Fazenda onde nasceu o blogueiro. Foto Luis Fernando Gomes

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segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Freud e Eu: Psicologia e Comemoração.

Neste mês de Fevereiro a minha turma de psicologia e eu estamos comemorando 44 anos de ingresso na Universidade. Jovens idealistas, nos tornaríamos a oitava turma a se formar na Puc. Gosto muito de comemorações e de datas marcantes na minha vida. Comemoro até o dia em que entrei no seminário menor e o dia que recebi a batina. Então, para celebrar este momento nada como um artigo/crônica sobre Freud, o pai da Psicanálise, e que escrevi em meu livro. Quem já leu, vai recordar. Quem não leu, vai amar....

FREUD E EU

Não, não se assustem os leitores. Não sou tão velho assim para ter sido contemporâneo de Freud, ou mesmo de ser seu discípulo dileto. (Há coisa melhor de ser discípulo dileto de um mestre famoso?) Na verdade, meu contato com Freud se deu através de seus livros, de sua obra e de algum livro que falava sobre ele. E, para comemorar os meus 40 anos de psicólogo – que serão completados no final deste ano -, acho que seria bom falar dele e de mim (este narcisismo ainda me leva ao divã de psicanalista).
Para ser sincero, o meu primeiro contato com o pai da psicanálise se deu no final da década de 50 do século passado (atualmente, a imprensa falada e a televisada dizem “década de 1950”). Ainda não tinha 15 anos quando recebi um presente, não sei se de meu pai ou de meu tio, muito útil para a crise de adolescência: um livro sobre educação sexual. Seria um escândalo para os padrões moralistas da época se me pegassem lendo aquele livro “tão sem vergonha”; portanto lia-o no recôndito (bonito, né?) de meu quarto. E lá, falava de Freud. Naquela época eu lia “Frêudi” mesmo, e não “Fróid”, e , além do mais, eu pensava que era um psicólogo mineiro que devia estar fazendo misérias em Belo Horizonte, pois também falava numa Helena Antipoff, russa (ai que medo, cruzes, te esconjuro), que estava dando uma ajuda imensa aos deficientes mentais mineiros.
O meu pai, vendo o interesse que o livro me despertara e sabendo que era melhor eu me entreter com o livro do que com certas coisas ou certas partes, presenteou-me com “A Vida de Freud”, do biógrafo Jones. Só que não dava para lê-lo, pois era em inglês. Meu pai era muito esperto: além de me dar um livro de presente me espicaçou a curiosidade para aprender a minha primeira língua estrangeira.
Assim como Freud explicara que o ser humano passa por fases distintas em sua sexualidade – oral, anal , fálica e latência – assim também seria meu conhecimento sobre a psicanálise caso não fosse um acontecimento inusitado e abrupto: a ida para o Seminário. Ainda estava na fase oral do conhecimento e fui direto para a latência, pulando todas as outras: não se falava em Freud naquele santo educandário, alias, ele nem existia naquelas mentes juvenis abrigadas sobre aquele teto.  Também não dava nem para pensar em outras coisas, pois o banho frio, no verão ou no inverno, às 5:30 da matina, as orações, meditação, missa e estudar o dia todo, tudo isto favorecia a fase da latência.Daí talvez a raiz de todos os meus grilos.
Finalmente, consegui superar as amarras temporais  e cheguei ao Seminário Maior, de mentalidade mais aberta e com um grande número de livros que não eram proibidos.Foi nesta época que o livro de Görres (é um prazer usar o trema nesta palavra alemã), “Métodos e Experiência em Psicanálise”, me abriu as portas para a Psicologia e me fechou as que me levavam ad altarium Dei. E foi quando quase arrumei uma briga homérica no refeitório por analisar sonho em hora indevida. O colega tinha sonhado que o pai morrera e ele estava lá, todo solícito com a mãe. Para mim, neófito na interpretação dos sonhos, o Complexo de Édipo estava claro demais. Mas o “santo” jovem não aceitou – como era de se esperar, faço o “meã culpa”- que ele estaria “matando” o pai para ficar com a mãe. As explicações não foram suficientes para demovê-lo da intenção de contar ao reitor tal heresia. Claro, depois disto, não me restava outra alternativa do que dar no pé, pois aventava eu, naquela época, a hipótese de que todo seminarista deveria se submeter à psicanálise. A minha idéia pioneira poderia ter – olha o narcisismo aí de novo – diminuído a quantidade de críticas que se fazem hoje aos desmandos do clero, sobretudo na área da sexualidade. Porém, o bispo de minha diocese ficou furioso com minha petulância e me mandou passear no meio do ano (olha um sadismo explícito: perdi o ano escolar.) Saí pisando duro, e, como Santa Tereza d´Avila, sacudindo a poeira dos sapatos e falando baixinho: “Hei de vencer com Freud” (Uma profecia auto-realizável, ou seria autorrealizável?: acabei me aposentando como psicólogo.)
Freud – vamos falar dele agora – é engraçado. Além de falar da sexualidade infantil – ainda tabu nestes tempos bicudos de hoje – ainda tocava no tema da  bissexualidade.. Só mais tarde, na adolescência, ela iria procurar seu par. Hoje os conceitos estão muitíssimo misturados, com as inúmeras siglas em voga: GBLTT. A psicologia, que era a profissão escolhida por 9 entre 10 candidatas a Miss de antanho, é um mundo a ser descoberto e saboreado. Há dois casos na vida de Freud que valem a pena ser relembrados.
O primeiro se refere a um incidente com o pai. Como judeu, sofria perseguição e preconceito na Viena de 1860. Um dia, ao deparar-se com um goy (não judeu), este derrubou o chapéu do pai de Freud e mandou-o apanhar. Jacob, obviamente o nome do pai, não se fez de rogado. Pegou o “boné” e foi embora. Este fato transtornou a cabecinha de Freud. (Ainda bem que meu pai não usava chapéu).
O outro seria um tanto trágico. O autor de “A Interpretação dos Sonhos” tinha câncer na garganta (seriam os charutos? Uma vez falaram para ele que charuto lembrava muito o falo. Ele respondeu: às vezes um charuto é simplesmente um charuto. Além de tirar o dele da reta (estive tentado a cometer um lapsum linguae e escrever “reto”) , ele nos ensina a maneirar nas interpretações (está ouvindo, Clebinho?) e ter um pé na realidade). Bem voltemos ao câncer de Freud. Relutou, relutou , mas acabou se submetendo à cirurgia. Para que? Na enfermaria teve uma crise de respiração e não tinha médico nenhum por perto (será que existia Sus naquela época?) E ele não conseguia chamar ninguém para acudi-lo. O colega de infortúnio (enfermaria) era um “portador de sofrimento mental”. Vendo aquele agito todo, resolveu sair e chamar o doutor, que conseguiu chegar a tempo e salvar o pobre do Freud..
É isso aí.






quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Um assunto financeiro

São três as coisas importantes em nossa vida e que ninguém nos ensina: criar os filhos; como separar-se, e como se educar financeiramente. Neste último, quase todos somos um desastre. Recentemente, têm aparecido livros, consultores e analistas que tentam levar os leitores ou clientes a se posicionarem mais adequadamente neste ponto. De vez em quando, coloco aqui alguma coisa sobre este assunto.  Este tema é pertinente: a reserva de emergência. Não confundir com a aposentadoria.  A propósito, o leitor que me enviou  este texto tem menos de 50 anos e vive de juros, rendas. É um “rendista juramentado”.Vamos a ele.

Reserva de emergência: onde deve ficar o dinheiro?

Por: Flávia Furlan Nunes
InfoMoney
SÃO PAULO – Saber onde colocar o dinheiro para formar uma reserva de emergência é fundamental, para que ela não o deixe na mão quando você mais precisar. E, de acordo com especialistas, a palavra de ordem na escolha do investimento com esta finalidade é a liquidez.
De acordo com o professor de Finanças da Fiap, Marcos Crivelaro, é preciso colocar o dinheiro em uma modalidade que ofereça facilidade de resgate, como, por exemplo, a poupança, um fundo de renda fixa ou DI.
O educador financeiro Álvaro Modernell concorda: “Geralmente a poupança é a mais indicada, ainda que renda pouco, ou o Tesouro Direto. Ações não, porque oscilam muito. Se você precisar do dinheiro na baixa, pode perder no resgate”.
Quanto juntar?
A reserva de emergência deve ter um montante dependendo do vínculo empregatício da pessoa, segundo Crivelaro. Ele indica o volume de dois salários para profissionais assalariados – que contam com seguro-desemprego – e de quatro vezes o salário, no caso de profissionais autônomos - que têm oscilação nos ganhos, por
conta de sazonalidades.
Já Modernell indica o montante entre três e seis vezes o valor das despesas mensais. “Este é o valor ideal, mas poucos conseguem. Não é por isso que não vai tentar. Tem de tentar juntar pelo menos uma vez o salário”, afirmou.
E o prazo para isso pode ser longo. Isso porque, de acordo com os especialistas, a média que a população brasileira consegue guardar é de 10% a 20% do salário mensal. E são poucos os que chegam a isso.
“Obviamente que na cultura brasileira praticamente não sobra dinheiro, falta ou fica no zero a zero. Quem tem sobra não vai para a reserva de emergência. Reserva para uma finalidade, como comprar imóvel, carro, TV, computador”, afirmou Crivelaro, sobre a dificuldade de se guardar dinheiro sem um objetivo.
Função:
A reserva de emergência deve ser usada para situações que envolvem doença e vida e itens que não são previsíveis, como multas. “A ideia é a pessoa emprestar para ela mesma, mas a juro zero”, disse Crivelaro.

Segundo Modernell, a reserva é importante porque traz tranquilidade e evita despesas adicionais ou o fato de a pessoa ter de recorrer a recursos de terceiros para fechar as contas. E, normalmente, isso é feito com o cheque especial e o cartão de crédito, modalidades que podem sair caro.
Mas a reserva também está relacionada com algo positivo. “Ela pode ser usada para aproveitar oportunidades: um pacote de férias de uma semana barato e que tem de se pagar à vista ou ofertas de sites de compras coletivas”.
Risco:
De acordo com Modernell, a reserva de emergência deve ser o primeiro fundo a ser formado por uma pessoa, o qual deve ser reforçado com o décimo terceiro e a restituição do Imposto de Renda.

O importante, neste caso, é não confundir esse dinheiro com o da aposentadoria, por exemplo.
“São coisas bastante diferentes. É importante ter essa consciência. Na reserva, o atributo é a liquidez. Na previdência privada, é rentabilidade em longo prazo”, disse.



domingo, 20 de fevereiro de 2011

Sobre o filme Cisne Negro

Talvez o envelhecer está me deixando conservador (mais conservador?). A uma amiga que queria ver Cisne Negro, desaconselhei-a. O filme é maravilhoso. Mas o adoecer psicológico da personagem me pareceu terrível. Uma cena de sexualidade quase explícita também impressiona. Entretanto, li uma fantástica crítica ao filme. Achei por bem dar a vocês, leitores e seguidores, a oportunidade de lê-la. E agora, mudo meu conselho. Podem ir. Curtam.
Clarissa De Franco
Um encontro com a própria sombra
Cisne Negro é uma das obras sensíveis, delicadas e irretocáveis, que aparecem de vez em quando para nos lembrar de quão mágico o cinema pode ser em sua magnitude mais perfeita. Perfeição, aliás, é um dos temas centrais nos quais estão mergulhados a complexa protagonista Nina (Natalie Portman), sua dúbia mãe (Barbara Hershey), o ávido diretor de espetáculo Thomas (Vicent Cassel), a interessante antagonista Lily (Mila Kunis) e a ácida e amarga Beth (Winona Ryder).
A busca por perfeição no corpo, no balé, na sexualidade, no reconhecimento de seu trabalho e de sua marca faz com que Nina aprisione-se em um mundo doente, de sofrimento, onde sintomas psicóticos envolvendo indícios de transtorno alimentar, autoflagelação, e alucinações a atormentam, desafiando seus objetivos altos de se tornar a "Rainha do Cisne".
Nina (que nos lembra menina e no filme é acompanhada do jargão de "doce menina", ou "menina meiga") tem a rigidez necessária para tentar conter esses conteúdos assustadores de seu inconsciente. Por isso, apresenta-se como frígida, dura, incapaz de sentir. Mas a história evoca-lhe a coragem de enfrentar suas sombras, tarefa para a qual, em princípio, ela parece não possuir maturidade.
A história coloca lado a lado seu maior sonho e seu maior desafio: para obter o papel principal no famoso espetáculo O Lago dos Cisnes, e de quebra, além de obter reconhecimento por seu duro trabalho, conseguir a admiração definitiva de seu diretor, Nina teria que enxergar seus monstros e entender que perfeição vai além da brilhante execução técnica. Perfeição, diz o enredo, relaciona-se com viver algo com alma, deixar-se tomar pela experiência, ser arrebatado sem chance de reflexão, crítica. Sentir, viver com verdade e intensidade. A perfeição de um espetáculo deve aliar a técnica à paixão, a qual torna real o que seria apenas um personagem.

Encontro com o desconhecido
A menina Nina, envolta em bichos de pelúcia, caixinhas de música, cuidados invasivos da mãe, precisa deixar escapar o controle, perder-se em seu labirinto de emoções assustadoras para ver-se Negra, como o Cisne que não sabia interpretar, para então tornar-se mulher, com verdade, coragem, marcas, que afinal, fazem parte das histórias de todos nós, não é? Esse profundo processo fala de um encontro com a sombra, com tudo aquilo que se nega e desconhece em si.
No caso da protagonista, a sombra contém conteúdos projetados de sua mãe, que também quis ser bailarina quando jovem, mas desistiu do sonho para cuidar da filha. É como se Nina carregasse esse fracasso da mãe, que de certa forma a aprisiona em um mundo infantilizado e sob aparente controle. Entretanto, vê-se claramente o amor da mãe pela filha, mas esse amor é manifesto sob o crivo da doença, da loucura na qual ambas estão mergulhadas.
A mãe é a única que conhece alguns de seus segredos, como o fato de machucar a si mesma, de ferir sua pele. E o segredo entre as duas acaba tornando-se um elemento de manipulação da mãe, que evita que Nina cresça com a justificativa inconsciente de que sozinha ela não dá conta da pressão do mundo.
Ao se ferir, a garota encontra um meio de entrar em contato com seu próprio corpo, pois não consegue fazê-lo de outro modo. Tentou algumas vezes se tocar, entretanto era sempre interrompida tragicamente por uma interferência de seus pensamentos doentes ou pela figura de sua mãe repressora. Essas interferências ocorriam sempre que Nina tentava se soltar, fazer algo fora de seus padrões rígidos. São defesas, que tentam protegê-la do "ataque" do inconsciente.
O sangue, como elemento simbólico da vida e da morte, faz-se presente durante toda a narrativa, mostrando que se trata de um contato entre esses dois universos. O antagonismo entre o Cisne Branco e o Negro são facetas desse desafio de manter-se vivo, consciente dos limites do corpo.
Como se vê, o filme é altamente psicológico e apresenta o universo feminino em suas várias facetas. A "doce menina" frágil, medrosa, acuada diante das possibilidades do mundo, encontra a competitividade feroz e a necessidade de usar armas quando nem queria brigar. As bailarinas, a dança, a mãe, a opositora, a decadente substituída... Estamos falando de mulheres e de seu universo de inveja, obsessão, transtorno alimentar e de imagem, sedução... Um universo complexo cheio de labirintos.
Uma personagem que merece destaque é Lily, a suposta opositora de Nina, com quem disputa o papel principal. Suposta, pois no balanço dos fatos, Lily acaba tendo um papel altamente positivo do ponto de vista psicológico para Nina, pois faz com que ela entre em contato com aspectos muito mal elaborados de sua sexualidade, liberando seus instintos primitivos, como raiva, inveja, tesão, e até mesmo a vontade de matar.
Numa das cenas decisivas há um ferimento com um pedaço de espelho - aquele que reflete, que nos mostra quem somos e simboliza a coragem de assumir sua sombra, ir para a guerra com a força de quem faz o que for preciso para obter a vitória. É quando Nina encarna o lado negro de sua história e não mais vai para o palco representar o Cisne Negro. Ela vai ao palco SER o Cisne Negro. E sai, obviamente, ovacionada, pois finalmente entendeu e atingiu a perfeição. Realidade e loucura puderam, por segundos, se encontrar mais harmonicamente.
Palmas ao diretor Darren Aronovsky. Palmas à Natalie Portman, palmas a todo o elenco. Você, que ainda não viu, corra ao cinema, vestindo-se de coragem.
Psicóloga, astróloga, mestre em Ciências da Religião. Atua com pessoas em processo de luto, depressão e ansiedade. É professora universitária e possui artigos e livros publicados.




A APOSENTADORIA

Ah... a aposentadoria... Quantos de nós sonhamos com ela... E quando ela vem, às vezes, não sabemos fazer com ela. E este sonhar, este desejar, serão que não teria algo escondido: uma aversão ao trabalho ou, pior, uma redução em nossa capacidade cognitiva? Leiam este artigo e comecem a pensar não na aposentadoria, mas como se preparar intelectualmente para ela.

A aposentadoria pode também aposentar a memória



Um estudo publicado recentemente por dois economistas, com o título “Aposentadoria Mental” (Mental Retirement), tem intrigado os pesquisadores comportamentais. Os dados obtidos nos EUA e em vários países da Europa sugerem que quanto mais cedo uma pessoa se aposenta, mais rápido é o declínio da sua memória.
Uma implicação desse estudo, dizem os economistas e outros cientistas, é que a ideia do “use ou perca seu cérebro” parece realmente fazer sentido – se as pessoas querem preservar suas memórias e habilidades de raciocínio, elas terão que se manter ativas.
Uma hipótese que os economistas consideram plausível para explicar esse efeito é a de que os trabalhadores fazem mais exercício mental do que os aposentados porque o ambiente de trabalho é mais estimulante e desafiador em termos cognitivos.
Pesquisadores em outros estudos repetidamente descobrem que pessoas aposentadas em geral tendem a ser piores em testes cognitivos do que pessoas que ainda trabalham. Mas, eles ressaltam, também pode ser porque as pessoas que estão com suas habilidades de memória e raciocínio em declínio talvez se aposentem mais cedo do que as pessoas cujas habilidades cognitivas ainda estão afiadas.
De acordo com um dos autores do estudo, Robert Willis, professor de economia na Universidade de Michigan, o estudo só foi possível porque o Instituto Nacional de Envelhecimento (National Institute on Aging) dos EUA começou uma grande pesquisa há quase vinte anos atrás. Chamado de Estudo de Saúde e Aposentadoria (Health and Retirement Study), ele avalia mais de 22.000 americanos com idades acima de 50 anos a cada dois anos, e aplica testes de memória.
Isso levou os países europeus a começarem suas próprias pesquisas, usando perguntas similares para que os dados fossem comparáveis entre os países. Agora, de acordo com Willis, o Japão e a Coréia do Sul também começaram a aplicar a pesquisa em suas populações, e a China planeja começar a pesquisa no próximo ano.
As melhores médias no teste de memória foram dos EUA, Dinamarca e Inglaterra, enquanto as piores foram as da França, Itália e Espanha. E, examinando os dados dos diferentes países, os economistas notaram grandes diferenças de idade nas quais as pessoas se aposentam.
Nos EUA, Dinamarca e Inglaterra, onde as pessoas se aposentam mais tarde, de 65 a 70% dos homens com 60 e poucos anos ainda trabalhavam. Na França e Itália, essa proporção é de 10 a 20%, e na Espanha é de 38%. Com base nesses dados, os economistas encontraram uma relação direta entre a porcentagem de pessoas com idades de 60 a 64 anos de um país, que ainda trabalham, e seus desempenhos no teste de memória.
Apesar de o estudo ressaltar dados importantes, ele não consegue apontar quais aspectos do trabalho ajudam as pessoas a manterem sua capacidade de memória, nem se diferentes tipos de trabalho podem estar associados a diferentes efeitos nos testes de memória, já que nem todo tipo de trabalho é mentalmente estimulante. De qualquer forma, o estudo pode não ser conclusivo, mas é um ótimo começo para se estudar as relações de causa e efeito entre o trabalho e o desempenho cognitivo.
Enquanto aguardamos mais estudos sobre esse assunto, precisamos nos lembrar que uma vida rica em estímulos intelectuais, como a leitura e jogos para o cérebro, combinada com um estilo de vida saudável em termos de alimentação, exercícios físicos, sono, socialização e controle do estresse, é uma receita sem contra-indicações para garantirmos a saúde do nosso cérebro.






terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

A Segunda Carta de Pero Vaz de Caminha

Todos já leram ou ouviram falar da Primeira Carta do tal Pero Vaz, mas a Segunda? Tirando alguns curiosos, ninguém. Um dia, remexendo em um livro do sebo onde frequento, caiu-me nas mãos esta preciosidade. Como não sou egoista, passo para meus inúmeros leitores esta inédita carta. Reparem nas iniciais no final da carta. De quem seriam?

Segunda Carta de
Pero Vaz de Caminha
A D. Manoel,
Rei de Portugal

    Assim escrevia eu 511 aos atrás a V. Alteza, e agora, depois de um longo e tenebroso inverno, eu diria “verão”, já que nestas plagas não se faz inverno, venho contar a V. Alteza (repito o V.A, só po uma questão de puxassaquismo) as notícias desta terra, que tanto mudou nestes cinco séculos.
Primeiro, os índios (índias principalmente), que nos chamaram tanto atenção, ou andam escassos, ou desapareceram. Os escassos, ou estão trabalhando como mão-de-obra barata e vivendo vestidos e alimentados como se fossem brancos, aproveitando as tecnologias do momento e ganhando um dinheirinho extra ou vendendo madeira ou cobrando pedágio em Roraima (foi o que disseram), ou ainda permanecem em estado de barbárie, nus e sem contato com os missionários americanos (estes americanos. Teve uma missionária americana que acabou sendo assassinada e até hoje não descobriram os verdadeiros assassinos. Bem, pelo menos ela foi para o céu...) ou fizeram contatos imediatos de 3 º grau. Mas suas terras foram tomadas, e se vêem mais pobres e desnudas do que na época do seu achamento. Porém, se o problema for nudez, os habitantes desta ilha têm o costume de assim ficarem (ou quase) nas praias, piscinas e outros lugares. A depravação dos costumes galopa (desculpai-me) a bel-prazer.
Falei da beleza das praias, do arvoredo, do mar e do céu. Isto já não existe mais. Está tudo poluído. São manchas negras de petróleo no mar e nas praias. São pássaros que morrem sufocados como ar irrespirável. Florestas queimadas por fogo assassino. Árvores milenares derrubadas pela fome voraz dos novos conquistadores, que teimam em adentrar o país. E agora dizem que a natureza está vingando e tem caído tanta chuva em certos lugares que bairros inteiros desaparecem, e em alguns casos até cidades pequenas. Nas próprias cidades, grandes ou pequenas, megalópoles ou aldeias tudo está mudando e mudado. As pessoas já não conversam mais. Vêem, imbecializadas, um aparelho chamado televisão, que, de norte a sul, de leste a oeste, passa o mesmo programa, sem levar em conta as diferenças regionais. E tem um tal de BBB que há 11 anos Banaliza, Bestializa uma grande parte da população e emBurrece uma turma que consegue pensar um pouco acima da média.
Quando disse que aqui “em se plantando tudo dá”, foi força de expressão. E também eu não conhecia o Nordeste (uma terra terrível como o deserto, de um povo bravo e imbatível). Não conhecia o “inferno verde, o pulmão do mundo”, a Amazônia, onde há homensa que são donos de tanta terra que pode se tornar um país do tamanho de vários de nossa Velha Europa. Na verdade, as plantações são cíclicas ou “cífricas”, isto é, dependem das cifras em dinheiro que podem arrecadar. Por exemplo, tem época que plantam só feijão; outras só soja; outras, só café ( este, em cotação variável). E tem o problema da geada na época do calor, calor na época de inundação. De modo que vamos esquecer aquela frase (que ficou na História) sobre plantações. Há porém uma coisa que tem aumentado muito depois que começaram a plantar: a corrupção. E, nunca na história deste país houve tanta corrupção.
Vede bem, só recentemente resolveram fazer metrô nas duas mais antigas cidades, a de São Sebastião do Rio de Janeiro e a de São Paulo, do Padre Anchieta. E não é que nesta última está havendo crateras e mais crateras, derrubando prédios e gentes. Tem uma outra cidade, coitada, chamada de Belo Horizonte, que não consegue ter metrô há mais de 30 anos.E pensar que já no início do século passado  o metrô de Buenos Aires já funcionava. Por que será?  Vede o final do parágrafo anterior...
O custo de vida está pela hora da morte (ou a da morte está pela hora da vida), e duas coisas, a meu ver – estrangeiro nesta ilha- são as responsáveis: o petróleo, que é importado e que faz mover os carros (logo, logo, teremos mais carros que gente, mais motoristas que pedestres), e uma confusão danada entre os grandes impérios econômicos, que não se entendem, que andou provocando muita quebradeira em vários países. Aqui, não passou de uma “marolinha”, foi o que disse um homem barbudo autor da frase: nunca na história deste país. Não confundir com o Tiradentes.
Uma coisa que dá muito por aqui é banco. Como há bancos, sô!  (Desculpai-me a linguagem). Cáspite! É uma loucura. E os banqueiros estão em cima. Cada banco parece um templo: suntuoso, grande, onde se adora o deus dinheiro e o grande sacerdote ou grão-vizir, nesta época de árabes. E os nomes são quase todos estrangeiros.
E as religiões? Ah, proliferaram!... Que saudade do nosso tempo de católicos conquistadores! Agora não, temos de tudo: protestantes, espíritas, mórmons (adivinhai de onde? Esses americanos...) e outra de cunho africano (até que razoável, pois boa parte da população - se não toda- tem sangue negro nas veias) e, recentemente, asiático. Teve um criador de religião que está tão rico, mas tão rico, que tem filiais em todos os cantos do mundo.
Vossa Alteza certamente vai estranhar a brevidade desta carta em comparação com a primeira (já não se escrevem cartas como antigamente...). Não que me falte assunto (existem à mão cheia), mas o que anda curto é o tempo, pois não posso sobreviver só de escriba real. Tenho de ter outros bicos. Vou trabalhar de guarde de museu, vestido a caráter.
E “estou pegando o boi”, como dizem, pois o pessoal velho, chamado aqui de terceira idade, fica só esperando morrer. A não ser que seja ricaço. Aí fica no hospital para cima e para baixo, demorando mais e mais a entregar a alma ao criador.

    Respeitosamente, beijo a mão de Vossa Alteza, na impossibilidade de beijar outra coisa melhor.
                                                             Pero Vaz de Caminha
P.S.: Ainda gostaria de falar a Vossa Alteza sobre o problema do adubo de papel e de uma tal genética ou mesmo de uma sigla curiosa que andou aparecendo recentemente: GBLTT, mas não tenho tido muito tempo, como falei. Ou, mesmo, do trem-bala, que se vier mesmo, vai ser um verdadeiro “tiro pela culatra”. E que vai encher, nos os vagões, mas os bolsos de muita gente. Daqui a uns meses, ou anos, escreverei de novo.


(MCS)



quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Texto de Voltaire.

Tem se falado muito sobre tolerância diante dos diferentes, mas uma grande intolerância tem ocorrido no mundo todo: a religiosa. Creio que este texto de Voltaire poderá se útil.

 

Tratado sobre a tolerância  

“Não é mais aos homens que me dirijo. É a você, Deus de todos os seres, de todos os mundos e de todos os tempos: Que os erros agarrados à nossa natureza não sejam motivo de nossas calamidades. Você não nos deu coração para nos odiarmos, nem mãos para nos enforcarmos. Faça com que nos ajudemos mutuamente a suportar o fardo de uma vida penosa e passageira.
Que as pequenas diferenças entre as vestimentas que cobrem nossos corpos, entre nossos costumes ridículos, entre nossas leis imperfeitas e nossas opiniões insensatas, não sejam sinais de ódio e perseguição.
Que aqueles que acendem velas em pleno dia para celebrá-lo, suportem os que se contentam com a luz do sol.
Que os que cobrem suas roupas com um manto branco para dizer que é preciso amá-lo, não detestem os que dizem a mesma coisa sob um manto negro.
Que aqueles que dominam uma pequena parte desse mundo, e que possuem algum dinheiro, desfrutem sem orgulho do que chamam poder e riqueza e que os outros não os vejam com inveja, mesmo porque, Você sabe que não há nessas vaidades nem o que invejar nem do que se orgulhar.
Que eles tenham horror à tirania exercida sobre as almas, como também execrem os que exploram a força do trabalho. Se os flagelos da guerra são inevitáveis, não nos violentemos em nome da paz.
Que possam todos os homens se lembrar que são irmãos!’’
Fonte: “Tratado sobre a Tolerância’’ de Voltaire 1763

Voltaire era o pseudônimo de François-Marie Arouet. Ele foi ensaísta, escritor e filósofo iluminista. Suas idéias tiveram influência nos processos da Revolução Francesa e da Independência dos Estados Unidos. Nasceu em Paris, em 21 de novembro de 1694 e lá morreu, em 30 de novembro de 1778.

Frases célebres de Voltaire:
  • “A primeira lei da natureza é a tolerância, já que temos todos uma porção de erros e fraquezas.’’
  • “Pense por si mesmo e dê às outras pessoas o direito de fazer o mesmo.’’
  • “Eu discordo do que você diz, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-lo.”
  • “A ignorância afirma ou nega veementemente; a ciência duvida.’’
  • “Julgue-se um homem mais pelas suas perguntas do que pelas suas respostas.”
Uma anedota sobre Voltaire. Uns amigos chamaram-no para uma noite de farra: vinhos e mulheres. Ele foi e aproveitou. Chamaram-no de novo e ele respondeu:
Ir uma vez é conhecer, ser filósofo.
Duas vezes, é safadeza.
Si è vero, non lo so. Ma è bene probato. (desculpem-me os erros em Italiano)


sábado, 5 de fevereiro de 2011

Relações afetivas duradouras garantem a boa saúde mental

Tentei enviar um texto de Gikiovate, mas foi impossivel. Segue este, que também vai falar do amor.

 

Relações afetivas duradouras garantem a boa saúde mental

Relacionamentos de longo prazo podem ser bons para a saúde mental das pessoas e isso vale também para as que não são casadas.
A pesquisa, publicada no periódico British Journal of Psychiatry, mostrou que tanto homens quanto mulheres em relacionamentos com mais de cinco anos de duração são menos propensas a desenvolverem depressão, ter pensamentos suicidas ou envolvimento com álcool e outras drogas. E esses benefícios puderam ser observados em pessoas casadas ou não.
Relacionamentos de longo prazo podem ser bons para a saúde mental das pessoas e isso vale também para as que não são casadas
Estudos anteriores haviam focado no benefício para a saúde mental de casais em união formal. Mas os dados de pessoas que habitavam o mesmo teto (os “namoridos” e “namoridas”) ainda não haviam sido foco de nenhuma pesquisa até o momento. E foram esses dados que os pesquisadores da Universidade de Otago, na Nova Zelândia, buscaram conhecer.
A pesquisa foi feita com mais de mil pessoas, ou ainda, aproximadamente 500 casais com idades entre 25 e 30 anos, que viviam juntos ao menos por 12 meses. Esses indivíduos foram entrevistados para transtornos mentais (como depressão, ansiedade, síndrome do pânico, fobias e abuso de drogas lícitas ou ilícitas) e saúde em geral.
Os pesquisadores chegaram à conclusão de que quanto mais longo o relacionamento, menores as taxas de incidência para os transtornos mentais. Para se ter uma ideia, em torno de 15% das pessoas com média de 30 anos de idade e que não estão em um relacionamento mostram sintomas de depressão. Esse número cai para 9,8% nos indivíduos em relacionamentos com tempo de duração entre 2 e 4 anos e para 9,2% nas pessoas cuja relação dura mais de 5 anos.
No caso de abuso de álcool e outras drogas, a incidência gira em torno dos 12% nas pessoas de 30 anos solteiras e cai para 2,9% entre aquelas com relacionamentos mais longos (5 ou mais anos). A pesquisa foi controlada para fatores associados (como histórico familiar e transtornos mentais já instalados).
“Nosso estudo mostrou que uma relação com um parceiro por um longo tempo pode ser um fator protetivo para a saúde mental, aumentando essa proteção com o tempo. Isso pode ser devido à estabilidade financeira e ao apoio emocional em caso de problemas que esse tipo de relacionamento favorece”, indica Sheree Gibb, principal autora do estudo.
A pesquisadora afirma ainda que o status legal desses relacionamentos (estar ou não casados no papel) não determinou variações no impacto positivo do relacionamento na saúde mental. Esse resultado contrasta com outras pesquisas que haviam indicado que o casamento tinha efeitos protetores mais intensos que outros tipos de relação, finaliza a pesquisadora.




Sobre Relacionamento Amoroso

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Trabalho, Motivação e Gratificação.

MOTIVAÇÃO, CONFORMAÇÃO E SATISFAÇÃO NO TRABLHO.


Revendo alguns textos que lia na época que trabalhava em RH, descobri essas anotações sobre o trabalho. Em nossa cultura ocidental católica (não digo protestante, pois os calvinistas e luteranos têm uma percepção diferente), o trabalho é visto como punição e castigo. Quando Adão e Eva foram expulsos do paraíso, onde viviam no bem bom – segundo a Bíblia – Jeová, que não foi um deus bondoso, lançou uma praga: terão que trabalhar e comer o pão com o suor de seus rostos. Nem com margarina ou manteiga. Esta história foi tão marcante que durante séculos os católicos não trabalhavam e nem lidavam com dinheiro, deixando essas torpes ações para os escravos, pobres e judeus. Deu no que deu. Mas isto é só um exórdio às anotações..
Um conceito interessante e instigante sobre motivação encontra-se na obra de Frederick Herzberg sobre a gratificação no trabalho. Sua teoria se baseia em dois grupos de influência sobre a satisfação das pessoas:
a)      Fatores de Motivação
·         Realização Pessoal
·         Reconhecimento
·         Variedade e Autonomia na Execução do Trabalho
·         Responsabilidade
·         Oportunidade de Progresso.
b)      Fatores Higiênicos
·         Salários
·         Benefícios
·         Políticas de Pessoal
·         Ambiente Físico e Social
·         Relacionamento com os colegas
·         Qualidade supervisão.
A presença dos fatores higiênicos PREVINE A INSATISFAÇÃO. Não são motivadores, mas conformadores, isto é, promovem a conformidade das pessoas e não sua satisfação. Quanto maior sua presença, maior sua conformidade. Se existem estes fatores no trabalho, as pessoas não desejam sair. Mas se não existem, os empregados tendem a largar o seu ambiente de trabalho.
As grandes empresas promovem a conformidade de seus empregados pela presença de fatores higiênicos, mas nem sempre promovem a satisfação dos mesmos através daqueles cinco fatores de motivação que colocamos no alto da página.

SATISFAÇÃO COM O TRABALHO.

São duas as variáveis que levam à satisfação com o seu trabalho atual:
1)      Riqueza do conteúdo do trabalho atual. O trabalho é rico se apresentar estes 2 fatores:
a)      Variedade das tarefas e se são renovadas com freqüência.
(cuidado: não confundir variedade com multiplicidade – coisa comum hoje em dia)
b)      Autonomia de decisão, isto é, sem ter que fazer consulta prévia para quer que seja sobre:
·         Requisição de recursos para realizá-lo
·         Escolha das técnicas e ferramentas
·         Definição de prazos de cumprimento do trabalho
·         Escolha de critérios para consolidar os resultados aceitáveis.
2)      Disponibilidade de novos trabalhos ricos de conteúdo no ambiente em que a pessoa atua.
Disponibilidade (ou não) de novos trabalhos ricos de conteúdo e à sua escolha  e que possam realizar com o atual trabalho.

Como vêem, por isto é que as pessoas NÂO estão muito satisfeitas com o seu próprio trabalho.



terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Falando de Shakespeare

A VIDA (QUASE) SECRETA DE WILLIAM SHAKESPEARE



Adoro livros. E ainda mais quando ganho. É o presente de que mais gosto, depois do chocolate Lindt. Meus filhos têm o bom gosto de me dar livros de presente. E uma capacidade incrível de acertar nos títulos. Foi o que aconteceu neste final de ano. E é de um deles que vou falar: A Vida Secreta dos Grandes Autores.
Não se trata de um livro de fofocas sobre os escritores, mas que vem mostrar para o público que a vida destes  grandes escritores não foi nem tão primorosa, nem deslumbrante e nem tão edificante. Começando pelo maior escritor da língua inglesa: William Shakespeare. Acostumados com versos falando de amor romântico, do Romeu e Julieta, descobrimos que o escritor casou-se aos 18 anos com Anna Hathaway, de 26. E ela já estava grávida. O jovem Will não perdia tempo. Ainda teve gêmeos com a esposa. Mas não foi só com ela, não. Quando voltava de Londres, passava em determinada cidadezinha e era recebido por um amigo, cuja esposa devia ser mais “amiga”. E dali saiu mais um filho de Shakespeare, que puxou muito ao pai, no aspecto intelectual, tornando-se dramaturgo respeitado e poeta laureado, e ainda recebeu o nome de William. Como não havia exame de DNA, ficava uma dúvida no ar.
Shakespeare escrevia seu nome de diversas formas: Shagspere, Shakper, Shaxberd e Shakspere. Mas em seu testamento – e ele o fez – escreveu-o corretamente.
Há lendas de que era um trambiqueiro de marca maior: dava cano nos outros, não pagava os impostos e, emprestando dinheiro, cobrava como um leão. Não perdoava as dívidas.
Ele nasceu, viveu e morreu em Stratsford-upon-Avon. Uma cidade tranqüila, quase bucólica, plana, e onde podemos visitar a casa onde escreveu suas peças e o túmulo, onde, supostamente, descansam seus ossos. Com medo dos coveiros tirarem seus ossos e os jogarem numa capela mortuária – como era costume naquela época – Shakespeare deixou uma praga em sua tumba: “Abençoado o homem que poupar esses ossos e amaldiçoado seja aquele que mover os meus ossos”. Na dúvida, não mexeram com eles.
O futuro genro de Shakespeare, Thomas, era um sem vergonha de marca maior. Mesmo assim, o escritor deixou que se casasse com Judith sua filha. Mas ele aprontou tanto depois do casamento que Shakespeare tirou o nome do genro do testamento. Quando Shakespeare morreu, o genro foi acusado de assassinato. Não há evidência séria para isto, porém.
A casa de Shakespeare estava abandonada pelo governo inglês (assim como a casa onde morou Machado de Assis. Hoje é um restaurante e só tem uma plaquinha na parede) e um empresário de circo estadunidense (me recuso a escrever americano ou mesmo norteamericano) esteve quase comprando-a para levar para o seu país. A Inglaterra acordou na hora.
Há um mito muito difundido de que Shakespeare teria ajudado a traduzir a Bíblia de King James. Para corroborar esta história, o leitor pode pegar o Salmo 46, contar 46 palavras no início e 46 palavras no final e chegará às “mágicas” palavras shake e spear.. Outra lenda afirma que o escritor era um nobre italiano, fugido da inquisição espanhola, cujo nome era Michelangelo Crollalanzo. Outra história – esta não foi neste livro, mas em outra leitura que fiz- dizia que Shakespeare era português e seu nome real era Jaques Peare.
Alguns acadêmicos discutem a possibilidade de Shakespeare ser bissexual.  Ele escreveu 126 sonetos (não foi um, não. Foram 126) para um homem conhecido como Fair Youth ou Fair Lord.  E mais  – o danadinho –, a única edição dos sonetos publicados enquanto vivia foi dedicada a um misterioso Sr. W.H.”.  E em seu testamento, deixou um dinheirinho extra para três amigos. Talvez seja melhor não fazer testamento.
E para finalizar uma curiosidade: William Shakespeare morreu no dia de seu aniversário. Nasceu em 23 de junho de 1564 e morreu cinqüenta e dois anos depois. Não foi uma vida muito longa.