tempos das vacas magras). Apesar de já termos inventado os meios de produzir e armazenar alimentos em abundância, muita gente ainda continua a comer tudo que pode como se a comida pudesse faltar logo em seguida. Além disso, os humanos inventaram os superestímulos alimentares: comidas supersaborosas e superbonitas.
 Certas pessoas também são pouco controladas pelas consequências retardadas do excesso de comida: além do prazer de comer ser imediato, você não incorpora os quilos imediatamente após comer.
Vício em pornografia
No nosso ambiente ancestral não existiam os meios que hoje possibilitavam a superexposição ao sexo. Esses meios foram inventados recentemente como os filmes pornôs que podem ser vistos continuamente, os closes nas imagens, os gemidos, as posições sexuais convidativas. Além disso, ficou fácil contornar as dificuldades para encontrar um parceiro que ofereça tais atrativos sexuais: sexo pode ser obtido por um preço relativamente baixo e é oferecido por mulheres muito bonitas e liberadas. Essas ofertas estão disponíveis em inúmeros sites na internet onde são apresentados fotos, vídeos e um menu de ofertas e seus respectivos custos.
Dismorfias
Aquele corpo feminino tão apregoado pela mídia que atrai os homens muitas vezes é um superestímulo produzido através de cirurgias plásticas, dietas artificiais, iluminação, maquilagem e Fotoshop. Muitas mulheres buscam desesperadamente esculpirem seus corpos para ficarem parecidos com os desses modelos.
Os homens também buscam, de forma insana, formatar seus corpos para que fiquem parecidos com os superestímulos masculinos que aparecem nos filmes de televisão e revistas especializadas. Nesta tentativa, fazem uso de academias e equipamentos especializados, complementos alimentares, hormônios e plásticas.
Horas excessivas na frente da televisão
Desde o início dos tempos gostamos de ouvir boas historias: todos os povos possuem os seus mitos e historias, sobre heróis ou deuses e suas sagas. A televisão e o cinema podem ser considerados como artefatos maravilhosos para contar histórias. Esses meios superaram os contadores de história: não precisamos imaginar os cenários e personagens: esta tudo ali na tela. A trilha sonora e os truques cinematográficos tornaram os relatos de história tão fantásticos que é preciso um grande esforço para sair diante da tela.
Vício em internet
Além de ter propriedades semelhantes à televisão, a internet ainda permite a interatividade e a produção de ações no mundo real (é possível marcar um encontro ou comprar um produto, por exemplo). A internet é uma grande novidade que nossos antepassados jamais imaginariam que se tornaria realidade. A internet também permite que pessoas anônimas interajam sem serem julgadas por muitas das suas deficiências e que se liberem de muitas de suas inibições. A internet é, portanto, um local onde somos expostos a superestímulos, podemos desenvolver aventuras e vivermos como super-heróis!




segunda-feira, 24 de outubro de 2011

SUPERESTÍMULOS E COMPORTAMENTOS DISFUNCIONAIS.

Éste é o título de um artigo de um psicólogo, Ailton Amélio, que li em um dia destes. Bastante curiosos e atuais estes conceitos, creio que vão ser de grande utilidade para todos nós.



Quase todas as pessoas apresentam pelo menos um tipo de comportamento disfuncional (comportamentos cujas consequências são prejudiciais, mas que persistem mesmo assim): muitas delas lutam contra o peso excessivo e vícios, trabalham demais, ficam tempo demais na frente à televisão, despendem boa parte da vida navegando na internet, compram exageradamente e criam uma verdadeira obsessão pelas suas formas corporais. Para verificar se você está apresentando alguns dos tipos mais comuns de disfunções de comportamento, responda às questões abaixo. Você:
- Malha demais para chegar a um tipo de corpo que dificilmente está ao seu alcance?
- Trabalha demais. Embora já tenha uma situação econômica boa e segura, continua trabalhando exageradamente. ("Você não trabalha para viver, mas vive para trabalhar")?
- Come de menos para chegar a aquele corpo supermagro de certas modelos?
- Malha demais para ter aquela musculatura do Schwarzenegger?
- Passa horas e horas por dia frente à televisão?
- Viciou em internet?
- Viciou em compras: compra além do que a sua situação econômica permite ou que você poderia usar?
- Viciou em sexo: gasta boa parte do seu tempo procurando novos parceiros e vendo pornografia e isso está colocando o seu trabalho e a sua vida familiar em risco?

Caso você tenha respondido positivamente a qualquer uma dessas perguntas, você provavelmente caiu em armadilhas que provocam comportamentos disfuncionais.
Vamos examinar aqui três mecanismos psicológicos que ajudarão a entender porque essas formas disfuncionais de comportamentos estão aparecendo cada vez mais freqüentes : superestímulos, pouco controle por consequências retardadas e ludibriação dos mecanismos de avaliação.
Estimulos liberadadores
Todos os animais somos preparados geneticamente para responder rápida e fortemente a certos estímulos ou situações e a nos afastarmos ou fugir de outras ("estímulos liberadores"). Por exemplo, a criança recém-nascida já reage apropriadamente a uma picada de injeção e às diversas substancias que são colocadas em sua boca (doce, azedo, amargo, etc.).
A nossa espécie evoluiu em circunstâncias bem diferentes das atuais: durante milhares de anos vivíamos em bandos constituidos por uma quantidade de pessoas que variava entre cem e mil. Éramos nômades e vivíamos da caça de pequenos animais e da coleta de frutas, raízes e vegetais. Os nossos instintos evoluíram para permitir a sobrevivência nestas circunstâncias. Essas evoluções ocorreram através de mutações genéticas aleatórias e seleção por este tipo de ambiente. O meio que vivemos mudou muito desde essa época e, além disso, o ser humano criou maneiras de enganar os mecanismos naturais que eram úteis para a sobrevivência no nosso ambiente original.
Um superestímulo é uma exacerbação dos “estímulos liberadores” que existem na natureza e que são eficientes para disparar ações apropriadas diante de ocorrências naturais. A boneca Barbie, por exemplo, foi construída para funcionar como um superestímulo: ela tem pernas exageradamente longas em relação ao cumprimento do restante do seu corpo, quando essa proporção é comparada com a das mulheres reais. Essa proporção é um sinal de maturidade sexual (nos bebês as pernas são mais curtas do que nos adultos, proporcionalmente ao restante do corpo). Ou seja, a Barbie tem as pernas de uma superfêmea. Outros exemplos de superestímulos:
O Mickey Mouse o Pato Donald têm um cabeção (proporção cabeça em relação ao restante do corpo) que é até maior do que o dos bebês. Por isso despertam muita atenção e simpatia.
- Superseios: obtidos através de plásticas e sutiãs que aumentam seus volumes e melhoram seus formatos.
- Ombreiras: para aumentar o tamanho dos ombros dos homens.
- Chapéus, cartolas, capacetes bem compridos para aumentar a altura (capacete da guarda inglesa e aqueles que o Papa usa em cerimônias, por exemplo).
- Açúcar refinado: para tornar os doces exageradamente saborosos e irresistíveis.
- Drogas viciantes: que podem produzir rapidamente percepções e sensações muito mais fortes e maravilhosas do que tudo que existe na natureza.
Pouco controle pelas consequências retardadas
O tempo que demora para que as consequências de nossas ações sejam percebidas pode variar desde uma pequena fração de segundo até muitos anos. Por exemplo: acionar o interruptor faz com que a luz acenda ou apague imediatamente. Fumar pode produzir câncer, que só será percebido alguns anos depois dessa ação.
Geralmente somos mais controlados pelas consequências imediatas do que pelas atrasadas. Além disso, sempre podemos imaginar que as atrasadas não acontecerão ou que consigamos lidar com elas, se surgirem. Por isso, muita gente age como se só houvessem consequências imediatas:  fumam , comem mal e em quantidades adequadas e transam sem proteção.
O controle por consequências retardadas precisa ser aprendido. No inicio da vida, se for permitido, a criança só age pelas consequências imediatas. Ela age assim porque não conhece as consequências retardadas e porque ainda não desenvolveu uma quantidade suficiente de resistência à frustração, o que é necessário para adiar a gratificação imediata. Muita gente nunca desenvolve direito este tipo de resistência e acabam vivendo para os prazeres imediatos e descuidam do futuro. Os procrastinadores, por exemplo são aquelas pessoas que seguem a máxima: “Não faça agora algo desagradável que você pode deixar para depois”. Outras pessoas desenvolvem demais esse tipo de resistência e nunca se permitem os prazeres do momento e estão sempre se sacrificando em nome de um futuro que não chega chamais.
Ludibriação  dos mecanismos de avaliação
No futuro os estudiosos olharão para a nossa época e ficarão estarrecidos com o estado de “escravidão soft” que estávamos submetidos: quantas horas de nossas vidas passávamos para adquirir coisas cujos valores eram ilusórios e não melhoravam o nosso bem estar. Na nossa época, constatarão, que havia pessoas especializadas em criar continuamente novas necessidades artificiais só para promoverem as vendas de produtos supérfluos!
Os propagandistas e os líderes iludidos ou mal intencionados persuadem seus seguidores de que certas ações são as mais justas, obterão as melhores consequências e evitarão os piores males. Os propagandistas, por exemplo, conseguem vender a ideia que ao beber um liquido açucarado, colorido e gaseificado, que nem é um superestímulo de gostosura, vai fazer você ficar parecido com aquelas pessoas lindas que estão nas propagandas e será visto como alguém que tem um estilo de vida semelhante ao delas. Nem a poção mágica do Shrek conseguiria produzir tantas transformações!
O mesmo acontece com os vendedores de sandálias, carros e outras bugigangas, cujos benefícios diretos são desproporcionais às importâncias que adquirem através das propagandas, de tal forma que você se sentira completamente por fora se não usá-los e possui-los! Os maus propagandistas vendem mais uma imagem do usuário de tais produtos do que os seus benefícios.




sábado, 22 de outubro de 2011

Curiosidades sobre alguns Grandes Homens.

Nada como um final de semana chuvoso para a gente ficar catando notícias para o blog. Como algo mais ameno e "light", vi estas considerações, que dei algumas mexidas e passo para meus leitores.

CURIOSIDADES SOBRE ALGUNS FILÓSOFOS E CIENTISTAS MUNDIAIS.

Aristóteles (384 a.C. – 322 a.C.)
O filósofo grego Aristóteles provavelmente foi primeiro nerd da história da humanidade. Para se ter uma idéia, seu apelido na escola era “O leitor”, devido à fome com que  lia e se cercava de livros.
Embora nunca tenha feito nenhuma descoberta, Aristóteles é apontado como o criador da biologia. Foi ele o primeiro a classificar os seres vivos de forma racional baseada nas características de cada animalzinho.
Aristóteles também acreditava na política como ferramenta capaz de assegurar a felicidade coletiva, cunhando a famosa frase: O Homem é um Animal Político. Claro que não se referia a esta política rasteira e partidária.
Ele também é conhecido mais por um discípulo famosos, Sócrates. A filosofia de Aristóteles foi tão importante que no seminário, estudávamos a filosofia “aristotélico-tomista”.  O Tomista se refere ao São Tomás de Aquino


Galileo Galilei (1564 – 1642)
Galileo sempre foi um aluno CDF, para usar a gíria estudantil, e viveu a maior parte de sua vida em Pisa e em Florença, na Itália.
O italiano era tão atrapalhado que costumava apontar o seu microscópio para o céu. É claro que ele não conseguiu ver muita coisa, mas aquilo lhe rendeu uma idéia.
De posse de uns “óculos especiais” aperfeiçoados por ele mesmo, Galileo conseguiu fazer descobertas astronômicas incríveis e de quebra inventar o termo "telescópio".
Uma das maiores realizações de Galileo foi a descoberta de que haviam luas ao redor de Júpiter, provando que nem todos os corpos celestes giravam em torno da Terra, como se acreditava naquela época.
Com ameaça de ir para a fogueira feita pela Igreja Católica – hoje tão defensora dos direitos humanos, mas responsável pela morte de milhões e milhões de pessoas - ele tentou amenizar suas frases, mas não deixou de dizer: “Mas ela – a terra – se move”.


Isaac Newton (1643 – 1727)
Com uma cabeleira de dar inveja a Marge Simpsons, o pequeno Newton vivia sendo zoado pelos colegas, que diziam que suas madeixas eram capazes de amortecer uma bigorna. No entanto, eles estavam errados.
Certa vez, ao sentar-se por baixo de uma macieira num jardim, uma maça bateu na cabeça de Newton, já adulto, fazendo com que ele não só sentisse o impacto, como, de alguma forma, ficasse ciente da força da gravidade.
Este pequeno acontecimento se tornou em umas das descobertas mais importantes da Ciência, permitindo ao homem entender como se formam as estrelas e os planetas e como eles se agrupam para formar as galáxias.

Thomas Edison (1847 – 1931)
Ao contrario de seus antecessores, Thomas Edison era um péssimo aluno que não parava quieto nas aulas e nunca fazia as lições de casa. Por conta disso, acabou expulso do colégio e foi educado por sua mãe.
Quando tinha 21 anos, Edison registrou o seu primeiro invento: uma máquina de votar pela qual ninguém se interessou.
Ao invés de ficar frustrado, ele prometeu que criaria uma nova invenção a cada dez dias, ou até conseguir produzir alguma coisa que prestasse.
Edison nunca chegou a atingir esse objetivo – de criar uma invenção a cada dez dias -, mas conseguiu registrar 2.332 patentes ao longo de sua vida, sendo considerado o maior inventor de todos os tempos.
Entre as suas maiores invenções, está a lâmpada incandescente, que aparece até hoje em cima da cabeça das pessoas quando elas têm uma grande idéia.

Albert Einstein (1879 – 1955)
Com visual de cientista maluco, Einstein foi uma das mentes mais brilhantes do século XX e responsável por estabelecer novos parâmetros para a ciência moderna, lançando uma maneira inovadora de se pensar o universo.
A teoria da relatividade publicada por Einstein afirma que tudo é relativo (não me diga?) e que o tempo passa mais lentamente quanto maior é a velocidade a que nos deslocamos (ok, isso é impressionante).
Uma lenda diz que Einstein teria sido reprovado em matemática quando era estudante. Entretanto, quando lhe mostraram um recorte de jornal com esta questão, Einstein riu e disse: “É uma grande bobagem”.
Muitas frases são atribuídas a Einstein, sobretudo no tocante a religião ou Deus. Uma vez mandou uma carta a Freud, cumprimentando-o pelo aniversário. Freud respondeu formalmente, mas acentuando que se impressionava pelo fato de ele, Einstein, não concordar com as idéias do pai da Psicanálise Talvez por ser mais novo e que suas idéias iam amadurecer, cutucou o austríaco. E desejava que Einstein vivesse tanto quanto ele, Freud. Não adiantou. Freud viveu mais tempo que Einstein .



terça-feira, 18 de outubro de 2011

VISÃO DE UM POETA SOBRE DEPRESSÃO

NÃO TENS DEPRESSÃO.  ESTÁS DISTRAIDO.

Este é o mote de um texto bem interessante de Facundo Cabral, um cantor/poeta argentino, que teve uma infância terrível na Tierra Del Fuego. Tornou-se marginal, foi para reformatório, fugiu e, depois, encontrou Deus nas palavras de um velho vagabundo chamado Simeão. Foi assassinado em Guatemala em Julho de 2011. Morreu aos 74 anos.
Ficou conhecido mundialmente e sua poesia nos traz beleza e admiração.
É bom ler o que um poeta poderá dizer sobre a depressão, saindo dos textos frios da psiquiatria. Vamos ao texto.

Não estás deprimido, estás distraído


Distraído em relação à vida que te preenche, distraído em relação à vida que te rodeia, golfinhos, bosques, mares, montanhas, rios.
Não caias como caiu teu irmão que sofre por um único ser humano, quando existem cinco mil e seiscentos milhões no mundo. Além de tudo, não é assim tão ruim viver só. Eu fico bem, decidindo a cada instante o que desejo fazer, e graças à solidão conheço-me. O que é fundamental para viver.
Não faças o que fez teu pai, que se sente velho porque tem setenta anos, e esquece que Moisés comandou o Êxodo aos oitenta e Rubinstein interpretava Chopin com uma maestria sem igual aos noventa, para citar apenas dois casos conhecidos.

Não estás deprimido, estás distraído

Por isso acreditas que perdeste algo, o que é impossível, porque tudo te foi dado. Não fizeste um só cabelo de tua cabeça, portanto não és dono de coisa alguma. Além disso, a vida não te tira coisas: te liberta de coisas, alivia-te para que possas voar mais alto, para que alcances a plenitude.
Do útero ao túmulo, vivemos numa escola; por isso, o que chamas de problemas são apenas lições. Não perdeste coisa alguma: aquele que morre apenas está adiantado em relação a nós, porque todos vamos na mesma direção. E não esqueças, que o melhor dele, o amor, continua vivo em teu coração.Não existe a morte, apenas a mudança.
E do outro lado te esperam pessoas maravilhosas: Gandhi, o Arcanjo Miguel, Whitman, São Agostinho, Madre Teresa, teu avô e minha mãe, que acreditava que a pobreza está mais próxima do amor, porque o dinheiro nos distrai com coisas demais, e nos machuca, porque nos torna desconfiados.
Faz apenas o que amas e serás feliz. Aquele que faz o que ama, está benditamente condenado ao sucesso, que chegará quando for a hora, porque o que deve ser será, e chegará de forma natural. Não faças coisa alguma por obrigação ou por compromisso, apenas por amor. Então terás plenitude, e nessa plenitude tudo é possível sem esforço, porque és movido pela força natural da vida. A mesma que me ergueu quando caiu o avião que levava minha mulher e minha filha; a mesma que me manteve vivo quando os médicos me deram três ou quatro meses de vida.
Deus te tornou responsável por um ser humano, que és tu. Deves trazer felicidade e liberdade para ti mesmo. E só então poderás compartilhar a vida verdadeira com todos os outros. Lembra-te: "Amarás ao próximo como a ti mesmo". Reconcilia-te contigo, coloca-te frente ao espelho e pensa que esta criatura que vês, é uma obra de Deus, e decide neste exato momento ser feliz, porque a felicidade é uma aquisição. Aliás, a felicidade não é um direito, mas um dever; porque se não fores feliz, estarás levando amargura para todos os teus vizinhos.Um único homem que não possuiu talento ou valor para viver, mandou matar seis milhões de judeus, seus irmãos.
Existem tantas coisas para experimentar, e a nossa passagem pela terra é tão curta, que sofrer é uma perda de tempo. Podemos experimentar a neve no inverno e as flores na primavera, o chocolate de Perusa, a baguette francesa, os tacos mexicanos, o vinho chileno, os mares e os rios, o futebol dos brasileiros, As Mil e Uma Noites, a Divina Comédia, Quixote, Pedro Páramo, os boleros de Manzanero e as poesias de Whitman; a música de Mahler, Mozart, Chopin, Beethoven; as pinturas de Caravaggio, Rembrandt, Velázquez, Picasso e Tamayo, entre tantas maravilhas.
E se estás com câncer ou AIDS, podem acontecer duas coisas, e ambas são positivas: se a doença ganha, te liberta do corpo que é cheio de processos (tenho fome, tenho frio, tenho sono, tenho vontades, tenho razão, tenho dúvidas). Se tu vences, serás mais humilde, mais agradecido... portanto, facilmente feliz, livre do enorme peso da culpa, da responsabilidade e da vaidade, disposto a viver cada instante profundamente, como deve ser.

Não estás deprimido, estás desocupado

Ajuda a criança que precisa de ti, essa criança que será sócia do teu filho. Ajuda os velhos e os jovens te ajudarão quando for tua vez. Aliás, o serviço prestado é uma forma segura de ser feliz, como é gostar da natureza e cuidar dela para aqueles que virão.
Dá sem medida, e receberás sem medida.
Ama até que te tornes o ser amado; mais ainda converte-te no próprio Amor.
E não te deixes enganar por alguns homicidas e suicidas. O bem é maioria, mas não se percebe porque é silencioso. Uma bomba faz mais barulho que uma caricia, porém, para cada bomba que destrói há milhões de carícias que alimentam a vida.


sábado, 15 de outubro de 2011

ABC de Arraes, Brizola e Crato

No dia dos Professores, uma postagem dedicada a eles, sobretudo a uma pessoa mestra  em Hisória.


Ressuscitando figuras políticas através de um texto meu escrito no longínquo ano de 1979. Uma pequena aula de história da política brasileira.


ABC
A de Arraes, B de Brizola e C de Crato


Talvez estas três palavras soem estranhamente para milhares de pessoas que, por um motivo ou outro, não participaram da revolução de 64. Graças à anistia, proposta por Geisel e consolidada por Figueiredo, e que tem sido chamada de pífia por muitos, e de aberta de mais, para outros, os grandes líderes que sobreviveram aos 15 anos de exílio estão voltando. Foram contestadores, líderes de ligas camponesas, políticos, estudantes e outros mais que, depois de uma longa temporada pelo exterior, estão de volta à terrinha. Dois entre eles se sobressaem, justamente por serem fundamentalmente políticos e por possuírem (ou terem possuído) um carisma invejável.
Os ventos da revolução ainda não sopravam na fria e pacata Mariana quando um seminarista, avançadinho para o seu tempo, assustava o retrógrado bispo da cidade “O meu tipo preferido é o Arraes, governador pernambucano” e o bispo retrucava: ele é comunista. Pelo sim ou pelo não, Arraes ficou muito tempo na Argélia e não pisou por aqui. Brizola, devido talvez ao seu  temperamento fogoso, teve uma história mais conturbada, cheia de altos e baixos até que se exilou nos Estados Unidos, país a que ele atacara furibundamente na época de seu poder pré-64.
A vinda dos dois líderes acabou se tornando diferente e, lamentavelmente para os seus adeptos, Brizola perdeu o primeiro “round” diante de Arraes. Este já afirmara que não se sentia bem em seus raros contatos com Brizola no exterior, pois o ex governador gaúcho lhe dava uma impressão de sofisticado, enquanto que ele, Arraes, se sentia um caipirão perto do “dono” do petebismo.
O “retiro” não fez muito bem a Brizola. Veio mais calminho, menos extremista, porém pouco diplomático. Esperando ter uma recepção das maiores de Foz do Iguaçu, ou mesmo no túmulo do cunhado, Jango e no de Getúlio, Leonel se decepcionou.
Alguns jornalistas, políticos amigos e alguns curiosos foram saudá-lo. Mas ele não arrastou multidões como se esperava. A visita demagógica aos túmulos dos ex-presidentes gaúchos não rendeu os benefícios esperados. Foi até mal visto, Maria Tereza Goulart a cunhada, e Denise, a sobrinha, não lhe pouparam críticas.
Sua viagem a Porto Alegre foi cancelada alguma vezes e só recentemente se deu. Brizola, inicialmente, falou mal do MDB e o Lula foi alvo de suas setas satíricas “Ele não sabe nada que se passou”. Como bom político, o líder dos metalúrgicos não quis dar muita “colher de chá” para o ex-governador. Brizola não vai conseguir grandes coisas com o seu PTB, já dividido com a pregação de Ivete Vargas.
Desconhecido do grande público, Miguel Arraes teve uma recepção sensacional no Rio de Janeiro quando suas palavras foram repetidas em coro. Ao contrário de Leonel Brizola, combateu e criticou as lideranças governamentais e afirmou que veio somar forças na oposição e que só depois de muito ouvir é que ia começar a falar. Carregado nos ombros, não pretendeu ficar gozando desta satisfação e partiu para visitar a família que não via há muito tempo. Família é algo importante para o brasileiro. Visitou a mãe, foi comer a sua comida preferida, a paçoca de carne seca, viu os sobrinhos, as irmãs e, o milagres dos milagres, comungou.
Um comunista comungando. Até o Jarbas Passarinho, líder do governo, se assustou com tal comportamento. E fez comício.
O comício tem o dom de atrair gente e mais gente, mas este do Arraes chegou a espantar até os jornalistas, desacostumados de tais fatos. Os números que os jornais deram variavam de 20 mil a cem mil pessoas presentes por lá. (O do Brizola nem teve número, foi inexpressivo). E o Arraes começou a se reunir com a oposição e com o líder sindical Luís Inácio da Silva. Logicamente, ele tende mais para o Partido dos Trabalhadores do que para o MDB, mas por enquanto ele fica com este último.
E finalmente o C de Crato. Quantas pessoas já conheciam de ouvir falar esta cidade no interior pernambucano? O cara voltou para as suas raízes, para o agreste do sertão e não ficou passeando aí das Cataratas até São Borja e Porto Alegre. Adivinha ganhará esta luta?

(Observações em 2011: Brizola tem um neto, parece, ainda inexpressivo politicamente. Neuzinha Brizola, depois de dar muito trabalho ao pai, morreu recentemente. Bem, a filha de Arraes acaba de ser eleita para uma função importante em Brasília. O neto é governador de Pernambuco, confidente de Dilma e possível concorrente de Aécio em 2014).


Mário Cleber Silva

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Histórias de Gurus

AS FLORES

Quando leio ou escuto histórias sobre monges budistas e mestres de filosofia oriental, lembro-me de duas, uma bem humorada e a outra, bem séria. Vejamos a séria.
O estadunidense, preocupado com o sentido da vida, procurou o mestre no alto da montanha (não sei porque gurus adoram o alto das montanhas), mas se espantou com a pobreza franciscana (sem ironia) da casa. Nenhum móvel. Indagado sobre isto, o mestre respondeu:
- E, você, onde estão as suas coisas?
- Ora – disse o estadunidense -, eu estou de passagem aqui.
- Eu também – disse o guru, encerrando o papo.

Agora a bem humorada: depois de subir com muito esforço a montanha (de novo!), o jovem acabou encontrando o mestre sentado na posição de lótus em cima de uma pedra.
- Mestre, o que é a felicidade?
- Uma almofada bem macia.
- Como?????
- Se você passar dez anos sentado nesta pedra dura,  você verá que a felicidade é mesmo uma almofada bem macia.

E, tchan, tchan, tchan, agora a historinha a respeito do título acima.

Em um antigo mosteiro budista um jovem monge questiona o mestre:
- Mestre, como faço para não me aborrecer? Algumas pessoas falam demais, outras são ignorantes. Algumas são indiferentes. Sinto ódio das que são mentirosas. Sofro com as que caluniam.
- Pois viva como as flores! - advertiu o mestre.
- Como é viver como as flores? - perguntou o discípulo.
- Repare nas flores - continuou o mestre - apontando os lírios que cresciam no jardim. Elas nascem no esterco, entretanto, são puras e perfumadas. Extraem do adubo malcheiroso tudo que lhes é útil e saudável mas não permitem que o azedume da terra manche o frescor de suas pétalas. É justo angustiar-se com as próprias culpas, mas não é sábio permitir que os vícios dos outros o importunem. Os defeitos deles são deles e não seus. Se não são seus,  não há razão para aborrecimento. Exercite, pois, a virtude de rejeitar todo mal que vem de fora. Isso é viver como as flores.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Sobre a Inveja

Numa mesma semana, este texto eu encontrei em dois lugares: no jornal e em um blog de outro psicólogo. Não é possível: o Universo quer que eu passe para meus leitores (olha como somos importantes, meus leitores e eu: o Universo está do nosso lado).  Ele vai falar de um assunto muito pertinente e comum: a inveja. Vejamos. (Os comentários entre parênteses são meus)

Conta a lenda que uma vez uma serpente começou a perseguir um vaga-lume. Este fugia rápido da feroz predadora, e a serpente não desistia. Primeiro dia, ela o seguia. Segundo dia, ela o seguia... No terceiro dia, já sem forças, o vaga-lume parou e falou à serpente:
- Posso te fazer três perguntas?
- Não estou acostumada a dar este precedente a ninguém, porém, como vou te devorar, podes perguntar - contestou a serpente.
- Pertenço a tua cadeia alimentar? Perguntou o vagalume.
- Não, respondeu a serpente.
- Eu te fiz algum mal?- Diz o vaga-lume.
- Não. Tornou a responder a serpente.
- Então por que queres acabar comigo?
- Porque não suporto ver-te brilhar.
REFLEXÃO:
Quantas vezes você já sentiu que algumas pessoas, apesar de você não ter feito nada que merecesse, o perseguem, frustram seus projetos, falam mal de você pelas costas, afirmam que suas idéias são ultrapassadas, que não tem futuro ou coisa assim? Ou simplesmente vão contra suas idéias, assim, na lata? (A propósito, sugiro ver um filme “bobinho”, mas que toca neste aspecto de inveja entre as mulheres: Missão Madrinha de Casamento).
Quantas vezes você percebe que outra pessoa adora rebaixá-lo, fazer chantagem emocional com você, fazer piada sobre suas atitudes, desejos ou enganos? (Um colega meu, de tanto me invejar, coloquei apelido nele de “fulano cotovelo”, tal a inveja. E nem precisava: era mais bonito(rs), mais inteligente, ganhava mais que eu).
Quantas vezes pessoas exageram nas comparações com outras pessoas, e fazem questão de menosprezar sua inteligência, elegância, sua delicadeza ou seu afeto?
Quantas vezes você já se perguntou por que determinada pessoa se preocupa tanto com você, em vez de cuidar da própria vida? (reveja o penúltimo parágrafo, parte final).
Pois é, sempre haverá uma serpente em nosso entorno, se incomodando como nosso brilho pessoal, e pior, tentando apagá-lo. (E olha que nosso brilho nem precisa ser uma “brstemp”).
É nossa obrigação aprender a ver esse acontecimento e barrar suas tentativas, seja falando  com ele sobre sua atitude, seja se afastando, seja até mesmo cortando relações. Não devemos nós, por qualquer motivo que seja, permitir que nosso brilho pessoal seja ofuscado por pequenas serpentes invejosas, incapazes e incompetentes, que por não conseguirem brilhar, precisam ofuscar quem brilha. Devemos continuar sendo autênticos, com plena humildade para reconhecer erros, mas não para se deixar anular, não para deixar que o brilho pessoal se apague.
(Tenho dito!))

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Assaltos no trânsito

Leitores, estou impressionado como as coisas não mudam neste Brasil. Trinta anos atrás, escrevi um texto-libelo contra os assaltos nos sinais de trânsito em São José do Rio Preto, uma cidade cinco vezes menor que Belo Horizonte. Os mesmos problemas que tinham lá, naquele tempo, ocorrem em Belo Horizonte. Deem (parece o que mudou no Brasil foi a ortografia, já que o "eem" não tem acento) uma olhada no texto, cheio de ironia, crítica e sarcasmo.

Socorro, guardas, socorro!
Estou sendo assaltado no farol



Espero não ter que gritar esta frase no meio da noite, quando as pessoas de bem, ou que não precisam trabalhar como porteiros, guardas noturnos, estão escondidinhas em suas casas, enfrentando o frio que veio em hora inoportuna. Não estou me referindo às multas que os guardas estão lascando em cima de descuidados ou descondicionados motoristas, que não respeitaram os novos sinais, luminosos ou não. Longe de mim tal aleivosia. Refiro-me a alguns casos que começaram a ocorrer em nossa antigamente tranquila cidade de São José do Rio Preto.
A avalanche de sinais que inundou a urbe neste últimos meses tinha por finalidade disciplinar o caótico trânsito e o motorista sabiamente despreparado que anda pelas artérias primárias e secundárias da cidade. A ausência de sinais prejudica, supostamente, o fluxo de veículos, provoca acidentes e traz prejuízos à população e à municipalidade. Os sinais estariam aí, então, para disciplinar. Entretanto, parece que tal coisa não tem ocorrido.
Primeiro foram os acidentes e batidas que aconteceram nos cruzamentos com sinais novos. Ninguém sabia se era para parar ou esperar. Os semáforos novos têm o dom de fazer o motorista pensar que é Vettel ou Hamilton, da Fórmula 1, e vir numa disparada, tentando aproveitar o amarelo. Outros não respeitam nem o vermelho. Deve ser algum comunista disfarçado que tem naquela cor o seu ideal de progresso. As pessoas, porém, foram pouco a pouco se acostumando e, como ocorre com os aumentos de carne, gasolina, correio, leite e tudo mais, engoliram e transformaram tudo em sua normalidade de vida. Era como se o sinal estivesse lá há anos. As inversões de ruas são naturais e até interessantes. As proibições de conversão são assimiladas e o único senão é que fazem consumir mais gasolina: são cem a duzentos metros a mais de consumo. Mas para que se preocupar com isto, se temos petróleo a rodo, ainda que o governo fique sonhando demais com o Pré Sal que vai produzir uma fantástica cifra de barris por dia, e o álcool está aí cheirando nas nossas narinas, mesmo com preços exorbitantes?
Se não são as multas dos guardas, o que me faz gritar socorro? É que as pessoas estão sendo assaltadas, à noite, quando param nos faróis. Sim, senhores, senhoras, senhoritas e senhoritos. Todo cidadão e cidadã obedientes, cumpridores e respeitadores das leis de trânsito, quando param nos sinais, são assaltados. E não é na famosa “calada” da noite, no meio da madrugada, não; e nem são notívagos contumazes os boêmios à caça de aventura amorosa. Nada disto. São professores e professoras. Mães e pais de família que, tendo que ganhar o pão dando aulas em distantes colégios, em bairros mal iluminados, voltam para casa, com o corpo cansado e a mente poluída pela ignorância de alunos (cultural e de civilidade) e outros mais de que têm a desagradável surpresa de se depararem com assaltantes de arma em punho que tiram seu dinheiro, sua bolsa, seu carro e, às vezes sua vida.
Um homem foi sequestrado numa madrugada quando parou no farol de uma certa Avenida. Era 1 hora. Ás 22 horas, uma professora foi assaltada em outra via, perto de um supermercado. Outros tiveram idêntica sina. O que fazer? Deixar de aulas? De trabalhar? De sair? Levar um revólver e dar um tiro na cara do assaltante? Desrespeitar os sinais e talvez ser multado por um guarda sádico escondidinho na esquina com o seu fatídico caderninho, ou que preicsa atingir a cota de multas que o Departamento de trânsito está cobrando? E onde estão os guardas, que, durante o dia, abundavam nos locais mais propícios a uma multa? O que é destes homens, que tem sua importância e devem ser respeitados, que não aparecem no silêncio da noite? Ou a eles não competiria a segurança dos automobilistas? Dever-se-ia apagar todos os sinais luminosos e deixar os motoristas entregues à própria sorte ou senha assassina?
Os sinais que vieram dar uma tranquilidade à população, motorizada ou não, transformaram-se em terror noturno, em pavor de ser assaltado, de sobressaltos diante de um vulto. Aumentaram ainda mais o nosso já hereditário medo de ladrões. Metamorfosearam-se em terríveis perigos para a própria vida. A nossa segurança, já ameaçada diante dos assaltantes de residência, trombadinhas e trombadões,  desaparece diante do sinal vermelho do semáforo. O negócio é dar no pé, ou ficar em casa, ou então ficar gritando e pedindo socorro aos guardas, pois quando estes vierem, pelo menos que multem os assaltantes que estão atrapalhando o fluxo normal dos veículos à noite. Multa neles, seu guarda!

Mário Cléber Silva

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

DESABAFO DE UMA CONSUMIDORA.

Em Belo Horizonte e em outras cidades brasileiras, as sacolinas dos supermercados estão proibidas. Ou você leva uma sacola para o supermercado ou terá que comprar uma ecologicamente produzida. (Há fortes rumores de interesses privados - e sujos - na origem destas proibições). Essa sacolinha é frágil e cara e o consumidor arca com o preço. Os supermercados ganham, pois não compram mais sacolinhas. Enfim, quem perde somos nós os consumidores. Aí surge aquele papo "ecochato" de nossa responsabilidade pelo "meio" ambiente. E o que diria uma idosa sobre a cobrança de um jovem caixa sobre a "responsabilidade" de nossa geração pelo "meio" ambiente.? Bem, este texto, eu o recebi via email.

Desabafo de uma senhora idosa  sobre a onda de "preservação do meio ambiente"

Na fila do supermercado, o caixa diz a uma senhora idosa, em tom de reprimenda:

" A Sra. deveria trazer suas próprias sacolas para as compras, uma vez que os sacos de plástico agridem o meio ambiente!".

A senhora pediu desculpas e disse:
“Não havia essa mania verde no meu tempo.”

O empregado respondeu:
"Esse é exatamente o nosso problema hoje, minha senhora. Sua geração não se preocupou o suficiente com  nosso meio ambiente!!! "

"Você tem certeza? - responde a velha senhora - nossa geração não se preocupou adequadamente com o meio ambiente? Vamos ver...

Naquela época, as garrafas de leite, garrafas de refrigerante e de cerveja eram devolvidas à loja. A loja mandava de volta para a fábrica, onde eram lavadas e esterilizadas antes de cada reutilização.Os fabricantes de bebidas usavam as garrafas milhares de vezes, até se quebrarem.

Realmente não nos preocupávamos com o meio ambiente no nosso tempo...

Subíamos as escadas, porque não havia escadas rolantes nas lojas e nos escritórios.

Caminhávamos até o comércio, ao invés de usar o nosso carro de 300 cavalos de potência a cada vez que precisamos ir a dois quarteirões.

Mas você está certo. Nós não nos preocupávamos com o meio ambiente....

Até então, as fraldas de bebês eram lavadas, porque não havia fraldas descartáveis.

Após serem lavadas,  a secagem das nossas roupas era feita por nós mesmos, não nestas máquinas bamboleantes de 220 volts. As energias solar e eólica, captada pelo varal no quintal, é que realmente secavam nossas roupas.

Os meninos pequenos usavam as roupas que tinham sido de seus irmãos mais velhos, e não roupas sempre novas.
Mas é verdade: não havia preocupação com o meio ambiente, naqueles dias...

Naquela época só tínhamos somente uma TV ou rádio em casa, e não uma TV em cada quarto. E a TV tinha uma tela do tamanho de um lenço, não um telão do tamanho de um estádio; que depois será descartado como?

Na cozinha, tínhamos que bater tudo com as mãos porque não havia máquinas elétricas, que fazem tudo por nós.

Quando embalávamos algo um pouco frágil para o correio, usamos jornal amassado para protegê-lo, não plastico bolha ou proteções  de isopor, que duram cinco séculos para começar a se degradar.

Naqueles tempos não se usava um motor a gasolina apenas para cortar a grama; era utilizado um cortador de grama  impulsionado pelo dono, o que exigia músculos. O exercício era extraordinário e ele não precisava ir a uma academia e usar esteiras que também funcionam a eletricidade.

Mas você tem razão: não havia naquela época preocupação com o meio ambiente...

Bebíamos água diretamente do filtro (de cerâmica), em copos de vidro ou alumínio,  quando estávamos com sede, em vez de usar copos plásticos e garrafas pet que agora lotam os rios e oceanos.

Nossas canetas tinteiro eram  recarregadas com tinta milhares de vezes ao invés de comprar uma outra. E não usávamos canetas BIC, era lápis mesmo.

Os homens usavam navalhas ou lâminas de aço do tipo "gilete",para barbear=se,  ao invés de usar e jogar fora  dezenas de  aparelhos 'descartáveis' e poluentes só porque a lámina ficou sem corte.
Na verdade, tivemos uma onda verde naquela época... Naqueles dias, as pessoas tomavam o bonde ou de ônibus e os meninos iam em suas bicicletas ou a pé para a escola, ao invés de usar a mãe motorizada, como um serviço de táxi 24 horas.

Tínhamos só  uma tomada em cada quarto, e não um quadro de tomadas em cada parede para alimentar uma dúzia de aparelhos eletro-eletôrnicos.

E nós não precisávamos de um GPS para receber sinais de satélite a milhares de quilômetros no espaço, só para encontrar a pizzaria mais próxima.

Então, não é risível que a atual geração fale tanto em meio ambiente, mas não quer abrir mão de nada e não pensa em viver um pouco como na minha época?"

A idosa poderia concluir:
E não me encha a sacolinha, pois ela arrebenta fácil.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

UMA CRÕNICA DE MARTHA MEDEIROS

Já comentei aqui no blog as crônicas de Martha Medeiros. Lida por 9 entre 10 mulheres, a escritora gaúcha teve bons momentos com suas crônicas. As antigas eram bem melhores do que as leio no momento em meu jornal diário. Uma amiga e leitora me enviou esta, já velha conhecida, mas bem interessante.  Cuidado com nossos sonhos exagerados. Se alguém já leu, não custa relê-la e relembrar os temas propostos.
FELICIDADE REALISTA


A princípio bastaria ter saúde, dinheiro e amor, o que já é um pacote louvável, mas nossos desejos são ainda mais complexos.
Não basta que a gente esteja sem febre: queremos, além de saúde, ser magérrimos, sarados, irresistíveis.
Dinheiro? Não basta termos para pagar o aluguel, a comida e o cinema: queremos a piscina olímpica e uma temporada num spa cinco estrelas. E quanto ao amor?
Ah, o amor… não basta termos alguém com quem podemos conversar, dividir uma pizza e fazer sexo de vez em quando.
Isso é pensar pequeno: queremos AMOR, todinho maiúsculo.
Queremos estar visceralmente apaixonados, queremos ser surpreendidos por declarações e presentes inesperados, queremos jantar a luz de velas de segunda a domingo, queremos sexo selvagem e diário, queremos ser felizes assim e não de outro jeito.
É o que dá ver tanta televisão. Simplesmente esquecemos de tentar ser felizes de uma forma mais realista.
Ter um parceiro constante pode ou não, ser sinônimo de felicidade.
Você pode ser feliz solteiro, feliz com uns romances ocasionais, feliz com um parceiro, feliz sem nenhum. Não existe amor minúsculo, principalmente quando se trata de amor-próprio.
Dinheiro é uma benção. Quem tem, precisa aproveitá-lo, gastá-lo, usufruí-lo. Não perder tempo juntando, juntando, juntando. Apenas o suficiente para se sentir seguro, mas não aprisionado. E se a gente tem pouco, é com este pouco que vai tentar segurar a onda, buscando coisas que saiam de graça, como um pouco de humor, um pouco de fé e um pouco de criatividade.
Ser feliz de uma forma realista é fazer o possível e aceitar o improvável.
Fazer exercícios sem almejar passarelas, trabalhar sem almejar o estrelato, amar sem almejar o eterno.
Olhe para o relógio: hora de acordar.
É importante pensar-se ao extremo, buscar lá dentro o que nos mobiliza, instiga e conduz, mas sem exigir-se desumanamente.
A vida não é um jogo onde só quem testa seus limites é que leva o prêmio.
Não sejamos vítimas ingênuas desta tal competitividade. Se a meta está alta demais, reduza-a. Se você não está de acordo com as regras, demita-se.
Invente seu próprio jogo. Faça o que for necessário para ser feliz. Mas não se esqueça que a felicidade é um sentimento simples, você pode encontrá-la e deixá-la ir embora por não perceber sua simplicidade. Ela transmite paz e não sentimentos fortes, que nos atormenta e provoca inquietude no nosso coração. Isso pode ser alegria, paixão, entusiasmo, mas não felicidade.